quinta-feira, 31 de março de 2011
A Igreja não é 'a casa da mãe Joana...'
segunda-feira, 28 de março de 2011
Passeio Cultural - Pastoral dos Coroinhas...
domingo, 27 de março de 2011
Retiro Popular: Terceiro Domingo da Quaresma...
Dom Alberto Taveira Corrêa
quarta-feira, 23 de março de 2011
Dependência tecnológica...
Aceitamos plenamente que a realidade em nosso tempo é o uso cada vez mais frequente, e nas mais diferentes culturas, das tecnologias como forma de comunicação, informação, formação e entretenimento; embora seja um grande desafio gerenciar a quantidade do tempo que passamos diariamente em frente destas máquinas. Muito do nosso trabalho está ligado a equipamentos e softwares que facilitam nossa vida, mas diminuem o contato e o relacionamento humano.
Quando falamos em crianças em plena fase de desenvolvimento, podemos pensar no seguinte: quanto tempo elas ficam on-line, jogando? Qual a frequência de tempo diante do computador? Já parou para analisar estas questões de família? O tempo é apenas uma forma de “medir” se estamos ou não dependentes, mas há outros fatores a serem considerados.
Há alguns indicadores para saber o quanto uma criança (e até mesmo um jovem ou adulto) está com dificuldade de trocar o computador por outra atividade ou até mesmo se tem um comportamento de dependência ao equipamento:
- Quando o jogo ou o uso de mídias sociais como MSN, Orkut, etc., torna-se a atividade mais importante da vida dessa pessoa, dominando seus pensamentos e comportamentos.
- Modificação de humor/euforia: experiência subjetiva de prazer, euforia ou mesmo alívio da ansiedade quando está jogando/conectado.
- Necessidade de usar o computador por períodos cada vez maiores para atingir a mesma modificação de humor, ou seja, para “sentir-se bem”.
- Fase de Abstinência: estados emocionais e físicos desconfortáveis quando ocorre descontinuação ou redução súbita do uso do computador (intencional ou forçada).
- Vivência de conflitos: pode ser entre aquele que usa o computador excessivamente e as pessoas próximas (conflito interpessoal), conflito com outras atividades (trabalho, escola, vida social, prática de esportes, etc.) ou mesmo do indivíduo com ele mesmo, relacionado ao fato de estar jogando excessivamente (conflito intrapsíquico).
Não podemos negar as maravilhas oferecidas pela tecnologia, a facilidade de acesso, a disponibilidade de informações e a realidade que se encontra com esse tipo de acesso e relacionamento, porém, cada vez mais frequente se torna a realidade das famílias divididas pela individualidade gerada no uso da tecnologia. Enquanto um fala ao telefone no quarto fechado, o outro está conectado ao computador horas sem falar com ninguém, e a outra prende-se à TV, sem parar.
Quantas vezes as crianças, além do uso dessas mídias em casa, deixam de comprar lanche para jogar nas lan houses? São capazes de passar dias inteiros, finais de semana longe do relacionamento interpessoal. O uso do computador e seus jogos, que antes era reservado apenas como lazer, torna-se praticamente a atividade principal delas. O sono é prejudicado, a alimentação também, pois elas comem em frente ao computador sem ao menos saber quanto e o que, gerando obesidade. O isolamento continua e a irritação, por não usar o computador ou imaginar que vão ficar sem ele, se torna imensa, com um grande desconforto emocional.
Como família, é muito importante que possamos voltar nossa atenção para este assunto a fim de que possamos desenvolver crianças e jovens com uma vida mais saudável, favorecendo-lhes relações humanas mais sadias.
Elaine Ribeiro
domingo, 20 de março de 2011
Retiro Popular: Segundo Domingo Quaresma...
Segunda semana da Quaresma Saulo, entretanto, respirava ameaças de morte contra os discípulos do Senhor. Apresentou-se ao sumo sacerdote e pediu-lhe cartas de recomendação para as sinagogas de Damasco, a fim de trazer presos para Jerusalém os homens e mulheres que encontrasse, adeptos do Caminho. Durante a viagem, quando já estava perto de Damasco, de repente viu-se cercado por uma luz que vinha do céu. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: “Saul, Saul, por que me persegues?” Saulo perguntou: “Quem és tu, Senhor?” A voz respondeu: “Eu sou Jesus, a quem tu estás perseguindo. Agora, levanta-te, entra na cidade, e ali te será dito o que deves fazer” (At 9,1-5).
Como Saulo, que depois se tornou Paulo, nossos caminhos nos proporcionaram uma graça, a maior de todas: o encontro com Jesus Cristo.
