quinta-feira, 11 de junho de 2015

MENSAGEM AOS CATÓLICOS E A TODOS OS CIDADÃOS

Nós, Bispos Católicos das Dioceses do Estado de São Paulo, reunidos na 78ª Assembleia do Regional Sul I da CNBB, diante dos acontecimentos da recente “parada gay 2015”, ocorrida na cidade de São Paulo, com claras manifestações de desrespeito à consciência religiosa de nosso povo e ao símbolo maior da fé cristã, Jesus crucificado, em nome da verdade que cremos, vimos através desta, como pastores do Povo de Deus:

Afirmar que a fé cristã e católica, e outras expressões de fé encontram defesa e guarida na Constituição Federal: “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias” (artigo 5º, inciso VI).

Lembrar que todo ato de desrespeito a símbolos, orações, pessoas e liturgias das religiões constitui crime previsto no Código Penal: “escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso” (Art. 208 do Código Penal).

Apelar aos responsáveis pelo Poder Público, guardiães da Constituição e responsáveis pela ordem social e pelo estado democrático de direito, que defendam o direito agredido.
Expressar nosso repúdio diante dos lamentáveis atos de desrespeito ocorridos; queremos contribuir com o bem-estar da sociedade, pois somos, por força do Evangelho, construtores e promotores da liberdade e da paz.

Manifestar nossa estranheza ao constatar um evento, como citado seja autorizado e patrocinado pelo poder público, e utilizado para promover atos que afrontam claramente o estado de direito que a Constituição garante.

Lembrar a todos as atitudes firmes do Papa Francisco quanto ao respeito pelo ser humano, aos mais pobres, aos mais simples, à religiosidade popular.

Recordar aos católicos que a profanação de símbolos religiosos pede de nós um ato de desagravo e de satisfação religiosa, pela oração e pela penitência, pedindo ao Senhor Deus perdão pelos pecados cometidos e a conversão dos corações.

Reafirmar, iluminados pelo Evangelho e conduzidos pelo Espírito Santo, nosso respeito a todas as pessoas, também a quem pensa diferente de nós. E convidamos os católicos e pessoas de boa vontade a contribuírem, em tudo, para a edificação da justiça e da paz, do respeito a Deus e ao próximo.

Por fim, confirmamos nosso seguimento a Jesus Cristo e damos testemunho da beleza de nossa fé católica, na certeza de que, assim, contribuímos para o bem da sociedade, anunciando o que de melhor recebemos: Jesus Cristo crucificado, “força e sabedoria de Deus” (1Cor 1,23s), fonte de toda misericórdia.

Aparecida, 11 de junho de 2015.
Memória Litúrgica do Apóstolo São Barnabé

Dom Odilo Pedro Scherer
Presidente do Regional Sul I – CNBB

Dom Moacir Silva
Vice-Presidente do Regional Sul I – CNBB

Dom Tarcísio Scaramussa
Secretário do Regional Sul I – CNBB

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Efeitos espirituais do sacramento da confissão





O sacramento da confissão nos devolve a beleza da ressurreição

Uma vez absolvidos de nossos pecados e reconciliados com Deus, retomamos o nosso caminhar sob a plena graça do Senhor. O sacramento da confissão é a festa do perdão e da misericórdia. Confessados e perdoados nossos pecados, nossa alma é revestida de inúmeros efeitos espirituais, dentre os quais destacamos:

1. Reconciliação com Deus: O amor do Pai nunca nos abandona. Ele é sempre presente em nossa vida. No entanto, o pecado nos afasta do Senhor, embora Ele sempre permaneça conosco, mesmo que estejamos em situações graves de pecado. Deus não pode se afastar da obra do Seu amor. Mas nós, em meio ao pecado, vamos progressivamente nos afastando d’Ele e rompemos nossa aliança, embora Ele permaneça fiel. Uma vez perdoados, restabelecemos a nossa reconciliação com Deus e voltamos ao nosso primeiro amor, abrasados de paz para iniciarmos um novo tempo nos caminhos da vida. O Senhor nos espera de braços abertos, e nós, plenos da graça do perdão, corremos ao seu encontro. Voltamos à origem do nosso amor, mergulhamos na fonte da misericórdia pela qual fomos lavados das antigas culpas.

2. Reconciliação com a Igreja: Nosso pecado fere nossa relação com a Igreja. No pecado, deixamos de testemunhar o amor de Jesus pelos irmãos, ferimos o Corpo de Cristo e nos ferimos. Se um membro está doente, todos os demais também sofrem. Na dor que o pecado causa, todos sentem os efeitos colaterais da enfermidade, mas o perdão de Deus nos devolve ao seio da comunidade cristã. Lavados no misericordioso Sangue do Cordeiro, tivemos a nossa alma alvejada por Seu amor. Plenificados de Sua graça, somos agora uma célula curada pela ternura da misericórdia divina. O corpo místico de Cristo, antes ferido pelo pecado de nossas culpas, caminha agora com novo vigor. Restabelecemos a unidade antes quebrada e, juntos, continuemos a missão que nos foi confiada.

3. Reconciliação com nós mesmos: O pecado deixa marcas em nossa alma e abre feridas dolorosas. Caminhamos pela vida sem direção. As trevas ofuscam a beleza do alvorecer, mas o sacramento da confissão nos devolve a beleza da ressurreição. Nossos dias retomam a beleza das manhãs de paz e nossa alma glorifica o Senhor. Dentre as muitas marcas negativas do pecado em nossa vida, uma delas é a descaracterização de nossa imagem original. O pecado, enquanto não confessado, retira de nós as digitais do amor divino, por meio do qual fomos gerados. E uma vez distantes de nossa origem, perdemo-nos de nós mesmos, de Deus e da Igreja. Mas o sacramento da confissão vem em nosso socorro e nos devolve o direito de sermos restaurados à imagem e semelhança de nosso Deus. Reconciliados com nós mesmos, voltamos a sonhar os sonhos de Deus, comprometemo-nos com a missão da Igreja e cumprimos plenamente a nossa vocação de ser sal da terra e luz do mundo.

O sacramento da confissão restaura em cada fiel a vida antes furtada pelo pecado. Não é possível nos reconciliarmos com Deus, com a Igreja e com nós mesmos se antes não procurarmos do mais profundo de nosso coração o perdão de nossos pecados.

A Igreja nos oferece o remédio que devolve a saúde à nossa vida espiritual, e este remédio todos conhecemos: a confissão. Não tenhamos medo de viver na graça sob os efeitos espirituais de uma vida nova que em nós começa com o perdão, a misericórdia e a ternura de Deus.
Padre Flávio Sobreiro

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Novena da misericórdia




Reze a novena da Divina Misericórdia

“Em cada dia da novena, conduzirás ao meu coração um grupo diferente de almas e as mergulharás no oceano da minha Misericórdia. Eu conduzirei todas as almas à casa do meu Pai. Por minha parte, nada negarei a nenhuma daquelas almas que tu conduzirás à fonte da minha Misericórdia. Cada dia pedirás a meu Pai, pela minha amarga Paixão, graças para essas almas.” A Novena é rezada junto com o Terço da Divina Misericórdia.

Primeiro dia

Hoje, traze-me a humanidade inteira, especialmente todos os pecadores, e mergulha-os no oceano da minha Misericórdia. Com isso, vais consolar-me na amarga tristeza em que me afunda a perda das almas.

Misericordiosíssimo Jesus, de quem é próprio ter compaixão de nós e nos perdoar, não olheis os nossos pecados, mas a confiança que depositamos em Vossa infinita bondade. Acolhei-nos na mansão do Vosso compassivo coração e nunca nos deixeis sair dele. Nós Vo-lo pedimos pelo amor que Vos une ao Pai e ao Espírito Santo.

