segunda-feira, 23 de março de 2015

Transtorno bipolar: quais são as armas para a luta?




Existem armas para lutar contra os sintomas da bipolaridade, o que torna melhor a vida do portador

No último artigo, falamos sobre os mitos em torno do transtorno bipolar. Hoje, apresentaremos algumas ferramentas úteis no enfrentamento e na convivência com esse transtorno que assola tantas pessoas e famílias nos dias atuais. Como verdadeiras armas, essas dicas poderão ajudar quem enfrenta, dia após dia, a batalha da bipolaridade:

1. Medicação – A medicação prescrita pelo médico assistente é importante e deve ser seguida criteriosamente. Ela é importante tanto para a estabilização do humor quanto para proteger o cérebro de degenerações e agravamentos da doença.

2. Psicoterapia – Terapia é fundamental. Uma boa abordagem pode auxiliar na harmonização de pensamentos, organização de relacionamentos e elaboração de novas estratégias para se enfrentar a enfermidade.

3. Psicoeducação – Conhecer a própria doença, entender melhor o seu padrão de humor e temperamento ajudam o paciente a enfrentar momentos de instabilidade de modo mais seguro e, consequentemente, obter maior sucesso no tratamento.

4. Hábitos de vida – A promoção de hábitos saudáveis e regulares de vida comprovadamente favorece a qualidade de saúde de forma geral. De modo particular, o portador de transtorno bipolar pode ser beneficiado com uma boa higiene do sono, uma rotina diária regular e a programação de suas atividades.

Unidos a essas armas há o apoio familiar que é, sem dúvida, essencial. Dentre tantas posturas e atitudes, algo muito importante que o cuidador, parente ou amigo pode fazer é ajudar na identificação de que os sinais de uma possível crise eventualmente se aproxima. Essa habilidade, desenvolvida a partir do conhecimento e da convivência podem muito ajudar, evitando danos e mantendo o quadro controlado por mais tempo.

Por fim, é preciso que o portador de transtorno bipolar tenha fé para que prossiga na luta diária pelo equilíbrio do humor. Não é fácil, mas seguindo aquilo que o Senhor oferece a partir do conhecimento humano e da firme esperança ancorada n’Ele, é possível, depois de muito lutar, finalmente vencer. E, então, poder repetir como São Paulo o canto dos vitoriosos: “Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé” (II Timóteo, 4-7).

Érika Vilela

domingo, 22 de março de 2015

Por que existe o sofrimento?




Se Deus existe, por que Ele permite tanta desgraça, especialmente com pessoas inocentes?

O sofrimento faz parte da vida do homem, contudo, este se debate diante disso. E o que mais o faz sofrer é o sofrimento inútil, sem sentido.

Saber sofrer é saber viver. Os que sofrem fazem os outros sofrer também. Por outro lado, os que aprendem a sofrer podem ver um sentido tão grande no sofrimento que até o conseguem amar.

No entanto, só Jesus Cristo pode nos fazer compreender o significado do sofrimento. Ninguém sofreu como Ele nem soube enfrentá-lo [sofrimento] e dar-lhe um sentido transcendente. Ninguém o enfrentou com tanta audácia e coragem como Cristo.

Há uma distância infinita entre o Calvário de Jesus Cristo e o nosso; ninguém sofreu tanto e tão injustamente como Ele. Por isso, Ele é o “Senhor do sofrimento”, como disse Isaías, “o Homem das Dores”.

Só a fé cristã pode ajudar o homem a entender o padecimento e a se livrar do desespero diante dele.

Muitos filósofos sem fé fizeram muitos sofrer. Marcuse levou muitos jovens ao suicídio. Da mesma forma, Schopenhauer, recalcado e vítima trágica das decepções, levou o pessimismo e a tristeza a muitos. Zenão, pai dos estóicos, ensinava diante do sofrimento apenas uma atitude de resignação mórbida, que, na verdade, é muito mais um complexo de inferioridade. O mesmo fez Epícuro, que estimulava uma fantasia prejudicial e vazia, sem senso prático. Da mesma forma, o fazia Sêneca. E Jean Paul Sartre olhava a vida como uma agonia incoerente vivida de modo estúpido entre dois nadas: começo e fim; tragicomédia sem sentido à espera do nada definitivo.

Os materialistas e ateus não entendem o sofrimento e não sabem sofrer; pois, para eles o sofrer é uma tragédia sem sentido. Os seus livros levaram o desespero e o desânimo a muitos. ‘O “Werther”’, de Goethe, induziu dezenas de jovens ao suicídio. “’A Comédia Humana”’, de Balzac, levou muitos a trágicas condenações. Depois de ler ‘“A Nova Heloísa’”, de Rosseau, uma jovem estourou os miolos numa praça de Genebra. Vários jovens também se suicidaram, em Moscou, depois de ler ‘“Os sete que se enforcaram”’, de Leonid Andreiv.

Um dia Karl Wuysman, escritor francês, entre o revólver e o crucifixo, escolheu o crucifixo. Para muitos, essa é a alternativa que resta.

Esses filósofos, sem fé, levaram muitos à intoxicação psicológica, ao desespero e à depressão, por não conseguirem entender o sofrimento à luz da fé.

Quem nos ensinará sobre o sofrimento? Somente Nosso Senhor Jesus Cristo e aqueles que viveram a Sua doutrina. Nenhum deles disse um dia: “O Senhor me enganou!” Não. Ao contrário, nos lábios e na vida de Cristo encontraram força, ânimo e alegria para enfrentar o sofrimento, a dor e a morte.

Alguns perguntam: “Se Deus existe, por que Ele permite tanta desgraça, especialmente com pessoas inocentes?”.

Será que o Todo-poderoso não pode ou não quer intervir em nossa vida ou será que não ama Seus filhos? Cada religião dá uma interpretação diferente para essa questão. A Igreja, com base na Revelação escrita e transmitida pela Sagrada Escritura, nos ensina com segurança. A resposta católica para o problema do sofrimento foi dada de maneira clara por Santo Agostinho († 430) e por São Tomás de Aquino († 1274): “A existência do mal não se deve à falta de poder ou de bondade em Deus; ao contrário, Ele só permite o mal porque é suficientemente poderoso e bom para tirar do próprio mal o bem” (Enchiridion, c. 11; ver Suma Teológica l qu, 22, art. 2, ad 2).

Como entender isso?

Deus, sendo por definição o Ser Perfeitíssimo, não pode ser a causa do mal, logo, esta é a própria criatura que pode falhar, já que não é perfeita como o seu Criador. Deus não poderia ter feito uma criatura ser perfeita, infalível, senão seria outro deus.

Na verdade, o mal não existe, ensina a filosofia; ele é a carência do bem. Por exemplo, a doença é a carência do estado de saúde; a ignorância é a carência do saber, e assim por diante.

Por outro lado, o mal pode ser também o uso errado de coisas boas. Uma faca é boa na mão da cozinheira, mas na mão do assassino… Até mesmo a droga é boa, na mão do anestesista.

O Altíssimo permite que as criaturas vivam conforme a natureza de cada uma; permite, pois, as falhas respectivas. Toda criatura, então, pelo fato de ser criatura, é limitada, finita e, por isso, sujeita a erros e a falhas, os quais acabam gerando sofrimentos. Assim, o sofrimento é, de certa forma, inerente à criatura. O Papa João Paulo II, em 11/02/84, na Carta Apostólica sobre esse tema disse: ““O sentido do sofrimento é tão profundo quanto o homem mesmo, precisamente porque manifesta, a seu modo, a profundidade própria do homem e ultrapassa esta. O sofrimento parece pertencer à transcendência do homem”” (Dor Salvífica, nº 2). “De uma forma ou de outra, o sofrimento parece ser, e de fato é, quase inseparável da existência terrestre do homem” (DS, nº 3).

