quarta-feira, 26 de março de 2014

Soberba, a “cultura do ego...


A soberba é o pior de todos os pecados. É o que levou os anjos maus a se rebelarem contra Deus, e levou Adão e Eva à desobediência e ao pecado original. Alguém disse que o orgulho é tão enraizado em nós, por causa do pecado original, que “só morre meia hora depois do dono”. 

Por outro lado, por ser o oposto da soberba, a humildade é uma grande virtude, a que mais caracterizou o próprio Jesus, “manso e humilde de coração” (Mt 11,29), e também marcou a vida de Maria, “a serva do Senhor” (Lc 1, 38); José e todos os santos da Igreja. 

São Vicente de Paulo ensinava a seus filhos que o demônio não pode nada contra uma alma humilde, uma vez que, sendo ele soberbo, não sabe se defender da humildade. Por isso, com esta arma, o maligno foi vencido por Jesus, por Maria, José, São Miguel e os santos. A soberba consiste em a pessoa sentir-se como se fosse a “fonte” dos seus próprios bens materiais e espirituais. Acha-se cheia de si mesma, mas se esquece de que tudo vem de Deus e é dom do Alto, como disse São Tiago: “Toda dádiva boa e todo dom perfeito vêm de cima: descem do Pai das luzes” (Tg 1,17).

O soberbo se esquece de que é uma simples criatura, que saiu do nada pelo amor e chamado de Deus, e que, portanto, d'Ele depende em tudo. Como disse Santa Catarina de Sena, ele “rouba a glória de Deus”, pois quer para si as homenagens e os aplausos que pertencem somente ao Senhor. 

São Paulo lembra aos coríntios que: “nossa capacidade vem de Deus” (2Cor 3,5). Aos romanos ele disse: “Não façam de si próprios uma opinião maior do que convém, mas um conceito razoavelmente modesto” (Rm 12,3). “Não vos deixeis levar pelo gosto das grandezas; afeiçoai-vos com as coisas modestas. Não sejais sábios aos vossos próprios olhos” (Rm 12,16). Aos gálatas, Paulo diz: “Quem pensa ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo” (Gl 6, 3). A soberba tem muitos filhos: orgulho, vaidade, vanglória, arrogância, prepotência, presunção, autossuficiência, amor próprio, exibicionismo, egocentrismo, egolatria etc.

Podemos dizer que a soberba é a “cultura do ego”. Você já reparou quantas vezes por dia dizemos a palavra 'eu'? Eu vou, eu acho, eu penso que…, mas eu prefiro… A luta do cristão é para que essa “força” o puxe para Deus, e não para o ego. Jesus, nosso Modelo, disse: “Não busco a minha glória” (Jo 8,50). São Paulo insistia no mesmo ponto: “É porventura, o favor dos homens que eu procuro ou o de Deus? Por acaso tenho interesse em agradar os homens? Se quisesse ainda agradar aos homens, não seria servo de Deus” (Gl 1,10). 

A soberba é o oposto da humildade. Essa palavra vem de “humus”, aquilo que se acha na terra, o pó. O humilde é aquele que reconhece o seu “nada”, embora seja a mais bela obra de Deus sobre a terra, a Sua glória, como dizia santo Irineu, já no século II. São Leão Magno, Papa e doutor da Igreja, no século V, disse que “toda a vitória do Salvador, dominando o demônio e o mundo, foi iniciada na humildade e consumada na humildade!” 

Adão e Eva, sendo criaturas, quiseram “ser como deuses” (Gen 3,5); Jesus, sendo Deus, fez-se criatura. Da manjedoura à cruz do Calvário, toda a vida de Jesus foi vivida na humildade e na humilhação. Por isso Jesus afirmou que, no Reino de Deus, os últimos serão os primeiros e quem se exaltar será humilhado. Façamos como Santa Teresinha, que procurava o último lugar.

Felipe Aquino

sexta-feira, 21 de março de 2014

Investidura dos Ministros da Comunhão...

Investidura de Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão Eucarística na Basílica Nossa Senhora da Penha, com nosso bispo Dom Manuel Parrado Carral, nosso pároco Pe. Ataíde e os demais padres do setor...







quarta-feira, 19 de março de 2014

O glorioso São José...