Eterno Pai, olhai com misericórdia para toda humanidade, encerrada no coração compassivo de Jesus, mas especialmente para os pobres pecadores. Pela Sua dolorosa Paixão, mostrai-nos a Vossa Misericórdia, para que glorifiquemos Sua onipotência por toda a eternidade. Amém.

Segundo dia

Hoje, traze-me as almas dos sacerdotes e religiosos e mergulha-as na minha insondável Misericórdia. Elas me deram força para suportar a amarga Paixão. Por elas, como que por canais, corre para a humanidade a minha Misericórdia.

Misericordiosíssimo Jesus, de quem provém tudo que é bom, aumentai em nós a graça, para que pratiquemos dignas obras de misericórdia, a fim de que aqueles que olham para nós glorifiquem o Pai da Misericórdia que está no céu.

Eterno Pai, dirigi o olhar da Vossa Misericórdia para a porção eleita da Vossa vinha: para as almas dos sacerdotes e religiosos. Concedei-lhes o poder da Vossa bênção e, pelos sentimentos do coração de Vosso Filho, no qual estão encerradas, dai-lhes a força da Vossa luz, para que possam guiar os outros nos caminhos da salvação e juntamente com eles cantar a glória da Vossa insondável Misericórdia, por toda a eternidade. Amém.

Terceiro dia

Hoje, traze-me todas as almas piedosas e fiéis e mergulha-as no oceano da minha Misericórdia. Essas almas consolaram-me na Via-Sacra; foram aquela gota de consolações em meio ao mar de amarguras.

Misericordiosíssimo Jesus, que concedeis prodigamente a todas as graças do tesouro da Vossa Misericórdia, acolhei-nos na mansão do Vosso compassivo coração e não nos deixeis sair dele pelos séculos; suplicamo-Vos pelo amor inconcebível de que está inflamado o Vosso coração para com o Pai Celestial.

Eterno Pai, olhai com Misericórdia para as almas fiéis, como a herança do Vosso Filho. Pela Sua dolorosa Paixão, concedei-lhes a Vossa bênção e cercai-as da Vossa incessante proteção, para que não percam o amor e o tesouro da santa fé, mas, com toda a multidão dos anjos e santos, glorifiquem a Vossa imensa misericórdia por toda a eternidade. Amém.

Quarto dia

Hoje, traze-me os pagãos e aqueles que ainda não me conhecem e nos quais pensei na minha amarga Paixão. O seu futuro zelo consolou o meu coração. Mergulha-os no mar da minha Misericórdia.

Misericordiosíssimo Jesus, que sois a luz de todo o mundo, aceitai, na mansão do Vosso compassivo coração, as almas dos pagãos que ainda não Vos conhecem. Que os raios da Vossa graça os iluminem para que também eles, juntamente conosco, glorifiquem as maravilhas da Vossa Misericórdia e não os deixeis sair da mansão do vosso compassivo coração.

Eterno Pai, olhai com misericórdia para as almas dos pagãos e daqueles que ainda não Vos conhecem e que estão encerrados no coração compassivo de Jesus. Atraí-as à luz do Evangelho. Essas almas não sabem que grande felicidade é amar-Vos. Fazei com que também elas glorifiquem a riqueza da Vossa Misericórdia por toda a eternidade. Amém.

Quinto dia

Hoje traze-Me as almas dos Cristãos separados da Unidade da Igreja e mergulha-as no mar da minha Misericórdia. Na minha amarga Paixão dilaceravam o meu Corpo e o meu Coração, isto é, a minha Igreja. Quando voltam à unidade da Igreja, cicatrizam-se as minhas Chagas e dessa maneira eles aliviam a minha Paixão.

Misericordiosíssimo Jesus que sois a própria Bondade, Vós não negais a luz àqueles que Vos pedem, aceitai na mansão do vosso compassivo Coração as almas dos nossos irmãos separados, e atraí-os pela vossa luz à unidade da Igreja e não os deixeis sair da mansão do vosso compassivo Coração, mas fazei com que também eles glorifiquem a riqueza da vossa Misericórdia.

Eterno Pai, olhai com Misericórdia para as almas dos nossos irmãos separados que esbanjaram os vossos bens e abusaram das vossas graças, permanecendo teimosamente nos seus erros. Não olheis para os seus erros, mas para o amor do vosso Filho e para a sua amarga Paixão, que suportou por eles, pois também eles estão encerrados no Coração compassivo de Jesus. Fazei com que também eles glorifiquem a vossa Misericórdia por toda a eternidade. Amém.

Sexto dia

Hoje traze-Me as almas mansas, assim como as almas das criancinhas, e mergulha-as na minha Misericórdia. Estas almas são as mais semelhantes ao meu Coração. Elas reconfortaram-Me na minha amarga Paixão da minha agonia. Eu as vi quais anjos terrestres que futuramente iriam velar junto aos meus altares. Sobre elas derramo torrentes de graças. Só a alma humilde é capaz de aceitar a minha graça; às almas humildes favoreço com a minha confiança.

Misericordiosíssimo Jesus, que dissestes: “Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração”, aceitai na mansão do vosso compassivo Coração as almas mansas e humildes e as almas das criancinhas. Estas almas encantam o Céu todo e são a especial predileção do Pai Celestial, são como um ramalhete diante do trono de Deus, com cujo perfume o próprio Deus se deleita. Estas almas têm a mansão permanente no Coração compassivo de Jesus e cantam sem cessar um hino de amor e misericórdia pelos séculos.

Eterno Pai, olhai com Misericórdia para as almas mansas e humildes e para as almas das criancinhas, que estão encerradas na mansão compassiva do Coração de Jesus. Estas almas são as mais semelhantes a vosso Filho; o perfume destas almas eleva-se da Terra e alcança o vosso trono. Pai de Misericórdia e de toda bondade, suplico-Vos pelo amor e predileção que tendes para com estas almas, abençoai o mundo todo, para que todas as almas cantem juntamente a glória à vossa Misericórdia, por toda a eternidade. Amém.

Sétimo dia

Hoje traze-Me as almas que veneram e glorificam de maneira especial a minha Misericórdia e mergulha-as na minha Misericórdia. Estas almas foram as que mais sofreram por causa da minha Paixão e penetraram mais profundamente no meu espírito. Elas são a imagem viva do meu Coração compassivo. Estas almas brilharão com especial fulgor na vida futura. Nenhuma delas irá ao fogo do Inferno; defenderei cada uma delas de maneira especial na hora da morte.

Misericordiosíssimo Jesus, cujo Coração é o próprio amor, aceitai na mansão do vosso compassivo Coração as almas que honram a glorificam de maneira especial a grandeza da vossa Misericórdia. Estas almas tornadas poderosas pela força do próprio Deus, avançam entre penas e adversidades, confiando na vossa Misericórdia. Estas almas estão unidas com Jesus e carregam sobre os seus ombros a humanidade toda. Elas não serão julgadas severamente, mas a vossa Misericórdia as envolverá no momento da morte.

Eterno Pai, olhai com Misericórdia para as almas que glorificam e honram o vosso maior atributo, isto é, a vossa inescrutável Misericórdia; elas estão encerradas no Coração compassivo de Jesus. Estas almas são o Evangelho vivo e as suas mãos estão cheias de obras de misericórdia; suas almas repletas de alegria cantam um hino de misericórdia ao Altíssimo. Suplico-Vos, ó Deus, mostrai-lhes a vossa Misericórdia segundo a esperança e confiança que em Vós colocaram. Que se cumpra nelas a promessa de Jesus, que disse: “As almas que veneram a minha insondável Misericórdia, Eu mesmo as defenderei durante a vida, especialmente na hora da morte, como minha glória.” Amém.

Oitavo dia

Hoje traze-Me as almas que se encontram na prisão do Purgatório e mergulha-as no abismo da minha Misericórdia; que as torrentes do meu Sangue refresquem o seu ardor. Todas estas almas são muito amadas por Mim, pagam as dívidas à minha Justiça. Está em teu alcance trazer-lhes alívio. Tira do tesouro da minha Igreja todas as indulgências e oferece-as por elas. Oh, se conhecesses o seu tormento, incessantemente oferecerias por elas a esmolas do espírito e pagarias as suas dívidas à minha Justiça.