Felipe Aquino

sábado, 21 de março de 2015

Cultive suas amizades verdadeiras



As amizades verdadeiras produzem um amor que vem da alma

“Há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam, mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre” (Cecília Meireles). As pessoas que nos marcam para sempre chamamos de amigos.

O que você acha de visitar um parque de diversões sozinho? Você vai gritar na montanha russa e não terá ninguém para gritar com você. Vai rir no trem fantasma e não haverá outro riso junto ao seu. Imagine-se sempre sozinho. Os passeios são agradáveis, os lugares são bons e as coisas são boas, porque há pessoas conosco. O bom não é o lugar, mas a companhia dessas pessoas que simplesmente aparecem em nossa vida e nos marcam para sempre.

Lendo alguns textos sobre amizade, deparei-me com o convite acima e fiquei imaginando todos os lugares que vou sem a companhia de alguém. Seja qual for a circunstância, tudo se tornará mais leve se estivermos bem acompanhados, amorosamente acolhidos por um amigo ou por alguém que ocupa uma função importante em nossa vida e conseguiu estabelecer amizade conosco.

O mundo está tão veloz que o novo formato de amizade não espera, não perdoa, não insiste, não aprende, não ensina e não entende que a verdadeira amizade é a esperança dos tempos atuais. A tecnologia avança nos mais diversos setores, mas tem trazido várias consequências. Escreve o Papa Francisco, na Exortação Apostólica ‘A Alegria do Evangelho‘, pag. 47, “que a maior parte dos homens e mulheres do nosso tempo vive o seu dia a dia precariamente, com funestas consequências: aumentam algumas doenças, o medo e o desespero apoderam-se do coração de inúmeras pessoas, a alegria de viver frequentemente se desvanece. Crescem a falta de respeito e a violência, a desigualdade social torna-se cada vez mais patente. É preciso lutar para viver”.

É justamente em meio a essas consequências que os verdadeiros amigos precisam ocupar um espaço em nossa vida, pois eles nos devolvem a alegria mesmo em tempo ruim. Passar pela tempestade acompanhado de pessoas que querem estar em nossa companhia é muito bom!

A vida que a cultura atual impõe não nos reserva tempo para fortalecer vínculos nem amadurecer as amizades. Tem-se feito amigo da noite para o dia sem nenhuma profundidade de relacionamento. O modelo das relações líquidas nos envolveu a tal ponto, que convivemos com a ideia de que todos se amam, todos são amigos e ninguém se conhece. Por isso é tão importante que os amigos se visitem, compreendam-se, aprendam a suportar seus bicos, seus erros e a se perdoar.

Arriscar-se por um amigo é sentir-se comprometido com a amizade, é sentir necessidade de sair de casa para visitá-lo e levar-lhe rosas. As pessoas estão ficando em casa, de portas e janelas fechadas, porque não cultivam suas amizades, não recebem mais visitas. Os amigos passaram. Que tristeza! Vivem de lembranças. E parece que a ausência de um ombro amigo está acontecendo em todas as esferas, quer seja familiar, religiosa, profissional ou social. Ops! Estamos falando de nós mesmos? O que está nos faltando para termos e sermos bons amigos?

Antigamente, fim de tarde, sol se pondo, era comum ver os pais sentados à porta de casa esperando seus amigos voltarem do trabalho. Eles visitavam seus compadres e levavam seus filhos para pedir a bênção a eles. Caso adoecesse algum amigo, eles eram os primeiros a chegar para socorrê-los. E hoje? Será que nos faltam esses bons modelos? A Palavra de Deus nos apresenta uma amizade que nos motiva a sair de nós mesmos e fazer o movimento de lutar por ela. A Palavra descreve a relação de Jônatas e Davi como um grande exemplo de amizade, que nasceu de um momento de angústia.

A alma de Jônatas, conta a Escritura, ligou-se à alma de Davi, porque precisava fortalecê-lo nos momentos de angústia e solidão. Então, Jônatas despiu-se de suas vestes reais, na presença de Davi, manifestando a mais profunda amizade por ele. Atitude bem semelhante à de Cristo. Por amor à humanidade, permitiu que Suas vestes fossem rasgadas e que Sua carne fosse cravada. Cristo se aliançou com a humanidade nesse momento. Ele fez uma aliança de amor para salvar o Seu povo. Jesus nos chama de amigos: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer” (Jo 15,15). Jônatas se aliançou com Davi por amor, o qual já trazia consigo um comportamento dócil para fazer amizade, por ser um homem gentil e por fazer amigos facilmente. Até quando estava na caverna, conseguiu fazer amigos.

Concorda a Palavra, no Livro de 1 Samuel 16,18b, que a amizade feita por Davi, na caverna, fez com que ele se sentisse apoiado diante de homens de sua confiança. Contudo, nenhum deles tinha o amor e a fidelidade igual a de Jônatas.

Jônatas não deixou que o ódio e a inveja de seu pai o contaminassem. Ele usou do discernimento para ser amigo de um rei. Agradar ao Senhor, nessas circunstâncias, seria conservar, da melhor forma possível, a sua amizade com Davi. Portanto, a amizade entre eles era autorizada por Deus. Queria o Senhor que eles fossem amigos, e Jônatas e Davi fizeram uma aliança.

Em I Sm 18,4, “Jônatas despojou-se da capa que trazia sobre si e a deu a Davi, como também as suas vestes, até a sua espada, o seu arco, o seu cinto, o seu título”. Do cansaço de Jônatas descansou Davi.

Considera-se que nenhuma amizade seja tão marcante na Bíblia quanto a cumplicidade de Jônatas e Davi, a qual, ainda hoje, é criticada pela sociedade moderna. Compreende-se essa deturpação pela baixa frequência de relacionamentos fiéis de confiança e de amor entre pessoas do mesmo sexo. Amigos que produzem um amor que vem da alma. Nem os pais amam mais assim, nem os filhos nem os irmãos. A competição e a indiferença tomou conta das relações. A profundidade do vínculo estabelecido foi fortalecido por conta do agir de Jônatas no mundo de Davi. Este, por sua vez, modificou-se pelas consequências das ações do amigo. Jônatas o protegeu da morte; não cedeu aos caprichos e vaidades do seu próprio pai, o Rei Saul; renunciou à possibilidade de conquistar o maior título daquela época, viveu as consequências de ter se tornado o escolhido por Deus para ser amigo de Davi. Tanto este quanto Jônatas agiram sobre o mundo um do outro provocando as mudanças necessárias para a realização dos propósitos do Senhor. Os dois quiseram que a amizade que os unia se prolongasse e fosse verdadeira.

Hoje, as amizades começam, mas não duram. É necessário estar disposto a pagar um preço por uma amizade, principalmente se ela traz sinais do consentimento de Deus para sua existência. É importante sentir-se apto a cultivar uma amizade e a fraternidade com alguém merecedor do seu amor e da sua confiança. Davi reconheceu o valor do amor de Jônatas por ele. Diz a Palavra que quando este morreu, Davi lamentou a sua partida. Precisamos lamentar a partida de um grande amigo e se alegrar com sua chegada.

Deus abençoe os nossos amigos! Que possamos amar como Jônatas e sermos dóceis como Davi para atrairmos bons amigos.

Judinara Braz

sexta-feira, 20 de março de 2015

Sintomas de uma aridez espiritual




Há momentos na vida que tudo está perfeitamente bom; outros apresentam-se nebulosos

Quando menos esperamos, as tempestades chegam. O vento forte parece arrancar-nos da segurança que antes havíamos experimentado, mas basta uma linda manhã com céu azul para percebermos que a tempestade se foi e deixou atrás de si um grande trabalho de reconstrução.