Na primeira semana da Quaresma, muitas surpresas podem ter ocorrido ao defrontar-nos com nossa situação humana. Quem sabe até descobrimos estar perseguindo Jesus! É que Ele se esconde e se mostra no próximo com o qual nos encontramos todos os dias. Ou podemos ter visitado páginas de nossa história que gostaríamos de ver arrancadas! E Deus nos levou ao deserto, alimentou-nos e sustentou-nos com sua Palavra de Vida.
Parece contraditório, mas a segunda semana começa com uma nova figura ou com transfiguração! É uma nova etapa do Caminho, e ele é sempre caminho de Páscoa! Os discípulos Pedro, Tiago e João, companheiros medrosos e ao mesmo tempo fiéis de Jesus em todas as jornadas, sobem com Ele ao monte da Transfiguração, que a tradição localizou no Tabor.
Olhar para Jesus, estar junto com testemunhas qualificadas como Moisés e Elias, entrar na nuvem com Jesus, ouvir a voz do Pai. Não são experiências exclusivas dos discípulos que, depois da Ressurreição de Jesus, espalharam a notícia. Subamos com eles ao monte, superando as dificuldades do caminho.
Durante a segunda semana do Retiro Popular, que a Palavra do Senhor se torne cântico para ritmar os nossos passos em nossa terra de peregrinos. Mesmo que a vida seja corrida, fazer retiro pede um tempo dedicado ao Senhor. Além disso, o Retiro será um modo de iluminar suas atividades cotidianas.
“Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, venha a vossa salvação”.
Gn 12,1-4a
Sl 32 (33),4-5.18-19.20.22 (R/. cf. 22)
2Tm 1,8b-10
Mt 17,1-9
Dom Alberto Taveira Corrêa
quarta-feira, 16 de março de 2011
Quaresma, tempo de vencer as tentações e o diabo...
Antigamente, a Quaresma era o período durante o qual – por meio da penitência e da provação – os catecúmenos* se preparavam para receber o batismo na noite de Páscoa. A Liturgia sempre coloca Jesus no Evangelho do Primeiro Domingo da Quaresma vencendo as tentações do demônio (cf. Mt 4,1-11). O Nosso Senhor e Mestre não só vence como também nos dá as dicas para vencermos o nosso inimigo e as tentações pequenas e grandes que enfrentamos todos os dias.
O objetivo desta reflexão de hoje será avaliar a nossa defesa e aumentar as nossas resistências diante das tentações e celebrar a vitória com o Senhor Jesus.
O Senhor derrotou o maligno por meio da Docilidade ao Espírito Santo, pois “no deserto, Ele era guiado pelo Espírito”, da Palavra: “A Escritura diz: ‘Não só de pão vive o homem”; da Oração: “Terminada toda a tentação, o diabo afastou-se de Jesus”; do Jejum: “Não comeu nada naqueles dias e, depois disso, sentiu fome”, e pela Adoração: “Adorarás o Senhor teu Deus, e só a Ele servirás”. Exercendo Sua autoridade que vinha de uma vida coerente e santa. Isso fica bem claro na leitura deste Evangelho.
De maneira semelhante como o antigo povo de Israel partiu durante quarenta anos pelo deserto para ingressar na Terra Prometida, a Igreja, o novo povo de Deus, prepara-se durante quarenta dias para celebrar a Páscoa do Senhor. Embora seja um tempo penitencial, não é um tempo triste e depressivo. Trata-se de um período especial de purificação e de renovação da vida cristã para que possamos participar com maior plenitude e gozo do mistério pascal do Senhor.
Jesus Cristo, ao dar início à caminhada do novo povo de Deus, se dirige ao deserto como lugar de encontro com o Pai, lugar de recolhimento, onde Ele se revela, onde escuta Sua Palavra. E diferente do antigo povo da Aliança, que sucumbe à tentação, se revolta, tem saudade "das cebolas do Egito", onde eles tinham o que comer, mas eram escravos, o Senhor vence a tentação, vence o demônio pela oração, pelo jejum, pela Palavra e pela obediência ao Pai.
A Quaresma é um tempo privilegiado para intensificar o caminho da própria conversão. Esse caminho supõe cooperar com a graça, para dar morte ao "homem velho" que atua em nós. Trata-se de romper com o pecado, que habita em nosso coração, nos afastar de tudo aquilo que nos separa do plano de Deus, e, por conseguinte, de nossa felicidade e realização pessoal.
No pórtico da Quaresma recém-começada, encontramos Jesus tentado pelo diabo. A Bíblia tem vários nomes para esse personagem, mas em todos subjaz a mesma incumbência da sua missão: o que separa, o que arranca; diabo, dia-bolus: o que divide. O demônio – no meio do mundo que o ignora e o torna frívolo – está mais presente que nunca: nos medos, nos dramas, nas mentiras e nos vazios do homem pós-moderno, aparentemente descontraído, brincalhão e divertido.