Misericordiosíssimo Jesus, que dissestes que quereis misericórdia, eis que estou trazendo à mansão do vosso compassivo Coração as almas do Purgatório, almas que Vos são muito queridas e que no entanto devem dar reparação à vossa Justiça; que as torrentes de Sangue e Água que brotaram do vosso Coração apaguem as chamas do fogo do Purgatório, para que também ali seja glorificado o poder da vossa Misericórdia.

Eterno Pai, olhai com Misericórdia para as almas que sofrem no Purgatório e que estão encerradas no Coração compassivo de Jesus. Suplico-Vos que, pela dolorosa Paixão de Jesus, vosso Filho, e por toda a amargura de que estava inundada a sua Alma santíssima, mostreis vossa Misericórdia às almas que se encontram sob o olhar da vossa Justiça; não olheis para elas de outra forma senão através das Chagas de Jesus, vosso Filho muito amado, porque nós cremos que a vossa bondade e Misericórdia são incomensuráveis. Amém.

Nono dia

Hoje traze-Me as almas tíbias e mergulha-as no abismo da minha Misericórdia. Estas almas ferem mais dolorosamente o meu Coração. Foi da alma tíbia que a minha Alma sentiu repugnância no Horto. Elas levaram-Me a dizer: Pai afasta de Mim este cálice, se assim for a vossa vontade. Para elas, a última tábua de salvação é recorrer a minha Misericórdia.

Ó compassivo Jesus, que sois a própria Compaixão, trago à mansão do vosso compassivo Coração as almas tíbias; que se aqueçam no fogo do vosso amor puro estas almas geladas, que, semelhantes a cadáveres, Vos enchem de tanta repugnância. Ó Jesus, muito compassivo, usai a onipotência da vossa Misericórdia e atraí-as até ao fogo do vosso amor e concedei-lhes o amor santo, porque Vós tudo podeis.

Eterno Pai, olhai com Misericórdia para as almas tíbias e que estão encerradas no Coração compassivo de Jesus. Pai de Misericórdia, suplico-Vos pela amargura da Paixão do vosso Filho e por sua agonia de três horas na Cruz, permiti que também elas glorifiquem o abismo da vossa Misericórdia… Amém.

Fonte: Canção Nova

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Uma mulher não precisa se fazer de vítima




E o que é a vítima? É aquela pessoa que se sente inferior à realidade

Na realidade, existem dois polos bastante distintos entre eu e aquilo que não sou eu. Entre eu e o mundo que me cerca, entre eu e as circunstâncias, entre eu e as outras pessoas.

E a nossa postura na vida depende de como estabelecemos essa relação entre nós e os outros, entre os membros da nossa família e da sociedade, com as coisas, o trabalho etc. Depende de como estabelecemos essa relação entre nós e a realidade externa. A nossa maneira de sentir e viver depende de como cada um de nós internalizou essas duas partes da realidade.

E uma das maneiras pelas quais aprendemos a nos relacionar com os outros é por meio de uma postura que podemos chamar de vítima, muito comum entre as mulheres.

E o que é a vítima? É aquela pessoa que se sente inferior à realidade. Sente-se esmagada pelo mundo externo, sente-se a coitada, a fraca frente aos acontecimentos.

Vítima é a pessoa que se acostumou a ver a realidade apenas nos seus aspectos negativos.Sempre sabe o que “não pode”, o que “não deve” e o que “não dá certo”. Sempre vê só a sombra da realidade. As vítimas têm uma incrível capacidade diagnóstica para perceber os problemas existentes, porém, uma incrível incapacidade estrutural de procurar o caminho e as soluções dos problemas, por isso os transfere para os outros.http://loja.cancaonova.com/products/28741-livro-diversas-oracoes-de-cura-e-libertacao

Ela transfere para as pessoas, para as circunstâncias, para o mundo exterior seus sofrimentos sem conseguir assumir a responsabilidade do que lhe está acontecendo. Não assume o seu “pedaço” na vida e vive culpabilizando os outros pelo que está ocorrendo na sua vida e por seu modo de encarar a vida.

“Se o mundo não fosse do jeito que é, se tal pessoa não fosse do jeito que é, se o marido não fosse do jeito que é, se a esposa não fosse do jeito que ela é, se o filho não fosse do jeito que ele é, ela estaria completamente bem”, porque ela é a boa; os outros é que têm ineficiências e precisam mudar. Este é um jogo que se chama: “jogo da infelicidade da vítima”. A vítima é uma pessoa que sofre e gosta de fazer os outros sofrerem com o sofrimento dela. É a pessoa que usa as suas dificuldades físicas, afetivas, financeiras, conjugais, profissionais e sexuais –que fazem parte da natureza humana –, não para crescer, mas para chantagear as outras pessoas.

As pessoas que se fazem de vítima estão sempre na postura de defensiva e de justificativa. Para não assumir seus erros, justifica-se, e de justificativa em justificativa paralisa-se, impedindo o seu próprio crescimento. A vítima é incompetente na sua relação com o mundo. Quando colocamos a responsabilidade total dos nossos problemas nas outras pessoas ou circunstâncias, nós tiramos a possibilidade de crescimento que existe em nós mesmos.

Muitas vezes, a vítima toma a postura de querer mudar as outras pessoas para não mudar a si mesma e encarar a sua realidade e o seu sentimento de solidão.

Isso acontece quando não nos percebemos responsáveis pela nossa própria vida em seus altos e baixos, no bem e no ruim, nas alegrias e nas tristezas. Quando defendemos a nossa felicidade a partir da maneira que os os outros agem. É quando condicionamos a nossa felicidade e paz interior ao comportamento e à ação dos outros. Sejam eles nossos amigos, nossos pais, nossos cônjuges, colegas de trabalho, nossa comunidade e outras pessoas com as quais nos relacionamos.

E como essas pessoas não agem de acordo com o nosso padrão, sentimo-nos coitados e sofredores. A melhor maneira de sermos infelizes é acreditar que compete a alguém nos dar felicidade, o que é uma grande mentira. E assim mascaramos nossa vida frente aos problemas. Usamos uma máscara para não assumir e não encarar a realidade difícil quando ela se apresenta.

Toda relação humana é um via de mão dupla; eu e a sociedade, eu e a família, eu e o mundo que me cerca. E o fato de que o mundo me apresenta aspectos negativos não quer dizer que eu seja perfeito e o resto do mundo imperfeito; e o fato de eu possuir uma ineficiência não quer dizer que os outros não a possuam.


O maior mal que fazemos é usar as limitações de outras pessoas do nosso relacionamento para não aceitar a nossa própria parte escura. Assim usamos o sistema como “bode expiatório” à nossa acomodação e sofrimento.

A vítima transformou a sua vida numa grande reclamação. E sua forma de agir e de pensar é sempre de uma forma queixosa. É a maneira mais cômoda para não resolver os problemas. Quando usa seu próprio sentimento para controlar o sentimentos das outras pessoas, coloca-se como dominada, como fraca, para assim dominar o sentimentos das outras pessoas.

O que mais lhe caracteriza é sua falta de vontade de crescer. Sofrendo de uma doença chamada perfeccionismo, que é a inaceitação ou intolerância com a imperfeição humana, ela desiste de seu próprio crescimento, torturando-se como uma imagem perfeccionista do que deveria ser e tortura também os outros pelo como as pessoas deveriam ser.

Há uma tentativa na vítima de enquadrar o mundo e as pessoas no molde que ela própria criou, e toda vez que temos um modelo ideal na cabeça, evitamos entrar em contato com a realidade . A vítima não se relaciona com as pessoas da maneira que elas são, mas da maneira como ela gostaria que os outros fossem. É comum querermos que os outros sejam aquilo que não estamos dando conta de ser; o filho, a mulher, o marido, os amigos, sejam aquilo que eu não sou.