Nossa vida espiritual passa por esse mesmo processo. Há momentos em que conseguimos fazer uma linda experiência com o amor de Deus. Oramos e sentimos a presença d’Ele ao nosso lado em muitos momentos de nossa caminhada espiritual. Contudo, há tempos em nossa vida de oração que o Senhor parece estar longe de nossa presença.

No campo da espiritualidade, chamamos esses momentos de “aridez espiritual”.Caminhamos sob o sol escaldante da incerteza e buscamos um Oásis que nos sacie com a Água da Vida, e assim nos devolva a certeza de antes, a qual havíamos perdido.

Nossa vida espiritual e de oração não são estáveis; ao contrário, são instáveis. Poderíamos compará-las a um gráfico com altos e baixos. Há momentos em que tudo está perfeito e sentimos Deus com todo o nosso ser. Em outras ocasiões, não conseguimos percebê-Lo ao nosso lado.

Quando muitas pessoas entram no processo de enfrentar, na vida de fé, um deserto espiritual, desesperam-se. Não conseguem compreender que a vida de oração é um caminhar constante. Somos eternos peregrinos em busca de Deus.

Olhando sob outra perspectiva, os desertos espirituais são importantes para nossa vida de oração. Se os nossos momentos de oração fossem estáveis, correríamos o risco de nos acostumarmos e entrarmos no comodismo espiritual; e então a monotonia tomaria conta do nosso ser. Mas quando surge, na vida, um momento de aridez, tomamos consciência de que as dificuldades são necessárias para o nosso crescimento humano e espiritual. E assim somos obrigados a nos desinstalar e sair em peregrinação em busca d’Aquele que pode saciar todas as nossas mais profundas sedes.

Quem enfrenta uma aridez espiritual terá de caminhar em busca do oásis, no qual se encontra o próprio Deus. Encontrando-O, redescobriremos a alegria do encontro. No entanto, há muitas pessoas que desanimam na travessia dos desertos espirituais da vida e estacionam no meio da caminhada. Uma vez estacionadas, perdem o ânimo e não conseguem chegar à Fonte da Vida. Perdem-se em si mesmas e em seus próprios medos.

Na vida de oração, não fazemos a experiência de Deus somente nos momentos bons. O Senhor também se mostra presente quando não sentimos Sua presença conosco. Na travessia do deserto, é o próprio Deus quem caminha ao nosso lado, segurando nossa mão e dizendo ao nosso coração: “Não tenha medo, pois eu estou com você. Não precisa olhar com desconfiança, pois eu sou o seu Deus. Eu fortaleço você, eu o ajudo e o sustento com minha direita vitoriosa” (Is 41,10).

Padre Flávio Sobreiro - Padre da Arquidiocese de Pouso Alegre – MG

quinta-feira, 19 de março de 2015

O nosso pai São José



Não é sem razão que a Igreja, no meio da Quaresma, tira o roxo no dia 19 de março e coloca o branco na liturgia, para celebrar a festa de São José, esposo da Virgem Maria. Entre todos os homens do seu tempo, Deus escolheu o glorioso São José para ser pai adotivo de seu Filho divino e humanado. E Jesus lhe era submisso, como mostra São Lucas. 

Santo Gertrudes (1256-1302), um grande místico da Saxônia, afirmou que “viu os Anjos inclinarem a cabeça quando no céu pronunciavam o nome de São José”.

Santa Teresa de Ávila (1515-1582), a primeira doutora da Igreja, a reformadora do Carmelo, disse: “Quem não achar mestre que lhe ensine a orar, tome São José por mestre e não errará o caminho”. E declarava que em todas as suas festas lhe fazia um pedido e que nunca deixou de ser atendida. Ensinava ainda que cada santo nos socorre em uma determinada necessidade, mas que São José nos socorre em todas.

O Evangelho fala pouco de sua vida, mas o exalta por ter vivido segundo “a obediência da fé” (cf. Rm 1,5). Deus nos dá a graça para viver pela fé (cf. Rm, 5,1.2; Hb 10,38) em todas as circunstâncias. São José, um homem humilde e justo, “viveu pela fé”, sem a qual “é impossível agradar a Deus” (cf. Hab 2,3; Rm 1,17; Hb 11,6).

O grande doutor da Igreja Santo Agostinho compara os outros santos às estrelas, e São José ele o compara ao Sol. A esse grande santo Deus confiou Suas riquezas: Jesus e a Virgem Maria. Por isso, o Papa Pio IX, em 1870, declarou São José Padroeiro da Igreja Universal com o decreto “Quemadmodum Deus”. Leão XIII, na Encíclica “Quanquam Pluries”, propôs que ele fosse tido como “advogado dos lares cristãos”. Pio XII o declarou como “exemplo para todos os trabalhadores” e fixou o dia 1º de maio como festa ao José Trabalhador.

São José foi pai verdadeiro de Jesus, não pela carne, mas pelo coração; protegeu o Menino das mãos assassinas de Herodes o Grande, e ensinou-lhe o caminho do trabalho. O Senhor não se envergonhou de ser chamado “filho do carpinteiro”. Naquela rude carpintaria de Nazaré Ele trabalhou até iniciar Sua vida pública, mostrando-nos que o trabalho é redentor.

Na história da salvação coube a São José dar a Jesus um nome, fazendo-O descendente da linhagem de Davi, como era necessário para cumprir as promessas divinas. A José coube a honra e a glória de dar o nome a Jesus na Sua circuncisão. O Anjo disse-lhe: “Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1,21).

A vida exemplar desse grande santo da Igreja é exemplo para todos nós. Num tempo de crise de autoridade paterna, na qual os pais já não conseguem “conquistar seus filhos” e fazerem-se obedecer, o exemplo do Menino Jesus submisso a seu pai torna-se urgente. Isso mostra-nos a enorme importância do pai na vida dos filhos. Se o Filho de Deus quis ter um pai, ao menos adotivo, neste mundo, o que dizer de muitos filhos que crescem sem o genitor? O que dizer de tantos “filhos órfãos de pais vivos” que existem no Brasil, como nos disse aqui mesmo em 1997 o Papa João Paulo II? São José é o modelo de pai presente e atencioso, de esposo amoroso e fiel.

Celebrar a festa de São José é lembrar que a família é fundamental para a sociedade e que não pode ser destruída pelas falsas noções de família, “caricaturas de família”, que nada têm a ver com o que Deus quer. É lutar para resgatar a família segundo a vontade e o coração de Deus. Em todos os tempos difíceis os Papas pediram aos fiéis que recorressem a São José; hoje, mais do que nunca é preciso clamar: “São José, valei-nos!” Ao falar desse santo, o Papa João Paulo II, na exortação apostólica “Redemptoris Custos” (o protetor do Redentor), de 15 de agosto de 1989, declarou: “Assim como cuidou com amor de Maria e se dedicou com empenho à educação de Jesus Cristo, assim também guarda e protege o seu Corpo Místico, a Igreja” (nº1). “Hoje ainda temos motivos que perduram, para recomendar todos e cada um dos homens a São José (nº 31).

Celebrar a festa de São José é celebrar a vitória da fé e da obediência sobre a rebeldia e a descrença que hoje invadem os lares, a sociedade e até a Igreja. O homem moderno quer liberdade; “é proibido proibir!”; e, nesta loucura lança a humanidade no caos.

São José, tal como a Virgem Maria, com o seu “sim” a Deus, no meio da noite, preparou a chegada do Salvador. Deus Pai contou com ele e não foi decepcionado. Que o Altíssimo possa contar também conosco! Cada um de nós também tem uma missão a cumprir no plano divino. E o mais importante é dizer “sim” a Deus como São José. “Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado” (Mt 1,24).