Não é sem razão que a Igreja, no meio da Quaresma, tira o roxo, no dia 19 de março, e coloca o branco na liturgia, para celebrar a festa de São José, esposo da Virgem Maria. Entre todos os homens de seu tempo, Deus escolheu o glorioso São José para ser pai adotivo de Seu Filho divino e humano. E Jesus lhe era submisso, como nos mostra São Lucas. 

Sabemos que Deus Todo-poderoso, para quem "nada é impossível" (Lc 1,37) e que tudo governa com sabedoria infinita, nada pode escolher de menos belo e perfeito, que não seja para sua glória. Desde toda a eternidade, ao determinar a Encarnação do Verbo, quis o Pai que Ele fosse concebido por uma virgem, concebida, por sua vez, sem pecado original, unindo em Si as alegrias da maternidade à flor da virgindade. Porém, para completar o quadro, tornava-se necessária a presença de alguém que projetasse, na terra, a própria "sombra do Pai". "O Senhor escolheu para Si um homem segundo o seu coração" (1 Sm 13,14). 

Santo Gertrudes (1256-1302), um grande místico da Saxônia, disse que “viu os anjos inclinarem a cabeça quando, no céu, pronunciavam o nome de São José”. Santa Teresa de Ávila (1515-1582), a primeira Doutora da Igreja, disse: “Quem não achar mestre que lhe ensine a orar, tome São José por mestre e não errará o caminho”. E ensinava que, em todas as suas festas, lhe fazia um pedido e que nunca deixou de ser atendida. Ensinava ainda que cada santo nos socorre em uma determinada necessidade, mas que São José nos socorre em todas. 

O Evangelho fala pouco de sua vida, mas o exalta por ter vivido segundo “a obediência da fé” (Rm 1,5). Deus nos dá a graça para vivermos pela fé (Rm, 5,1.2; Hb 10,38) em todas as circunstâncias. São José, um homem humilde e justo, “viveu pela fé”, sem a qual “é impossível agradar a Deus” (Hab 2,3; Rm 1,17; Hb 11,6). 

O grande Doutor da Igreja Santo Agostinho compara os outros santos às estrelas, mas, a São José, ele o compara ao Sol. A ele Deus confiou suas riquezas: Jesus e Maria. Por isso, o Papa Pio IX, em 1870, declarou São José padroeiro da Igreja Universal com o decreto Quemadmodum Deus. Leão XIII, na Encíclica Quanquam Pluries, o propôs como “advogado dos lares cristãos”. Pio XII o propôs como “exemplo para todos os trabalhadores” e fixou o dia 1º de maio como festa de José Trabalhador. 

São José foi pai verdadeiro de Jesus, não pela carne, mas pelo coração; protegeu o Menino das mãos assassinas de Herodes, o Grande e ensinou-lhe o caminho do trabalho. Jesus não se envergonhou de ser chamado “Filho do carpinteiro”. Naquela rude carpintaria de Nazaré, ele trabalhou até iniciar Sua vida pública, mostrando-nos que o trabalho é redentor. 

Na história da salvação coube a São José dar a Jesus um nome, fazê-lo descendente da linhagem de Davi, como era necessário para cumprir as promessas divinas. A José coube a honra e a glória de dar o nome a Jesus na sua circuncisão. O Anjo disse-lhe: “Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1,21). 

A vida exemplar de São José é exemplo para todos nós. Num tempo de crise de autoridade paterna, onde os pais já não conseguem “conquistar seus filhos” e fazerem-se obedecer como devem, o exemplo do Menino Jesus submisso a seu pai torna-se urgente. Isto mostra-nos a enorme importância do pai na vida dos filhos. Se o Filho de Deus quis ter um pai, ao menos adotivo, neste mundo, o que dizer de muitos filhos que crescem sem o pai? O que dizer de tantos “filhos órfãos de pais vivos” que existem no Brasil, como disse-nos, aqui mesmo, em 1997, o Papa João Paulo II? São José é o modelo de pai presente e atencioso, de esposo amoroso e fiel. 

Celebrar a festa de São José é lembrar que a família é fundamental para a sociedade e que não pode ser destruída pelas falsas noções de família, “caricaturas de família”, que nada têm a ver com o que Deus quer. É lutar para resgatar a família segundo a vontade e o coração de Deus. 