Para sairmos deste padrão de comportamento, precisamos entender que as dificuldades e limitações do mundo externos são apenas desafios ao nosso desenvolvimento. Portanto, se assumirmos o nosso pedaço no mundo e estivermos presentes, tudo vai tomando outro sentido; assim como quanto pior for um doente, mais competente dever ser um médico; quanto pior for o aluno, mais competente dever ser o professor; assim, quanto pior for o sistema e a sociedade que nos cerca, mais competente devemos ser enquanto pessoas que fazem parte dela. Quanto pior for meu filho, mais competente como pai ou como mãe; quanto pior o marido, mais competente deve ser a esposa; quanto pior a esposa, mais competente o marido e assim por diante. Portanto, deixar de ocupar o papel de vítima é parar de delegar ao mundo e às pessoas que nos cercam a causa de nossas atribulações e problemas.

Basta pararmos de olhar para a imperfeição externa e termos a coragem de assumir a nossa limitação humana, é sermos capazes de deixar o orgulho que está escondido sobre a máscara da falsa humildade. É saber aceitar que a morte acontece, que a morte antecede a vida, que a semente morre antes de nascer e que a noite antecede o dia.

Todas as evidências da nossa vida mostram que o erro existe em nós, nos outros e no mundo. Mas o neurótico é aquele que não quer aceitar o óbvio.

Faça uma escolha inteligente por si mesmo e para que suas relações interpessoais sejam mais saudáveis. Pare de distribuir culpas e de esperar que o mundo e as pessoas ao seu redor mudem. Comece mudando a si mesmo, aceitando-se e assumindo sua própria vida. Se não pode mudar as circunstâncias ao seu redor, mude a sua forma de olhar para elas, viva intensamente o momento presente como se fosse o primeiro dia de sua vida e também como se fosse o último, peça a Deus a graça de ter um coração grato e aprenda a reconhecer todos os incontáveis presentes que a vida lhe oferece todos os dias; seja grato pela natureza que lhe cerca, pela sua família, pelos seus amigos, tal como eles. Aos poucos, você vai perceber que um novo alvorecer lhe espera e, assim, a vida poderá ganhar um novo colorido e um novo significado.
Judith Dipp

terça-feira, 7 de abril de 2015

Oração de libertação de nossa casa



Esta oração de libertação pode ser feita em casa com a família reunida

Após fazê-la, reze um Pai-Nosso e jogue água abençoada em todos os cômodos.


Em nome do Pai, do Filho, do Espírito Santo. Amém!

Pai de infinita bondade, estou consagrando ao Senhor minha casa, este lugar em que moro com meus familiares.

Muitas casas se tornam lugar de brigas, de disputas por heranças, de dívidas financeiras, choros e sofrimentos. Algumas são cenário de adultério, outras se transformam em lugar de ódio, vingança, prostituição, pornografia, devassidão, roubos, tráfico de drogas, falta de respeito, doenças graves, doenças psicológicas, agressividade, mortes e abortos.

Às vezes, enquanto a casa é construída, alguém, pelos mais variados motivos, amaldiçoa os donos ou os materiais de construção usados. Isso não é bom para o lugar em que vivemos. Por isso eu Te peço, Senhor, retira tudo isso do nosso lar.

Se o terreno, no qual está a casa, foi motivo de disputas judiciais e heranças mal resolvidas, o que pode ter gerado mortes, acidentes, violência e agressividade, peço, Senhor, que nos abençoes e afastes de nós todo esse mal!

Eu sei que o inimigo se aproveita dessas situações para instalar seu quartel geral, mas também sei que Tu tens o poder de expulsar daqui todo mal. Por isso, peço que o demônio vá direto aos Teus pés e nunca mais volte para esta casa.

Hoje, tomei a decisão de consagrar esta casa a Ti. Peço que, assim como foste na casa dos noivos de Caná da Galileia e ali fizeste o Teu primeiro milagre, venha hoje à minha casa e expulse todo o mal que possa estar nela enraizado e as possíveis maldições nela impregnadas.

Por favor, Cristo Senhor, expulsa agora, com o Teu poder, todo mal, toda falsa enfermidade, o espírito de separação, o adultério, os problemas financeiros, os espíritos malignos de agressividade, de desobediência, de bloqueios afetivos e familiares, toda e qualquer consagração, feitiço, benzimentos ou evocação dos mortos, simpatias ou uso de cristais, energização, todo tipo de vulto e barulho (cite outros incômodos que não estão aqui listados e que o (a) perturbam).

Que esses males sejam expulsos, agora, deste lugar, em nome de Jesus, e nunca mais voltem, pois esta casa agora pertence a Deus e a Ele é consagrada!

Senhor, eu Te peço, expulsa daqui toda a agressividade entre irmãos, toda briga, a falta de respeito e violência entre pais e filhos, entre o casal que aqui habita, entre os moradores desta casa e os vizinhos.

Que os anjos de Deus venham morar conosco. Que cada quarto, sala, banheiro, cozinha, corredor e área externa sejam agora habitados por eles. Que nossa casa seja uma fortaleza habitada e protegida pelos anjos do Senhor, para que toda a nossa família permaneça em oração, na fidelidade do amor a Deus, e que nela habitem a paz e a plena concórdia.

Muito obrigado (a), Senhor, por atender as minhas preces! Que cada dia possamos Te servir e que sejamos sempre agraciados com a Tua bênção. Saiba, Senhor, que esta casa Te pertence. Fica conosco, Senhor! Amém!

Autor: Padre Vagner Baia

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Páscoa é uma festa de família




A Páscoa é uma festa de família, porque viver ressuscitado é saboroso como o chocolate

Que conceito bonito este de que a família é a Igreja doméstica! “Em nossos dias, num mundo que se tornou estranho e até hostil à fé, as famílias cristãs são de importância primordial, como lares de fé viva e irradiante. Por isso, o Concilio Vaticano II chama a família, usando uma antiga expressão, de ‘Eclésia doméstica’. É no seio da família que os pais são ‘para os filhos, pela palavra e pelo exemplo, os primeiros mestres da fé. E favoreçam a vocação própria a cada qual, especialmente a vocação sagrada’” (Catecismo da Igreja Católica, n° 1656).


O lar cristão é o lugar em que os filhos recebem o primeiro anúncio da fé. Por isso, o lar é chamado, com toda razão, de “Igreja doméstica”, comunidade de graça e oração, escola das virtudes humanas e da caridade cristã (Catecismo da Igreja Católica, n° 1666).

Os pais são os primeiros a transmitir a fé, os valores cristãos e universais e uma boa educação para os filhos. Pai e mãe são mestres da vida; pela palavra e pelo exemplo, eles nos ensinam coisas que vamos levar para a vida toda, que vão influenciar nossas escolhas e, principalmente, formar a nossa consciência do bem e do mal. Serão os primeiros catequistas, que, muito mais do que ensinar, vão transmitir pela prática, porque os filhos os verão fazendo.

Eu mesmo poderia dizer da minha mãe e da minha avó quando as via rezar o terço diante da imagem de Nossa Senhora: “Era uma santa ouvindo o que a outra santa dizia!”. Meus pais imprimiram em mim muito mais do que traços biológicos e heranças hereditárias, qualidades e defeitos e o desejo de um futuro brilhante. Eles fizeram com que eu experimentasse o amor de Deus e a graça da fé. Quando ainda era criança, sem que eu entendesse, deram-me um banho de Água Viva, que me fez nascer de novo e me enxertou em Cristo Jesus. Dando-me assim o dom da imortalidade e a graça de pertencer a uma família muito grande: a Igreja!