Celebrar a festa de São José é celebrar a santidade, a espiritualidade, o silêncio profundo e fértil. O pai adotivo de Jesus entrou mudo e saiu calado, mas nos deixou o Salvador pronto para começar a Sua missão. É como alguém destacou: “O servo que faz muito sem dizer nada; o especial agente secreto de Deus”. Ele é o mestre da oração e da contemplação, da obediência e da fé. Com ele aprendemos a amar a Deus e ao próximo.

São José viveu o que ensinou João Batista: “É preciso que Ele [Jesus] cresça e eu diminua” (Jo 3,30).

Professor Felipe Aquino

quarta-feira, 18 de março de 2015

Exercícios quaresmais de conversão


A liturgia que abre o Tempo da Quaresma manda proclamar o Evangelho em que Nosso Senhor fala da esmola, da oração e do jejum

Toda a nossa vida se torna um sacrifício espiritual, que apresentamos continuamente ao Pai, em união com o sacrifício de Jesus sofredor e pobre, a fim de que, por Ele, com Ele e n’Ele, seja o Pai em tudo louvado e glorificado. Por isso, a Quaresma é um caminho bíblico, pastoral, litúrgico e existencial para cada cristão pessoalmente e para a comunidade cristã em geral, que começa com as cinzas e conclui com a noite da luz, a noite do fogo, a noite santa da Páscoa da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Vamos refletir sobre os rumos de nossa espiritualidade até a Páscoa de Nosso Senhor Jesus, ou seja, a vida nova que o Senhor tem para nós, os exercícios quaresmais de conversão. A liturgia da Quarta-feira de Cinzas, que abre o Tempo da Quaresma, manda proclamar o Evangelho em que Nosso Senhor fala da esmola, da oração e do jejum, conforme Mateus 6,1-8. 16-18.

Exercícios Quaresmais de conversão:

Oração: A oração é a expressão máxima de nossa fé. Não podemos pensar nela como algo que parte somente de nós, pois, quando o homem se põe em oração, a iniciativa é de Deus, que atingiu, com a Sua graça, o coração desse homem. Toda a nossa vida deveria ser uma oração, ou seja, uma comunicação com o divino em nós.

Jejum: Jejuar é abster-se de um pouco de comida ou bebida. É estabelecer o correto relacionamento do homem com a natureza criada. A atitude de liberdade e de respeito, diante do alimento, torna-se símbolo de sua liberdade e respeito para com tudo quanto o envolve e o possa escravizar: bens materiais, qualidades, opiniões, ideias, pessoas, apegos e assim por diante. Temos mais: jejuar significa fazer espaço em si.

Esmola ou caridade: O que significa esmola? Dar esmola significa dar de graça, dar sem interesse de receber de volta, sem egoísmo, sem pedir recompensa, mas em atitude de compaixão. Nisso, o homem imita o próprio Deus no mistério da criação, e a Jesus Cristo, no mistério da Redenção.

Celebrar a Eucaristia no tempo da Quaresma significa percorrer com Cristo o itinerário da provação que cabe à Igreja e a todos os homens; assumir mais decididamente a obediência filial ao Pai, e o dom de si aos irmãos que constituem o sacrifício espiritual. Assim, renovando os compromissos do nosso batismo, na noite pascal, poderemos “passar” para a Vida Nova de Jesus – Senhor ressuscitado, para a glória do Pai, na unidade do Espírito.

Para celebrar bem este tempo:

1. O Tempo da Quaresma se estende da Quarta-feira de Cinzas até a Missa, na Ceia do Senhor, exclusive. Essa Missa vespertina dá início, nos livros litúrgicos, ao Tríduo Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, o qual tem seu cume na Vigília Pascal e termina com as vésperas do Domingo da Ressurreição. A semana que precede a Páscoa toma o nome de Semana Santa. Ela começa com o Domingo de Ramos.

2. Os domingos deste tempo se chamam de 1°, 2°, 3°, 4° e 5° Domingo da Quaresma. O 6° domingo toma o nome de “Domingo de Ramos e da Paixão”. Este dia tem a precedência sobre as festas do Senhor e sobre qualquer solenidade.

3. As solenidades de São José, esposo de Nossa Senhora (19 de março) e da Anunciação do Senhor (25 de março), como outras possíveis solenidades dos calendários particulares, antecipam sua celebração para o sábado, caso coincidam com esses domingos;

4. A liturgia da Quarta-feira de Cinzas abre o tempo da Quaresma. Não se dizem nem se canta o Glória e o Credo na Missa.

5. Aos domingos da Quaresma, não se canta o hino Glória; faz-se, porém, sempre a Profissão de Fé e o Creio. Depois da segunda leitura, não se canta o Aleluia; o versículo, antes do Evangelho, é acompanhado de uma aclamação a Cristo Senhor. Omite-se o Aleluia também nos outros cantos da Missa.

6. A cor litúrgica do Tempo da Quaresma é a roxa; para o 4° domingo (Laetare – Alegria) é permitido o uso da cor rosa. No Domingo de Ramos e na Sexta-feira Santa, a cor das vestes litúrgicas e do celebrante é a vermelha, por tratar-se da Paixão do Senhor.

7. Sugestão: em oração, colha de Deus uma penitência ou mortificação pessoal que você possa viver neste tempo de retiro. Por exemplo: deixar algo que gosta muito de fazer ou de comer, falar menos, diminuir o barulho ao seu redor, assistir menos televisão, reconciliar-se com as pessoas e situações, fazer um bom exame de consciência e confessar-se. Nos dias de jejum, oferecer a quem não tem o que você iria comer e beber etc.

Padre Luizinho, natural de Feira de Santana (BA), é sacerdote na Comunidade Canção Nova.

terça-feira, 17 de março de 2015

Por que ler a Bíblia?





É preciso ler todos os livros da Bíblia, entendendo que tudo converge para Jesus

A Bíblia é palavra inspirada, é Deus que se revela aos homens; em contrapartida, é necessária a fé de quem a lê. É preciso a adesão da fé para que essa palavra produza frutos na vida de quem se debruça sobre a Palavra de Deus e acredita na ação divina. E para que esta fé exista é preciso contar com o auxílio do Espírito Santo que nos direciona a Deus e nos dá o entendimento necessário para aceitar e crer na Revelação.

Já nos ensinou São Jerônimo: “Ignorar as Escrituras é ignorar Cristo”. Não podemos ignorar Jesus. Temos de contar com o Espírito Santo, que nos conduz na leitura da Sagrada Escritura e nos põe no caminho do Cristo. Ler e acreditar na Sagrada Escritura é caminhar com o Senhor, é ouvir o Seu convite: “Vem e segue-me!”

Daí a importância de lermos a Sagrada Escritura, em especial os Evangelhos. Toda a Bíblia é Revelação de Deus. O Antigo Testamento e o Novo Testamento possuem a mesma importância, mas os Evangelhos têm um lugar de excelência, pois ali se encontra a vida de Jesus e todos os outros livros se convergem para o centro que é o Cristo.

Orienta-nos a Dei Verbum, Constituição Dogmática sobre a Revelação Divina: Ninguém ignora que entre todas as Escrituras, mesmo do Novo Testamento, os Evangelhos têm o primeiro lugar, enquanto são o principal testemunho da vida e doutrina do Verbo encarnado, nosso salvador.

É preciso ler todos os livros da Bíblia, entendendo que tudo converge para Jesus. E quando lemos os quatro Evangelhos não é diferente. É importante ler estes livros para percebermos vários aspectos da vida de Jesus. Os quatro Evangelhos se completam. Cada um possui suas características próprias e vistos em conjunto nos ajudam a conhecer e seguir Jesus.