Em todos os tempos difíceis, os Papas pediram aos fiéis que recorressem a São José; hoje, mais do que nunca, é preciso dizer: São José, valei-nos! Falando de São José, o Papa João Paulo II, na Exortação Apostólica Redemptoris Custos (o protetor do Redentor), de 15 de agosto de 1989, disse: “Assim como cuidou com amor de Maria e se dedicou com empenho à educação de Jesus Cristo, assim também guarda e protege o seu Corpo Místico, a Igreja” (nº1). “Hoje ainda temos motivos que perduram para recomendar a todos e cada um dos homens a São José (nº 31). 

São José, tal como a Virgem Maria, com o seu 'sim' a Deus, no meio da noite, preparou a chegada do Salvador. Deus contou com ele e não foi decepcionado. Que possa contar também conosco! Cada um de nós também tem uma missão a cumprir no plano de Deus. E o mais importante é dizer 'sim' a Deus como São José. “Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado” (Mt 1,24). 

José é como alguém disse: “o servo que faz muito sem dizer nada; o especial agente secreto de Deus”. Ele é o mestre da oração e da contemplação, da obediência e da fé. São José viveu o que ensinou João Batista: “É preciso que Ele cresça e eu diminua (Jo 3,30). 

Felipe Aquino

quinta-feira, 6 de março de 2014

Dom Juventino Kestering explica sentido da Quarta-feira de Cinzas e da Quaresma...

Entenda o significado do período quaresmal que tem início nesta Quarta-feira de Cinzas. No Brasil, este período tem uma proposta ampla

Da redação, com Rádio Vaticano

A Quarta-feira de Cinzas é o dia que, para a Igreja Católica de rito latino, marca o início da Quaresma. É um dia de jejum e abstinência depois do carnaval.

Por que a Igreja chama este dia de Quarta-feira de Cinzas? A explicação é do Bispo de Rondonópolis (MT), Dom Juventino Kestering.

“O início da Quaresma cai sempre numa quarta-feira, e se diz ‘Quarta-feira de Cinzas’ por que os cristãos são chamados a se reunirem nas comunidades, e a Igreja faz o rito de colocar as cinzas sobre a cabeça [dos fiéis] dizendo: ‘convertei-vos e crede no Evangelho’, para mostrar o caminho que o cristão deve seguir no período da Quaresma”, esclarece o bispo.

Dom Juventino explica ainda que a Quarta-feira de Cinzas é um dia de jejum e abstinência, e também de sacrifícios. “Um dia de quem se põe a caminho para se preparar para celebrar a Páscoa do Senhor”, afirma.

Neste período, a Igreja no Brasil celebra também a Campanha da Fraternidade, com o objetivo de despertar a solidariedade de seus fiéis em relação a um problema concreto que envolve a sociedade brasileira.

O bispo de Rondonópolis destaca que, este ano, o tema da Campanha é muito importante: “A Fraternidade e o Tráfico Humano”, que trata sobre “as raízes do mal” que permanecem na sociedade.

“Vender as pessoas, negociá-las, iludi-las, prometer um emprego, mas, depois, ver que se trata de um antro de prostituição. Existem situações em que se tira a vida da pessoa para tirar seus órgãos e servir a outros. Todas essas questões, muito graves, que quase não aparecem, mas estão aí no ‘submundo’, a Igreja Católica teve a sua ‘profecia’ no sentido de transformar isso em um tema da Campanha da Fraternidade”, explica Dom Juventino.

Para vivenciar este tempo quaresmal, a Igreja indica alguns caminhos.

“Primeiro, lembrarmos que estamos na Quaresma, um tempo de voltarmos para Deus, para a confissão, para uma conversão, para o perdão, para transformar nossa vida em uma vida mais honesta. Mas, ao mesmo tempo, viver a Campanha da Fraternidade, refletir sobre esse tema, fazer com que ele seja divulgado. E também a preparação para a Páscoa. A Quaresma tem o sentido de chegar na Páscoa. E para chegar a ela, o cristão é chamado a fazer um caminho, e esse caminho chama-se o tempo da Quaresma, tempo da fraternidade”, afirma o bispo.