Como explicar para as crianças e os jovens que, na Páscoa, o mais importante é a festa da vida que vence a morte? Que Cristo verdadeiramente foi morto numa cruz e que, por aceitar morrer assim, Ele nos libertou do pecado e nos salvou pela Sua Ressurreição? A Páscoa é uma festa de família, porque viver ressuscitado é saboroso como o chocolate, é cheio de vida como o ovo e é tão fecundo como um casal de coelhinhos. É preciso ter a coragem de celebrar a fé em família e ensinar o verdadeiro sentido de ser cristão.

Celebrar a Páscoa é renascer com Cristo ressuscitado, é passar da morte para a vida, é vencer o pecado e a morte. É também celebrar a vida com o sabor de um ovo de chocolate e mostrar ao mundo que o cristão precisa ser como o coelho: fecundo em virtudes, amor e santidade. É arrumar uma ceia e acender uma vela para convidar os amigos e parentes para se iluminarem com a luz de nossa fé. Uma fé que nasce e renasce constantemente no seio de nossas famílias. É ser criativo e pedir ao Espírito Santo que grave em nossos corações a graça e o verdadeiro sentido dos símbolos pascais:

O Círio Pascal: Representa o Cristo Ressuscitado, que deixou o túmulo, radioso e vitorioso. Na vela pascal ficam gravadas as letras Alfa e Ômega, significando que Deus é o princípio e o fim. Os algarismos do ano também ficam gravados no Círio Pascal. Nas casas cristãs, é comum o uso da vela no centro da mesa no almoço de Páscoa.

O ovo, aparentemente morto, é o símbolo da vida que surge repentinamente, destruindo as paredes externas e irrompendo com a vida. Simboliza a Ressurreição.

O Cordeiro: Na Páscoa da antiga aliança, era sacrificado um cordeiro. No Novo Testamento, a vítima pascal é Jesus Cristo, chamado Cordeiro Pascal.

O Coelho: Símbolo da rápida e múltipla fecundidade da Igreja, que está espalhada por toda a parte, reproduzindo fiéis: há um número incalculável de filhos de Deus, frutos da Graça da Ressurreição.

O Trigo e a Uva: Simbolizam o pão e o vinho da Santa Missa e, por seu grande significado com a Trindade Santa, traduzem, por excelência, o símbolo Pascal. Para a ornamentação da mesa de Páscoa, nada mais indicado que um centro feito com uvas e trigo, entre cestas de pães e jarras de vinho.

O peixe é o mais antigo dos símbolos de Cristo. Se Ele é o Grande Peixe, somos os peixinhos d’Ele. Isso quer dizer que devemos sempre viver mergulhados na graça de Cristo e na vida divina, trazidas a nós pela água do batismo, momento em que nascemos espiritualmente, como os peixinhos nascem dentro d’água.

Cristo ressuscitou, ressuscitou verdadeiramente. Aleluia!

FELIZ PÁSCOA!

Padre Luizinho, natural de Feira de Santana (BA), é sacerdote na Comunidade Canção Nova.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Transtorno bipolar: quais são as armas para a luta?




Existem armas para lutar contra os sintomas da bipolaridade, o que torna melhor a vida do portador

No último artigo, falamos sobre os mitos em torno do transtorno bipolar. Hoje, apresentaremos algumas ferramentas úteis no enfrentamento e na convivência com esse transtorno que assola tantas pessoas e famílias nos dias atuais. Como verdadeiras armas, essas dicas poderão ajudar quem enfrenta, dia após dia, a batalha da bipolaridade:

1. Medicação – A medicação prescrita pelo médico assistente é importante e deve ser seguida criteriosamente. Ela é importante tanto para a estabilização do humor quanto para proteger o cérebro de degenerações e agravamentos da doença.

2. Psicoterapia – Terapia é fundamental. Uma boa abordagem pode auxiliar na harmonização de pensamentos, organização de relacionamentos e elaboração de novas estratégias para se enfrentar a enfermidade.

3. Psicoeducação – Conhecer a própria doença, entender melhor o seu padrão de humor e temperamento ajudam o paciente a enfrentar momentos de instabilidade de modo mais seguro e, consequentemente, obter maior sucesso no tratamento.

4. Hábitos de vida – A promoção de hábitos saudáveis e regulares de vida comprovadamente favorece a qualidade de saúde de forma geral. De modo particular, o portador de transtorno bipolar pode ser beneficiado com uma boa higiene do sono, uma rotina diária regular e a programação de suas atividades.

Unidos a essas armas há o apoio familiar que é, sem dúvida, essencial. Dentre tantas posturas e atitudes, algo muito importante que o cuidador, parente ou amigo pode fazer é ajudar na identificação de que os sinais de uma possível crise eventualmente se aproxima. Essa habilidade, desenvolvida a partir do conhecimento e da convivência podem muito ajudar, evitando danos e mantendo o quadro controlado por mais tempo.

Por fim, é preciso que o portador de transtorno bipolar tenha fé para que prossiga na luta diária pelo equilíbrio do humor. Não é fácil, mas seguindo aquilo que o Senhor oferece a partir do conhecimento humano e da firme esperança ancorada n’Ele, é possível, depois de muito lutar, finalmente vencer. E, então, poder repetir como São Paulo o canto dos vitoriosos: “Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé” (II Timóteo, 4-7).

Érika Vilela

domingo, 22 de março de 2015

Por que existe o sofrimento?




Se Deus existe, por que Ele permite tanta desgraça, especialmente com pessoas inocentes?

O sofrimento faz parte da vida do homem, contudo, este se debate diante disso. E o que mais o faz sofrer é o sofrimento inútil, sem sentido.

Saber sofrer é saber viver. Os que sofrem fazem os outros sofrer também. Por outro lado, os que aprendem a sofrer podem ver um sentido tão grande no sofrimento que até o conseguem amar.

No entanto, só Jesus Cristo pode nos fazer compreender o significado do sofrimento. Ninguém sofreu como Ele nem soube enfrentá-lo [sofrimento] e dar-lhe um sentido transcendente. Ninguém o enfrentou com tanta audácia e coragem como Cristo.

Há uma distância infinita entre o Calvário de Jesus Cristo e o nosso; ninguém sofreu tanto e tão injustamente como Ele. Por isso, Ele é o “Senhor do sofrimento”, como disse Isaías, “o Homem das Dores”.

Só a fé cristã pode ajudar o homem a entender o padecimento e a se livrar do desespero diante dele.

Muitos filósofos sem fé fizeram muitos sofrer. Marcuse levou muitos jovens ao suicídio. Da mesma forma, Schopenhauer, recalcado e vítima trágica das decepções, levou o pessimismo e a tristeza a muitos. Zenão, pai dos estóicos, ensinava diante do sofrimento apenas uma atitude de resignação mórbida, que, na verdade, é muito mais um complexo de inferioridade. O mesmo fez Epícuro, que estimulava uma fantasia prejudicial e vazia, sem senso prático. Da mesma forma, o fazia Sêneca. E Jean Paul Sartre olhava a vida como uma agonia incoerente vivida de modo estúpido entre dois nadas: começo e fim; tragicomédia sem sentido à espera do nada definitivo.

Os materialistas e ateus não entendem o sofrimento e não sabem sofrer; pois, para eles o sofrer é uma tragédia sem sentido. Os seus livros levaram o desespero e o desânimo a muitos. ‘O “Werther”’, de Goethe, induziu dezenas de jovens ao suicídio. “’A Comédia Humana”’, de Balzac, levou muitos a trágicas condenações. Depois de ler ‘“A Nova Heloísa’”, de Rosseau, uma jovem estourou os miolos numa praça de Genebra. Vários jovens também se suicidaram, em Moscou, depois de ler ‘“Os sete que se enforcaram”’, de Leonid Andreiv.

Um dia Karl Wuysman, escritor francês, entre o revólver e o crucifixo, escolheu o crucifixo. Para muitos, essa é a alternativa que resta.

Esses filósofos, sem fé, levaram muitos à intoxicação psicológica, ao desespero e à depressão, por não conseguirem entender o sofrimento à luz da fé.