O Evangelho segundo São Marcos, por exemplo, quer nos apresentar a pessoa de Jesus. Precisamos conhecê-Lo, pois decidimos segui-Lo. Com o Evangelho de São Mateus, considerado o mais catequético dos quatro, aprendemos ensinamentos de Jesus, pois só é possível segui-Lo se soubermos como escolher o Seu caminho nas situações da vida. O Evangelista São Lucas nos apresenta a universalidade da mensagem de Cristo. É para todos! E somos chamados a anunciar essa mensagem a todos. E, por fim, o Evangelho segundo São João, que possui uma literatura mais simbólica, pois nos propõe a fé nos mistérios de Jesus, que é Deus.

Conhecer Jesus, saber Seus ensinamentos, levar a mensagem de salvação aos outros e experimentar fé nos mistérios divinos, eis alguns dos motivos pelos quais devemos ler e estudar os Evangelhos. Além disso, nos permitir compreender que Jesus é o centro da Sagrada Escritura, e assim ler cada um dos outros livros da Bíblia com suas características próprias e relacionando-os com os demais [livros bíblicos], é um bom caminho para aceitar o convite da Igreja de que nos debrucemos gostosamente sobre o texto sagrado (Dei Verbum), ou seja, sintamos seu sabor, seu gosto na nossa vida.

Denis Duarte é especialista em Bíblia e Cientista da Religião. Professor da Faculdade Canção Nova e do Instituto de Teologia Bento XVI. www.denisduarte.com

segunda-feira, 16 de março de 2015

Quem nunca perdeu a paciência?






O cultivo da paciência é um exercício diário

“Vale mais ter paciência do que ser valente; é melhor saber se controlar do que conquistar cidades inteiras.” (Provérbios 16,32).

Um dos sentimentos mais perturbadores da atualidade tem nome: impaciência! A falta de paciência tem feito com que muitas pessoas se desesperem quando entram em contato com essa realidade na vida. Muitos conflitos, raivas e mágoas têm ganhado vida devido à impaciência. Mas o que desencadeia esse sentimento? Como podemos exercitar a parcimônia em nossa vida? Como controlar a falta dessa virtude? Quais os segredos para ser paciente?

Paciência é uma virtude. Poderíamos defini-la como a capacidade de autocontrole diante de inúmeras realidades que ultrapassam os nossos limites emocionais, sociais e espirituais.

A falta de paciência nasce na vida em função de inúmeros fatores. Fato é que a paciência faz parte do nosso processo humano. Há dias em que acordamos sem essa virtude. As dificuldades começam a se agravar quando a impaciência começa a ocupar grande parcela de nossos pensamentos e, como consequência disso, desestrutura nossa relação com o próximo, com nós mesmos e também com Deus.

Quando o nível de impaciência adquire espaços indevidos em nossa vida, entramos em um campo complexo que necessita de reflexão e, que, na maioria das vezes, exige mudança de atitudes em relação ao que nos rouba a paz interior. Muitos dizem que não têm paciência, mas quando são questionados sobre o que lhes tira a paciência não sabem responder; e quando essa resposta não é clara, temos um quadro bastante complexo, que precisa ser analisado tanto na área humana quanto na espiritual. Geralmente, quando não sabemos de onde ele surge, é porque estamos diante de uma realidade que não conhecemos ou, por medo, não queiramos entrar em contato com ela. O medo das próprias sombras nos impede de alcançar a luz que ilumina as nossas mais profundas realidades sombrias.

Nem sempre é fácil aceitar o diferente. E esta é uma das realidades que mais roubam a paz de muitas pessoas. Na maioria das vezes, desejamos que o outro seja como nós, pense, sinta e veja o mundo a partir dos nossos olhos. As relações interpessoais estão marcadas pela falta de paciência com o diferente. Muitos casais, após um tempo de namoro ou de casamento, acabam descobrindo que o namorado ou marido, a esposa ou a namorada, é uma pessoa diferente daquilo que imaginavam. Quando isso acontece, surgem os conflitos internos que desencadeiam, muitas vezes, sérios desentendimentos conjugais e de relacionamento.

Muitos processos de namoro idealizam o outro como o protótipo da perfeição. Imaginam que estão diante de um ser humano perfeito. Quando este mito da perfeição começa a ser desconstruído, surge a decepção, a tristeza e a desilusão. Nem sempre é fácil aceitar que, durante muito tempo, se conviveu com alguém que não era tão perfeito como antes se havia imaginado. Geralmente, quando isso acontece, muitos casais se defrontam com uma verdade com a qual até o momento não haviam tido contato. Superar a ilusão que foi criada e aceitar que o outro não é tão perfeito como se havia imaginado é um processo, muitas vezes, doloroso, que só é superado com muita compreensão e paciência.

Essa falta de paciência se reflete também em muitas famílias. Pais se desentendem com os filhos quando entram em contato com a realidade familiar e descobrem que estes não estão correspondendo ao que um dia lhes fora ensinado. Este fato tem causado muitos desajustes em inúmeras famílias. Durante a infância, os genitores os educaram com a melhor das intenções e procuravam levá-los à igreja; acreditavam sinceramente que estes iriam seguir os passos que, um dia, lhes fora ensinado. Mas a adolescência chega e os filhos já não querem ir mais à Santa Missa, não obedecem tanto quanto antes obedeciam. Muitos se tornam rebeldes. Como enfrentar esta situação de desajuste nas relações familiares?

O princípio da paciência é fundamental. Nem sempre é fácil para os pais aceitarem que seus filhos, muitas vezes, não vão seguir tudo aquilo que eles ensinaram. Muitos genitores, quando se defrontam com esta realidade, entram em crise e tentam pela força obrigá-los a fazer o que lhes fora ensinado um dia. A experiência mostra que forçar o outro a fazer aquilo que desejamos provoca muitas confusões e desajustes no lar. Na maioria das vezes, a rebeldia dos filhos em não querer ir à igreja é uma maneira camuflada de enfrentarem e dizerem aos pais: “Agora quem manda na minha vida sou eu!”. A oração é fundamental para quem enfrenta situações desse tipo.

No diálogo com Deus, encontramos sabedoria para enfrentar situações complicadas e de difícil solução. Contudo, é preciso que os pais procurem conhecer os filhos e o momento que eles estão vivendo. O diálogo em família é fundamental. Mas sempre vale lembrar que a abertura para os filhos começa desde a infância destes. O que não foi construído no tempo dificilmente será construído na pressa. Quem nunca conseguiu se aproximar dos filhos quando estes eram pequenos, dificilmente vai conseguir fazê-lo na adolescência destes.

Se a relação de impaciência dos pais com os filhos pode ser conflitiva, o mesmo acontece em relação aos filhos com os pais. Nem sempre estes conseguem compreender as “cobranças” dos genitores. Interessante notar que muitos adolescentes querem que seus pais compreendam o mundo no qual estão vivendo atualmente. Essa tentativa nem sempre é frutífera, pois os pais viveram em épocas diferentes das quais os adolescentes e jovens vivem hoje. Tiveram uma educação diferente, de acordo com a época na qual viviam. Os filhos, portanto, precisam desenvolver um olhar compreensivo em relação aos pais. Tudo isso faz parte da bagagem humana e espiritual destes [pais]. Sempre será preciso que haja compreensão e paciência de ambas as partes para que o respeito e o diálogo possam ser exercidos. O olhar de compreensão é fundamental nas relações familiares. Quando este olhar é descuidado, a paciência cede lugar aos conflitos e desentendimentos.