Quem nos ensinará sobre o sofrimento? Somente Nosso Senhor Jesus Cristo e aqueles que viveram a Sua doutrina. Nenhum deles disse um dia: “O Senhor me enganou!” Não. Ao contrário, nos lábios e na vida de Cristo encontraram força, ânimo e alegria para enfrentar o sofrimento, a dor e a morte.

Alguns perguntam: “Se Deus existe, por que Ele permite tanta desgraça, especialmente com pessoas inocentes?”.

Será que o Todo-poderoso não pode ou não quer intervir em nossa vida ou será que não ama Seus filhos? Cada religião dá uma interpretação diferente para essa questão. A Igreja, com base na Revelação escrita e transmitida pela Sagrada Escritura, nos ensina com segurança. A resposta católica para o problema do sofrimento foi dada de maneira clara por Santo Agostinho († 430) e por São Tomás de Aquino († 1274): “A existência do mal não se deve à falta de poder ou de bondade em Deus; ao contrário, Ele só permite o mal porque é suficientemente poderoso e bom para tirar do próprio mal o bem” (Enchiridion, c. 11; ver Suma Teológica l qu, 22, art. 2, ad 2).

Como entender isso?

Deus, sendo por definição o Ser Perfeitíssimo, não pode ser a causa do mal, logo, esta é a própria criatura que pode falhar, já que não é perfeita como o seu Criador. Deus não poderia ter feito uma criatura ser perfeita, infalível, senão seria outro deus.

Na verdade, o mal não existe, ensina a filosofia; ele é a carência do bem. Por exemplo, a doença é a carência do estado de saúde; a ignorância é a carência do saber, e assim por diante.

Por outro lado, o mal pode ser também o uso errado de coisas boas. Uma faca é boa na mão da cozinheira, mas na mão do assassino… Até mesmo a droga é boa, na mão do anestesista.

O Altíssimo permite que as criaturas vivam conforme a natureza de cada uma; permite, pois, as falhas respectivas. Toda criatura, então, pelo fato de ser criatura, é limitada, finita e, por isso, sujeita a erros e a falhas, os quais acabam gerando sofrimentos. Assim, o sofrimento é, de certa forma, inerente à criatura. O Papa João Paulo II, em 11/02/84, na Carta Apostólica sobre esse tema disse: ““O sentido do sofrimento é tão profundo quanto o homem mesmo, precisamente porque manifesta, a seu modo, a profundidade própria do homem e ultrapassa esta. O sofrimento parece pertencer à transcendência do homem”” (Dor Salvífica, nº 2). “De uma forma ou de outra, o sofrimento parece ser, e de fato é, quase inseparável da existência terrestre do homem” (DS, nº 3).

Felipe Aquino

sábado, 21 de março de 2015

Cultive suas amizades verdadeiras



As amizades verdadeiras produzem um amor que vem da alma

“Há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam, mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre” (Cecília Meireles). As pessoas que nos marcam para sempre chamamos de amigos.

O que você acha de visitar um parque de diversões sozinho? Você vai gritar na montanha russa e não terá ninguém para gritar com você. Vai rir no trem fantasma e não haverá outro riso junto ao seu. Imagine-se sempre sozinho. Os passeios são agradáveis, os lugares são bons e as coisas são boas, porque há pessoas conosco. O bom não é o lugar, mas a companhia dessas pessoas que simplesmente aparecem em nossa vida e nos marcam para sempre.

Lendo alguns textos sobre amizade, deparei-me com o convite acima e fiquei imaginando todos os lugares que vou sem a companhia de alguém. Seja qual for a circunstância, tudo se tornará mais leve se estivermos bem acompanhados, amorosamente acolhidos por um amigo ou por alguém que ocupa uma função importante em nossa vida e conseguiu estabelecer amizade conosco.

O mundo está tão veloz que o novo formato de amizade não espera, não perdoa, não insiste, não aprende, não ensina e não entende que a verdadeira amizade é a esperança dos tempos atuais. A tecnologia avança nos mais diversos setores, mas tem trazido várias consequências. Escreve o Papa Francisco, na Exortação Apostólica ‘A Alegria do Evangelho‘, pag. 47, “que a maior parte dos homens e mulheres do nosso tempo vive o seu dia a dia precariamente, com funestas consequências: aumentam algumas doenças, o medo e o desespero apoderam-se do coração de inúmeras pessoas, a alegria de viver frequentemente se desvanece. Crescem a falta de respeito e a violência, a desigualdade social torna-se cada vez mais patente. É preciso lutar para viver”.

É justamente em meio a essas consequências que os verdadeiros amigos precisam ocupar um espaço em nossa vida, pois eles nos devolvem a alegria mesmo em tempo ruim. Passar pela tempestade acompanhado de pessoas que querem estar em nossa companhia é muito bom!

A vida que a cultura atual impõe não nos reserva tempo para fortalecer vínculos nem amadurecer as amizades. Tem-se feito amigo da noite para o dia sem nenhuma profundidade de relacionamento. O modelo das relações líquidas nos envolveu a tal ponto, que convivemos com a ideia de que todos se amam, todos são amigos e ninguém se conhece. Por isso é tão importante que os amigos se visitem, compreendam-se, aprendam a suportar seus bicos, seus erros e a se perdoar.

Arriscar-se por um amigo é sentir-se comprometido com a amizade, é sentir necessidade de sair de casa para visitá-lo e levar-lhe rosas. As pessoas estão ficando em casa, de portas e janelas fechadas, porque não cultivam suas amizades, não recebem mais visitas. Os amigos passaram. Que tristeza! Vivem de lembranças. E parece que a ausência de um ombro amigo está acontecendo em todas as esferas, quer seja familiar, religiosa, profissional ou social. Ops! Estamos falando de nós mesmos? O que está nos faltando para termos e sermos bons amigos?

Antigamente, fim de tarde, sol se pondo, era comum ver os pais sentados à porta de casa esperando seus amigos voltarem do trabalho. Eles visitavam seus compadres e levavam seus filhos para pedir a bênção a eles. Caso adoecesse algum amigo, eles eram os primeiros a chegar para socorrê-los. E hoje? Será que nos faltam esses bons modelos? A Palavra de Deus nos apresenta uma amizade que nos motiva a sair de nós mesmos e fazer o movimento de lutar por ela. A Palavra descreve a relação de Jônatas e Davi como um grande exemplo de amizade, que nasceu de um momento de angústia.

A alma de Jônatas, conta a Escritura, ligou-se à alma de Davi, porque precisava fortalecê-lo nos momentos de angústia e solidão. Então, Jônatas despiu-se de suas vestes reais, na presença de Davi, manifestando a mais profunda amizade por ele. Atitude bem semelhante à de Cristo. Por amor à humanidade, permitiu que Suas vestes fossem rasgadas e que Sua carne fosse cravada. Cristo se aliançou com a humanidade nesse momento. Ele fez uma aliança de amor para salvar o Seu povo. Jesus nos chama de amigos: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer” (Jo 15,15). Jônatas se aliançou com Davi por amor, o qual já trazia consigo um comportamento dócil para fazer amizade, por ser um homem gentil e por fazer amigos facilmente. Até quando estava na caverna, conseguiu fazer amigos.

Concorda a Palavra, no Livro de 1 Samuel 16,18b, que a amizade feita por Davi, na caverna, fez com que ele se sentisse apoiado diante de homens de sua confiança. Contudo, nenhum deles tinha o amor e a fidelidade igual a de Jônatas.

Jônatas não deixou que o ódio e a inveja de seu pai o contaminassem. Ele usou do discernimento para ser amigo de um rei. Agradar ao Senhor, nessas circunstâncias, seria conservar, da melhor forma possível, a sua amizade com Davi. Portanto, a amizade entre eles era autorizada por Deus. Queria o Senhor que eles fossem amigos, e Jônatas e Davi fizeram uma aliança.

Em I Sm 18,4, “Jônatas despojou-se da capa que trazia sobre si e a deu a Davi, como também as suas vestes, até a sua espada, o seu arco, o seu cinto, o seu título”. Do cansaço de Jônatas descansou Davi.

Considera-se que nenhuma amizade seja tão marcante na Bíblia quanto a cumplicidade de Jônatas e Davi, a qual, ainda hoje, é criticada pela sociedade moderna. Compreende-se essa deturpação pela baixa frequência de relacionamentos fiéis de confiança e de amor entre pessoas do mesmo sexo. Amigos que produzem um amor que vem da alma. Nem os pais amam mais assim, nem os filhos nem os irmãos. A competição e a indiferença tomou conta das relações. A profundidade do vínculo estabelecido foi fortalecido por conta do agir de Jônatas no mundo de Davi. Este, por sua vez, modificou-se pelas consequências das ações do amigo. Jônatas o protegeu da morte; não cedeu aos caprichos e vaidades do seu próprio pai, o Rei Saul; renunciou à possibilidade de conquistar o maior título daquela época, viveu as consequências de ter se tornado o escolhido por Deus para ser amigo de Davi. Tanto este quanto Jônatas agiram sobre o mundo um do outro provocando as mudanças necessárias para a realização dos propósitos do Senhor. Os dois quiseram que a amizade que os unia se prolongasse e fosse verdadeira.

Hoje, as amizades começam, mas não duram. É necessário estar disposto a pagar um preço por uma amizade, principalmente se ela traz sinais do consentimento de Deus para sua existência. É importante sentir-se apto a cultivar uma amizade e a fraternidade com alguém merecedor do seu amor e da sua confiança. Davi reconheceu o valor do amor de Jônatas por ele. Diz a Palavra que quando este morreu, Davi lamentou a sua partida. Precisamos lamentar a partida de um grande amigo e se alegrar com sua chegada.

Deus abençoe os nossos amigos! Que possamos amar como Jônatas e sermos dóceis como Davi para atrairmos bons amigos.

Judinara Braz

sexta-feira, 20 de março de 2015

Sintomas de uma aridez espiritual




Há momentos na vida que tudo está perfeitamente bom; outros apresentam-se nebulosos

Quando menos esperamos, as tempestades chegam. O vento forte parece arrancar-nos da segurança que antes havíamos experimentado, mas basta uma linda manhã com céu azul para percebermos que a tempestade se foi e deixou atrás de si um grande trabalho de reconstrução.

Nossa vida espiritual passa por esse mesmo processo. Há momentos em que conseguimos fazer uma linda experiência com o amor de Deus. Oramos e sentimos a presença d’Ele ao nosso lado em muitos momentos de nossa caminhada espiritual. Contudo, há tempos em nossa vida de oração que o Senhor parece estar longe de nossa presença.

No campo da espiritualidade, chamamos esses momentos de “aridez espiritual”.Caminhamos sob o sol escaldante da incerteza e buscamos um Oásis que nos sacie com a Água da Vida, e assim nos devolva a certeza de antes, a qual havíamos perdido.

Nossa vida espiritual e de oração não são estáveis; ao contrário, são instáveis. Poderíamos compará-las a um gráfico com altos e baixos. Há momentos em que tudo está perfeito e sentimos Deus com todo o nosso ser. Em outras ocasiões, não conseguimos percebê-Lo ao nosso lado.

Quando muitas pessoas entram no processo de enfrentar, na vida de fé, um deserto espiritual, desesperam-se. Não conseguem compreender que a vida de oração é um caminhar constante. Somos eternos peregrinos em busca de Deus.

Olhando sob outra perspectiva, os desertos espirituais são importantes para nossa vida de oração. Se os nossos momentos de oração fossem estáveis, correríamos o risco de nos acostumarmos e entrarmos no comodismo espiritual; e então a monotonia tomaria conta do nosso ser. Mas quando surge, na vida, um momento de aridez, tomamos consciência de que as dificuldades são necessárias para o nosso crescimento humano e espiritual. E assim somos obrigados a nos desinstalar e sair em peregrinação em busca d’Aquele que pode saciar todas as nossas mais profundas sedes.

Quem enfrenta uma aridez espiritual terá de caminhar em busca do oásis, no qual se encontra o próprio Deus. Encontrando-O, redescobriremos a alegria do encontro. No entanto, há muitas pessoas que desanimam na travessia dos desertos espirituais da vida e estacionam no meio da caminhada. Uma vez estacionadas, perdem o ânimo e não conseguem chegar à Fonte da Vida. Perdem-se em si mesmas e em seus próprios medos.

Na vida de oração, não fazemos a experiência de Deus somente nos momentos bons. O Senhor também se mostra presente quando não sentimos Sua presença conosco. Na travessia do deserto, é o próprio Deus quem caminha ao nosso lado, segurando nossa mão e dizendo ao nosso coração: “Não tenha medo, pois eu estou com você. Não precisa olhar com desconfiança, pois eu sou o seu Deus. Eu fortaleço você, eu o ajudo e o sustento com minha direita vitoriosa” (Is 41,10).

Padre Flávio Sobreiro - Padre da Arquidiocese de Pouso Alegre – MG

quinta-feira, 19 de março de 2015

O nosso pai São José



Não é sem razão que a Igreja, no meio da Quaresma, tira o roxo no dia 19 de março e coloca o branco na liturgia, para celebrar a festa de São José, esposo da Virgem Maria. Entre todos os homens do seu tempo, Deus escolheu o glorioso São José para ser pai adotivo de seu Filho divino e humanado. E Jesus lhe era submisso, como mostra São Lucas. 

Santo Gertrudes (1256-1302), um grande místico da Saxônia, afirmou que “viu os Anjos inclinarem a cabeça quando no céu pronunciavam o nome de São José”.

Santa Teresa de Ávila (1515-1582), a primeira doutora da Igreja, a reformadora do Carmelo, disse: “Quem não achar mestre que lhe ensine a orar, tome São José por mestre e não errará o caminho”. E declarava que em todas as suas festas lhe fazia um pedido e que nunca deixou de ser atendida. Ensinava ainda que cada santo nos socorre em uma determinada necessidade, mas que São José nos socorre em todas.

O Evangelho fala pouco de sua vida, mas o exalta por ter vivido segundo “a obediência da fé” (cf. Rm 1,5). Deus nos dá a graça para viver pela fé (cf. Rm, 5,1.2; Hb 10,38) em todas as circunstâncias. São José, um homem humilde e justo, “viveu pela fé”, sem a qual “é impossível agradar a Deus” (cf. Hab 2,3; Rm 1,17; Hb 11,6).

O grande doutor da Igreja Santo Agostinho compara os outros santos às estrelas, e São José ele o compara ao Sol. A esse grande santo Deus confiou Suas riquezas: Jesus e a Virgem Maria. Por isso, o Papa Pio IX, em 1870, declarou São José Padroeiro da Igreja Universal com o decreto “Quemadmodum Deus”. Leão XIII, na Encíclica “Quanquam Pluries”, propôs que ele fosse tido como “advogado dos lares cristãos”. Pio XII o declarou como “exemplo para todos os trabalhadores” e fixou o dia 1º de maio como festa ao José Trabalhador.

São José foi pai verdadeiro de Jesus, não pela carne, mas pelo coração; protegeu o Menino das mãos assassinas de Herodes o Grande, e ensinou-lhe o caminho do trabalho. O Senhor não se envergonhou de ser chamado “filho do carpinteiro”. Naquela rude carpintaria de Nazaré Ele trabalhou até iniciar Sua vida pública, mostrando-nos que o trabalho é redentor.

Na história da salvação coube a São José dar a Jesus um nome, fazendo-O descendente da linhagem de Davi, como era necessário para cumprir as promessas divinas. A José coube a honra e a glória de dar o nome a Jesus na Sua circuncisão. O Anjo disse-lhe: “Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1,21).