O cultivo da paciência é um exercício diário. Muitas vezes, esse processo em nós é lento, mas nem por isso devemos desanimar. Deus é extremamente paciente com as nossas limitações, com nossos erros, egoísmos e nossas mentiras. Será cultivando a paciência no jardim de nossa alma que colheremos flores de bondade e tolerância. A paciência somente será construída no meio de nós quando Jesus for nosso modelo de amor para com todos.

Padre Flávio Sobreiro - Padre da Arquidiocese de Pouso Alegre – MG

domingo, 15 de março de 2015

"Eu vim para servir" na prática






A grande missão e o principal mandamento: amar e servir, servir e amar

Deus Pai enviou Seu Filho Unigênito para servir; e de maneira especial, nosso Senhor Jesus Cristo serviu o mundo com a Sua vida. Os ensinamentos de Cristo, Sua acolhida aos necessitados – doentes, pobres, mulheres, crianças e pecadores em geral – foi para servi-los.

Jesus Cristo veio a este mundo e não brincou de ser humano, Ele foi gente mesmo, assumiu a nossa carne (cf. Jo 1,14), teve fome, sede, andou muito a pé, de barco, obrigava-se a estar com o Pai em oração fazendo Suas vigílias, mostrou Sua indignação com as autoridades da época, chamando-as de “hipócritas”, “sepulcros caiados” e “víboras”. O Filho de Deus, também com os Seus discípulos, mostrou Sua indignação pelo fato de eles não entenderem os ensinamentos d’Ele, chamando-os de “homens de pouca fé” e “lentos para crer”. Pode-se constatar o quanto Ele foi gente, pois podemos olhar para nossa vida e verificar que enfrentamos diversas dificuldades não só por causa dos erros que um dia cometemos, mas por causa da nossa limitação humana.

Claro que nosso Senhor não só lamentou as dificuldades que tinha com os sábios e com Seu grupo de discípulos, mas também não parou nas limitações deles e das autoridades da lei. Ele foi adiante; mesmo correndo risco de morte, Jesus continuou a evangelizar. A Boa Nova precisava ser anunciada, o amor do Pai precisava ser transbordado. Mas quem era alvo desse amor? O homem. E assim Ele fez: nasceu, cresceu, aprendeu tantas coisas, até o ofício de Seu pai adotivo; viveu a missão que o Pai do céu Lhe confiou, a grande missão e o principal mandamento: amar e servir, servir e amar.

Neste ano, a Campanha da Fraternidade apresenta o lema “Eu vim para servir” (Mc 10,45). Quem veio para servir? Jesus. Ele veio para servir e não para ser servido, Sua vida mostrou isso.

Talvez, seja muito bonito falar e escrever que Jesus veio para servir, que Sua vida foi um serviço solidário e amoroso, mas o nosso olhar de louvor e gratidão para Jesus deve se traduzir também por meio de nossa vida. Devemos fazer ressoar o “servir” do Senhor.

De que maneira traduzo o “servir” do Senhor? Bom, vamos olhar para o meio em que estamos, em casa, no trabalho, nos estudos e nos relacionamentos, estes são os ambiente que nós somos chamados a servir.

Por fim, onde você estiver, viva o “servir” de Jesus, que significa dar a sua vida na realização do bem. Qual a sua vocação? Qual seu chamado? Já está definido? Ótimo! Não está? Que bom também! Descubra-o colocando-se a serviço. Mãos à obra!

É certo que somos chamados a viver. E se nosso Senhor, que teria muitos motivos para cruzar os braços e apenas pensar nas coisas acontecerem, não fez isso, quanto mais nós! Sabe por que Jesus não quis ter uma vida fácil? Porque quem tem vida fácil fica pelo caminho, não resiste, não dura. É preciso ter força, e esta só se adquire com exercício; não adianta tomar “anabolizante” para ser forte na realidade espiritual, não dá para “maquiar”, fingir ser forte. Viver esta vida, servir às pessoas significa ter paciência, tolerar, dar uma nova chance, significa também chamar à atenção aquele que está se corrompendo pelo mal; por fim, significa ser um outro Cristo que serviu por amor, que amou e por isso serviu.

Padre Márcio do Prado, natural de São José dos Campos (SP), é sacerdote na Comunidade Canção Nova

sábado, 14 de março de 2015

Aprendendo a ser missionário com Santa Teresinha






Seu exemplo é caminho para que todos nós sejamos missionários onde nos encontramos

Iniciamos o mês de outubro celebrando a memória litúrgica de Santa Teresinha do Menino Jesus, virgem e doutora da Igreja. Outubro é conhecido também como o mês missionário. Santa Teresinha é a padroeira das missões.

O Decreto Conciliar Ad Gentes sobre a atividade missionária da Igreja afirma: “A Igreja peregrina é, por sua natureza, missionária, visto que tem a sua origem, segundo o desígnio de Deus Pai, na ‘missão’ do Filho e do Espírito Santo” (AG,6). Em nosso “DNA” espiritual de batizados está impresso o nosso desígnio missionário, e Santa Teresinha do Menino Jesus, mesmo vivendo no Carmelo, viveu sua identidade missionária rezando pelas vocações.

Em seus escritos autobiográficos, intitulados “História de uma alma”, Santa Teresinha afirma: “Ó Jesus, meu amor, minha vocação, encontrei-a afinal: Minha vocação, é o amor! […]”. Seu exemplo é caminho para que todos nós sejamos missionários onde nos encontramos: Família, trabalho, escola…

Nos domingos e dias de festa Santa Teresinha colocava o seu pouco tempo disponível para prestar pequenos favores às suas irmãs do Carmelo. Também nós podemos seguir este exemplo. Quanto tempo dedicamos àqueles que nos são importantes? Conseguimos nos desconectar dos nossos computadores e celulares para valorizar aqueles a quem realmente amamos? Ser missionário é também amar com gestos concretos e atenção a todos, começando em primeiro lugar pelos de nossa própria casa.

Por saber que uma das madres, que já tinha idade avançada, tinha alergia a perfume de flores, Santa Teresinha deixou de colocá-las diante da imagem do Menino Jesus, que ficava no claustro. Este pequeno gesto demostra o carinho e atenção para com a religiosa. E nós? Quais são os pequenos sacrifícios que podemos fazer para nossos irmãos de comunidade? Muitas vezes, sabemos de algo que alguns não gostam e insistimos em continuar fazendo. A missão exige um abrir mão de nossas vontades para acolher o outro com doçura e delicadeza.

Quando percebia que alguma irmã estava nervosa ou de mau humor ela sempre a tratava com mais delicadeza, sendo amável e meiga: “Precisamos agir, pois, como o Senhor, desdobrarmo-nos em delicadezas e previdências para com as almas imperfeitas […]”. Todos os dias também somos confrontados com inúmeras situações em que muitos se encontram nervosos ou estressados no trabalho. Como reagimos diante destes desafios? Temos a delicadeza do Senhor, que se manifesta a nós de um modo amável? Ou nos deixamos envolver pela atmosfera de mau humor e aumentamos ainda mais o mal-estar em nosso trabalho? Ser missionário é aprender a vivenciar as mais delicadas situações com prudência e carinho.

Santa Teresinha também nos ensina que ser missionário é nos empenharmos em uma contínua vida de oração por todos: familiares, amigos, colegas de trabalho, enfermos, pessoas necessitadas, religiosos, seminaristas, diáconos, padres, bispos, Papa…

Padre Flávio Sobreiro - Padre da Arquidiocese de Pouso Alegre – MG

sexta-feira, 13 de março de 2015

Depressão: quais caminhos seguir?






Os tratamentos existem, e acreditar na superação e na melhora é um passo essencial

Vivemos um ritmo de atividades e de exigências numa sociedade que cada vez mais corre por resultados e por sucesso. Num mercado de trabalho altamente competitivo e desafiador, doenças surgem no ambiente profissional e preocupam as organizações e a sociedade como um todo.