A vida exemplar desse grande santo da Igreja é exemplo para todos nós. Num tempo de crise de autoridade paterna, na qual os pais já não conseguem “conquistar seus filhos” e fazerem-se obedecer, o exemplo do Menino Jesus submisso a seu pai torna-se urgente. Isso mostra-nos a enorme importância do pai na vida dos filhos. Se o Filho de Deus quis ter um pai, ao menos adotivo, neste mundo, o que dizer de muitos filhos que crescem sem o genitor? O que dizer de tantos “filhos órfãos de pais vivos” que existem no Brasil, como nos disse aqui mesmo em 1997 o Papa João Paulo II? São José é o modelo de pai presente e atencioso, de esposo amoroso e fiel.

Celebrar a festa de São José é lembrar que a família é fundamental para a sociedade e que não pode ser destruída pelas falsas noções de família, “caricaturas de família”, que nada têm a ver com o que Deus quer. É lutar para resgatar a família segundo a vontade e o coração de Deus. Em todos os tempos difíceis os Papas pediram aos fiéis que recorressem a São José; hoje, mais do que nunca é preciso clamar: “São José, valei-nos!” Ao falar desse santo, o Papa João Paulo II, na exortação apostólica “Redemptoris Custos” (o protetor do Redentor), de 15 de agosto de 1989, declarou: “Assim como cuidou com amor de Maria e se dedicou com empenho à educação de Jesus Cristo, assim também guarda e protege o seu Corpo Místico, a Igreja” (nº1). “Hoje ainda temos motivos que perduram, para recomendar todos e cada um dos homens a São José (nº 31).

Celebrar a festa de São José é celebrar a vitória da fé e da obediência sobre a rebeldia e a descrença que hoje invadem os lares, a sociedade e até a Igreja. O homem moderno quer liberdade; “é proibido proibir!”; e, nesta loucura lança a humanidade no caos.

São José, tal como a Virgem Maria, com o seu “sim” a Deus, no meio da noite, preparou a chegada do Salvador. Deus Pai contou com ele e não foi decepcionado. Que o Altíssimo possa contar também conosco! Cada um de nós também tem uma missão a cumprir no plano divino. E o mais importante é dizer “sim” a Deus como São José. “Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado” (Mt 1,24).

Celebrar a festa de São José é celebrar a santidade, a espiritualidade, o silêncio profundo e fértil. O pai adotivo de Jesus entrou mudo e saiu calado, mas nos deixou o Salvador pronto para começar a Sua missão. É como alguém destacou: “O servo que faz muito sem dizer nada; o especial agente secreto de Deus”. Ele é o mestre da oração e da contemplação, da obediência e da fé. Com ele aprendemos a amar a Deus e ao próximo.

São José viveu o que ensinou João Batista: “É preciso que Ele [Jesus] cresça e eu diminua” (Jo 3,30).

Professor Felipe Aquino

quarta-feira, 18 de março de 2015

Exercícios quaresmais de conversão


A liturgia que abre o Tempo da Quaresma manda proclamar o Evangelho em que Nosso Senhor fala da esmola, da oração e do jejum

Toda a nossa vida se torna um sacrifício espiritual, que apresentamos continuamente ao Pai, em união com o sacrifício de Jesus sofredor e pobre, a fim de que, por Ele, com Ele e n’Ele, seja o Pai em tudo louvado e glorificado. Por isso, a Quaresma é um caminho bíblico, pastoral, litúrgico e existencial para cada cristão pessoalmente e para a comunidade cristã em geral, que começa com as cinzas e conclui com a noite da luz, a noite do fogo, a noite santa da Páscoa da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Vamos refletir sobre os rumos de nossa espiritualidade até a Páscoa de Nosso Senhor Jesus, ou seja, a vida nova que o Senhor tem para nós, os exercícios quaresmais de conversão. A liturgia da Quarta-feira de Cinzas, que abre o Tempo da Quaresma, manda proclamar o Evangelho em que Nosso Senhor fala da esmola, da oração e do jejum, conforme Mateus 6,1-8. 16-18.

Exercícios Quaresmais de conversão:

Oração: A oração é a expressão máxima de nossa fé. Não podemos pensar nela como algo que parte somente de nós, pois, quando o homem se põe em oração, a iniciativa é de Deus, que atingiu, com a Sua graça, o coração desse homem. Toda a nossa vida deveria ser uma oração, ou seja, uma comunicação com o divino em nós.

Jejum: Jejuar é abster-se de um pouco de comida ou bebida. É estabelecer o correto relacionamento do homem com a natureza criada. A atitude de liberdade e de respeito, diante do alimento, torna-se símbolo de sua liberdade e respeito para com tudo quanto o envolve e o possa escravizar: bens materiais, qualidades, opiniões, ideias, pessoas, apegos e assim por diante. Temos mais: jejuar significa fazer espaço em si.

Esmola ou caridade: O que significa esmola? Dar esmola significa dar de graça, dar sem interesse de receber de volta, sem egoísmo, sem pedir recompensa, mas em atitude de compaixão. Nisso, o homem imita o próprio Deus no mistério da criação, e a Jesus Cristo, no mistério da Redenção.

Celebrar a Eucaristia no tempo da Quaresma significa percorrer com Cristo o itinerário da provação que cabe à Igreja e a todos os homens; assumir mais decididamente a obediência filial ao Pai, e o dom de si aos irmãos que constituem o sacrifício espiritual. Assim, renovando os compromissos do nosso batismo, na noite pascal, poderemos “passar” para a Vida Nova de Jesus – Senhor ressuscitado, para a glória do Pai, na unidade do Espírito.

Para celebrar bem este tempo:

1. O Tempo da Quaresma se estende da Quarta-feira de Cinzas até a Missa, na Ceia do Senhor, exclusive. Essa Missa vespertina dá início, nos livros litúrgicos, ao Tríduo Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, o qual tem seu cume na Vigília Pascal e termina com as vésperas do Domingo da Ressurreição. A semana que precede a Páscoa toma o nome de Semana Santa. Ela começa com o Domingo de Ramos.

2. Os domingos deste tempo se chamam de 1°, 2°, 3°, 4° e 5° Domingo da Quaresma. O 6° domingo toma o nome de “Domingo de Ramos e da Paixão”. Este dia tem a precedência sobre as festas do Senhor e sobre qualquer solenidade.

3. As solenidades de São José, esposo de Nossa Senhora (19 de março) e da Anunciação do Senhor (25 de março), como outras possíveis solenidades dos calendários particulares, antecipam sua celebração para o sábado, caso coincidam com esses domingos;

4. A liturgia da Quarta-feira de Cinzas abre o tempo da Quaresma. Não se dizem nem se canta o Glória e o Credo na Missa.

5. Aos domingos da Quaresma, não se canta o hino Glória; faz-se, porém, sempre a Profissão de Fé e o Creio. Depois da segunda leitura, não se canta o Aleluia; o versículo, antes do Evangelho, é acompanhado de uma aclamação a Cristo Senhor. Omite-se o Aleluia também nos outros cantos da Missa.

6. A cor litúrgica do Tempo da Quaresma é a roxa; para o 4° domingo (Laetare – Alegria) é permitido o uso da cor rosa. No Domingo de Ramos e na Sexta-feira Santa, a cor das vestes litúrgicas e do celebrante é a vermelha, por tratar-se da Paixão do Senhor.

7. Sugestão: em oração, colha de Deus uma penitência ou mortificação pessoal que você possa viver neste tempo de retiro. Por exemplo: deixar algo que gosta muito de fazer ou de comer, falar menos, diminuir o barulho ao seu redor, assistir menos televisão, reconciliar-se com as pessoas e situações, fazer um bom exame de consciência e confessar-se. Nos dias de jejum, oferecer a quem não tem o que você iria comer e beber etc.

Padre Luizinho, natural de Feira de Santana (BA), é sacerdote na Comunidade Canção Nova.