Uma das doenças que chamam à atenção, neste cenário, é a depressão. Considerada uma das enfermidades que tem crescido de forma expressiva nos últimos anos, a depressão tem características próprias e não deve ser confundida com um estado de tristeza.

Podemos pensar na tristeza como um sentimento que nos leva a um processo de reflexão, de estarmos quietos; sentimento manifestado pela perda de alguém, por algo relacionado ao trabalho, pela decepção com alguém ou a frustração de expectativas irrealizadas. A grande diferença é que uma pessoa triste consegue manter sua rotina diária, seu cuidado pessoal e até mesmo experimentar alegrias que possam surgir neste período. Como fato passageiro, esse sentimento pode ser identificado em sua origem, ou seja, conseguimos descobrir o motivo pelo qual estamos tristes.

Quando falamos em depressão, os sinais aparentes de desmotivação, desinteresse, tristeza persistente, falta de desejo de cuidar de si e de dar seguimento às suas atividades cotidianas, bem como aquela sensação de ver o mundo “cinza”, sem cor e sem motivos, tornam-se mais prolongados. Nesses casos, a intervenção médica se faz necessária, bem como o apoio psicológico para que a pessoa possa reestruturar seus pensamentos e descobrir sua forma de lidar com a doença e com a vida. Sabemos ainda que a espiritualidade também tem um papel importante na superação de qualquer adoecimento, inclusive na depressão.

Não nos esqueçamos de que, muitas vezes, em nossa família, na sociedade e entre nossos amigos ainda existe uma dificuldade de compreender a situação pela qual uma pessoa deprimida está passando. Também para o deprimido não é uma tarefa fácil aceitar a doença e o tratamento. O mais importante é que os tratamentos existem, e acreditar na superação e na melhora é um passo essencial tanto para o paciente quanto para aqueles que convivem com ele. Os quadros depressivos podem ter duração de alguns meses ou serem mais persistentes; em ambos os casos, os doentes podem contar com a ajuda especializada, a fim de que as sensações causadas pelo quadro possam ser minimizadas e uma maior qualidade de vida possa ser obtida.

Por mais difícil que seja ou por maior que seja a vergonha ou o sentimento que o esteja impedindo de dar passos para a cura, não deixe de buscar ajuda. Um amigo, um familiar, aquele médico que já conhece um pouco de sua saúde podem ser os primeiros a quem você pode pedir auxílio quando perceber que esse quadro de tristeza está demorando um pouco mais para passar, dando sinais de que vão além do usual.

Elaine Ribeiro, Psicóloga Clínica e Organizacional, colaboradora da Comunidade Canção Nova.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Como é boa a vida a dois!






Quando descobrimos nosso valor e nossa missão, neste mundo, somos livres para experimentar como é bom viver a dois!

O desejo de encontrar alguém que nos ame profundamente e para sempre existe em todos os corações. Mesmo que esteja escondido por trás de uma aparência “descolada” ou sufocado por alguma razão, o certo é que, lá no fundo da alma, sempre aspiramos amar e sermos amados! Poder olhar nos olhos, falar dos nossos sonhos e sentir cumplicidade, correr para um abraço depois de um dia inteiro de trabalho e caminhar feliz de mãos dadas pela vida a fora sãos coisas que só quem escolhe viver a dois sabe o que realmente significa. ““Como o corpo foi criado para a alma, assim a alma foi feita para o amor””, diz São Francisco de Sales. Deus, que criou o homem – portanto o corpo e a alma –, escolheu o amor para, por meio dele, expressar o sentido real da nossa existência: amar e ser amado!

Porém, é claro, tudo o que é bom tem um preço; e com o amor não é diferente. Por isso, quando decidimos amar, somos infinitamente beneficiados, mas nem assim estamos isentos de sacrifícios, até porque o sacrifício é próprio do amor. Podemos começar a falar, por exemplo, das diferenças que vamos encontrar na pessoa amada e com as quais precisamos fazer as pazes em nome de uma boa e feliz convivência. O fato é que entre homens e mulheres sempre vão existir as diferença naturais, e é bom que seja assim, isso faz parte do plano amoroso de Deus. Aliás, as diferenças, quando bem “trabalhadas”, não são barreiras no relacionamento, mas vias para o crescimento mútuo. No entanto, sabemos que, às vezes, elas são motivo de estresse mesmo entre os casais que se amam.

Que mulher nunca se perguntou por que os homens têm tanta facilidade para encontrar o caminho indicado no mapa? E que homem é capaz de entender o gosto feminino por sapatos e bolsas, por exemplo? São coisas próprias do gênero e é melhor não gastar tempo tentando entender e aproveitar as vantagens.

A mulher deve ficar contente, porque não precisa se preocupar com os detalhes do caminho; e o homem leva muita vantagem em ter ao seu lado uma mulher sempre linda de sapatos e bolsas combinando com o visual. Afinal, quem foi que disse que precisamos entender tudo? O amor verdadeiro nos capacita com uma disposição tão superior para acolher o outro, que essas diferenças passam a ser complemento. O segredo, a meu ver, está na disposição em amar. E amar conforme nos indica o Mestre do amor: ““Amarás teu próximo como a ti mesmo” (Macos 12, 31).

Aí, abrimos as cortinas para outro palco e a autoanalise passa a comandar a cena, fazendo brilhar a pergunta: “Será que eu me amo e me aceito como sou? Afinal, não posso dar aquilo que não possuo!”. Para amar meu próximo devo ter também um sadio amor próprio e jamais me desprezar nem fugir de mim mesmo enquanto tento amar outra pessoa. Ou seja, é preciso nos autoconhecermos, saber quais são nossos potenciais e limites e procurarmos viver em harmonia com eles, para assim podermos nos entregar por inteiro em uma relação consciente de quem realmente somos e por que viemos ao mundo.

Li, essa semana, uma frase que permanece viva em minha lembrança: “Os dois dias mais importante da vida são o dia em que você nasceu e o dia em que descobriu o porquê”(Mark Twain). Não é lindo? É que quando descobrimos nosso valor e nossa missão neste mundo, aí sim, somos livres para amar verdadeiramente e juntos experimentarmos como é bom viver a dois!

Padre José Kentenich, – no livro ‘“Santidade de todos os dias’,” – afirma que o verdadeiro amor é como o sol ardente, que desperta e faz germinar todas as sementes ocultas no homem. Segundo ele, muitas pessoas não se desenvolvem moral nem espiritualmente, porque em vão esperam, saudosos, um simples gesto de amor. Já outros trazem em si a inclinação ao heroísmo e poderiam elevar-se como águias até o sol, porém, permanecem em planos inferiores, porque não foram amados nem tiveram a coragem de começar a amar. Então, considerando a importância fundamental deste dom em nossa vida, percebo que ainda se fala pouco sobre o amor puro e verdadeiro.

É verdade que vemos a palavra “”amor”” estampada por todos os lados, e acredito que a maioria das pessoas usam-na como uma expressão bonita, romântica ou algo assim, mas poucos fizeram a experiência de amar. Viver a dois, amando e sendo amado, é mais que romantismo, é um plano divino que Deus coloca ao alcance de homens e mulheres dispostos a abraçar os desafios e as graças dessa vocação.

Tenho conversado com muitas pessoas que já não acreditam no amor. A dor da decepção parece ter roubado o brilho e a disposição que os movia tempos atrás. Eu sei que é difícil recomeçar, mas ouso dizer: “Não desista de amar! Você foi criado para isso. Dê passos, perdoe, liberte seu coração de todo sentimento contrário ao amor. Sozinho talvez não consiga, então peça o auxílio de Deus e Ele lhe estenderá a mão por meio de pessoas e situações concretas. O amor é forte como a morte e até nos faz morrer para nós mesmos em algumas situações, mas nos devolve a vida plena quando o abraçamos sem medo, com tudo que somos e temos. Dá trabalho amar? Claro que sim! Mas é tão recompensador e benéfico que não há nada que se compare à felicidade de passar por esta vida amando e sendo amado!

Dijanira Silva, missionária da Comunidade Canção Nova

quarta-feira, 11 de março de 2015

Como você lida com seus pensamentos negativos?





Quanto mais evitamos uma situação, mais ela nos amedronta

É muito comum, ao nos ferirmos em nossos relacionamentos, dizermos frases assim: “Nunca mais vou me envolver com outra pessoa”, “Nunca mais terei alguém”. E, a partir dessas frases, de fato, a pessoa jamais se abre para outras possibilidades ou avalia todas as pessoas ou situações da mesma forma.

Muitas vezes, percepções distorcidas, interpretações exageradas ou extremamente negativas determinarão a forma como passamos a ver o mundo, as pessoas e os relacionamentos. A partir daí, uma espécie de fechamento se dá em nossa vida e começamos a evitar situações ou pessoas. E quantos de nós já não vivemos isso!

Os conceitos que vamos construindo a respeito do mundo estão diretamente ligados às nossas percepções, crenças, cultura e aos nossos valores; muitas vezes, ligados também aos nossos diálogos internos, os quais parecem extremamente reais, ou seja, levam-nos a acreditar em coisas que nem sempre correspondem às verdades dos fatos.

Por exemplo: muitas pessoas se queixam de medos intensos e ficam bloqueadas para fazer algo. Se pararmos e olharmos a fundo, nem sempre esse medo corresponderá a algo possível de ocorrer. Acontece que, ao pensar de forma negativa e disparar uma série de pensamos distorcidos sobre uma situação, todo nosso corpo se mobiliza; então, surgem as fobias, o pânico, o desespero, uma ansiedade aumentada que, no fim, mexe diretamente com nosso corpo.

Assim como no medo, quando nos confrontamos com uma situação que nos bloqueia, podemos pensar em algumas situações para lidar com tais sentimentos:

1- Procure compreender de onde vem esses sentimentos e se, de fato, eles correspondem a algo possível de ocorrer, ou se não é um exagero dos seus pensamentos;

2- Enfrente uma situação e aja racionalmente, isso ajuda especialmente na superação de uma dificuldade. Quanto mais evitamos uma situação, mais ela nos amedronta;

3- Procure analisar a situação de uma outra forma. Se há, por exemplo, uma dificuldade nos relacionamentos afetivos, não necessariamente você precisa se isolar e se fechar ao outro. Pense o que acontece com seus relacionamentos, quais posicionamentos deve tomar, como vê o mundo e procure uma nova forma de reagir e avaliar seus pensamentos;

4- Quando estiver passando por um momento difícil, procure respirar e avaliar a situação. Não fuja do que está acontecendo e evite uma postura de fechamento. Lembre-se: mesmo que algo não tenha dado certo uma ou mais vezes, não significa que você está condenado a coisas tristes e nunca mais terá um relacionamento positivo.

Quando aprendemos a reconhecer nossos pensamentos, podemos ter uma nova atitude diante dos acontecimentos. Ao deixar de lado ideias negativas, deixamos que uma forma de ver a vida mais racional e equilibrada se faça presente. Certamente, todos ao nosso redor receberão os resultados positivos dessa mudança de pensamento e comportamento.

Elaine Ribeiro dos Santos
Psicóloga Clínica e Organizacional, colaboradora da Comunidade Canção Nova.

terça-feira, 10 de março de 2015

Exame de Consciência




Você poderá usar esta reflexão na preparação para a sua Confissão, através de um exame de consciência bem feito. Para você fazer uma boa confissão é preciso examinar a sua consciência, com a luz do Espírito Santo, coragem, e nada esconder do sacerdote, que ali representa o próprio Jesus.

1. Amo a Deus mais do que as coisas, as pessoas, os meus programas? Ou será que eu tenho adorado deuses falsos, como o prazer do sexo, antes ou fora do casamento, o prazer da gula, o orgulho de aparecer, a vaidade de me exibir, de querer ser “o bom”, etc.?

2. Eu tenho, contra a Lei de Deus, buscado poder, conhecimento, riquezas, soluções para meus problemas, em coisas proibidas, como: horóscopos, mapa astral, leitura de cartas, búzios, tarôs, pirâmides, cristais, espiritismo, macumba, candomblé, magia negra, invocação dos mortos, leitura das mãos, etc.? Tenho cultivado superstições? Figas, amuletos, duendes, gnomos e coisas parecidas?
Procuro ouvir músicas que me influenciam provocando alienação, violência, sexo, rebeldia e depravação?

3. Eu rezo, confio em Deus, procuro a Igreja, participo da Santa Missa nos domingos? Eu me confesso? Comungo?

4. Eu leio os Evangelhos, a Palavra viva de Jesus, ou será que Ele é um desconhecido para mim?

5. Eu respeito, amo e defendo a Deus, Nossa Senhora, os Anjos, os Santos, as coisas sagradas, ou será que sou um blasfemador que age como um inimigo de Jesus?

6. Eu amo, honro, ajudo os meus pais, os meus irmãos, a minha família? Ou será que eu sou “um problema a mais” dentro da minha casa? Eu faço os meus pais chorarem? Eu sou um filho que só sabe exigir e exigir? Eu minto e sou fingido com eles? Vivo o mandamento: “honrar pai e mãe”?

7. Como vai o meu namoro? Faço da minha garota um objeto de prazer para mim? Como um cigarro que eu fumo e jogo a “bita” fora? Ela (e) é uma “pessoa” para viver ou é apenas uma “coisa” para me dar prazer?

8. Eu vivo a vida sexual antes do casamento, fora do plano de Deus? Eu peco por pensamentos, palavras, atos, nesse assunto? Masturbação, revistas pornográficas, filmes, desfiles eróticos, roupas provocantes?

9- Eu respeito o meu corpo e a minha saúde que são dons de Deus? Ou será que eu destruo o meu corpo, que é o templo do Espírito Santo, com a prostituição, com as drogas, as aventuras de alto risco, brigas, violências, provocações, etc.?

10. Sou honesto? Ou será que tapeio os outros? Engano meus pais? Pego dinheiro escondido deles? Será que eu roubei algo de alguém, mesmo que seja algo sem muito valor? Já devolvi?

11. Fiz mal para alguém? Feri alguém por palavras, pensamentos, atitudes, tapas, com armas? Neguei o meu perdão a alguém? Desejei vingança? Tenho ódio de alguém?

12. Eu falo mal dos outros? Vivo fofocando, destruindo a honra e o bom nome das pessoas? Sou caluniador, mexeriqueiro? Vivo julgando e condenando os outros? Sou compassivo, paciente, manso? Sei perdoar, como Jesus manda?

13. Sou humilde, simples, prestativo, amigo de verdade?

14. Vivo a caridade, sei sofrer para ajudar a quem precisa de mim? Partilho o que tenho com os irmãos ou sou egoísta?

15. Sou desapegado das coisas materiais, do dinheiro?

A Festa da Páscoa se aproxima, portanto, peçamos ao Divino Espírito Santo que nos ilumine e nos encoraje para uma boa e santa confissão de nossos pecados. Ensina-nos Santo Agostinho: “A confissão das más obras é o começo das boas obras. Contribuis para a verdade e consegues chegar à luz”.

(Trecho retirado do Livro: Por que confessar? Como confessar? Ed. Cléofas).