Com Jesus, como com todos nós, o diabo procurará fazer uma única tentação, ainda que com diversos matizes: romper a comunhão com Deus Pai. Para este fim, todos os meios serão aptos, desde citar a própria Bíblia até fantasiar-se de anjo da luz. As três tentações de Jesus são um exemplo muito atual: da sua fome, converta as pedras em pão; das suas aspirações, torne-se dono de tudo; da sua condição de filho de Deus, coloque a sua proteção à prova. Em outras palavras: o dia-bolus buscará conduzir o Senhor por um caminho no qual Deus ou é tido como banal e supérfluo ou como inútil e nocivo.
Prescindir de Deus porque eu reduzo minhas necessidades a um pão que eu mesmo posso fabricar, como se fosse minha própria mágica (1ª tentação). Prescindir de Deus modificando Seu plano sobre mim, incluindo aspirações de domínio que não têm a ver com a missão que Ele confiou a mim (2ª tentação). Prescindir de Deus banalizando Sua providência, fazendo dela um capricho ou uma diversão (3ª tentação).
Isso se torna atual se formos traduzindo, com nomes e cores, quais são as tentações reais (!) que nos separam – cada um de nós e todos juntos – de Deus e, portanto, dos outros também. A tentação do "deus-ter" (em todas as suas manifestações de preocupação pelo dinheiro, pela acumulação de bens, pelas “devoções” a loterias e jogos, pelo consumismo). A tentação do "deus-poder" (com todo o leque de pretensões de ascensão, que confundem o serviço aos demais com o servir-se dos demais, para os próprios interesses e controles). A tentação do "deus-prazer" (com tantas, tão infelizes e, sobretudo tão desumanizadoras formas de praticar o hedonismo, tentando censurar inutilmente nossa limitação e finitude).
Quem duvida de que existem mil diabos, que nos encantam e seduzem a partir da chantagem das suas condições e, apresentando-nos tudo como fácil e atrativo, e que nos separam de Deus, dos demais e de nós mesmos?
Jesus venceu o diabo! A Quaresma é um tempo privilegiado para voltarmos ao Senhor, unindo novamente tudo o que o tentador separou.
Jejuando quarenta dias no deserto, Cristo consagrou a abstinência quaresmal. Desarmando as ciladas do antigo inimigo, ensinou-nos a vencer o fermento da maldade. Celebrando agora o mistério pascal, nós nos preparamos para a Páscoa definitiva. (Prefácio do 1° Domingo da Quaresma).
Oremos: Ó Deus, que nos alimentastes com este pão que nutre a fé, incentiva a esperança e fortalece a caridade, dai-nos desejar o Cristo, pão vivo e verdadeiro, e viver de toda Palavra que sai de vossa boca para vencer ao pecado, a nós mesmos e ao diabo. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém.
Minha bênção fraterna.
Padre Luizinho.
domingo, 13 de março de 2011
Retiro da primeira semana da Quaresma...
A Quaresma tem a função de iniciar o caminho para a Páscoa. Sua missão é uma preparação que já antecipa e faz saborear os bens pascais. Começamos uma estrada de quarenta dias, um tempo da graça de Deus.
A primeira tentação de Jesus no deserto é a prova da fome, que recorda a fome do povo hebreu no deserto (Ex 16).
Um povo que murmura contra Deus. É a tentação da riqueza, da busca exclusiva ou excessiva dos bens materiais. O Senhor sai vencedor da provação, pois Ele não vive somente de pão, mas também da Palavra de Deus.
Depois vem a tentação do prodígio, querer transformar o poder de Deus em magia, colocando-o a serviço dos próprios interesses. Isto quer dizer pôr Deus à prova, tentar a Deus!
O povo no deserto também pediu prodígios, mas Jesus, em seu deserto, resiste à tentação!
Sua confiança no Pai é total (Dt 6,14-16). A provação continua quando Jesus é tentado a adorar um ídolo. Há muito tempo, outros adoraram um bezerro de ouro e agora Jesus se recusa heroicamente a prostrar-se diante de Satanás.
Ser fiel à nossa condição humana, sem mur murar contra o Senhor! É uma aventura maravilhosa a ser percorrida com a graça de Deus, que nos acompanha. Alguém nos toma pela mão, conduzindo nos ao porto seguro. Durante esta semana, é hora de passear pelos recantos de sua história, sem medo de enxergar muitos pontos escuros, deixando agora que a Palavra de Deus a ilumine. Converse com o Senhor sobre suas lutas mais frequentes e busque fontes de discernimento para crescer. Há quanto tempo você não confronta sua vida com a graça de Deus no Sacramento da Penitência? Já aproveitou alguma ocasião para conversar com uma pessoa mais firme na fé que possa ajudar? A semana de Retiro Popular começa na Missa Dominical, que será preparada com a leitura dos textos da Liturgia:
Na primeira semana da Quaresma, escolha um dia para fazer, de acordo com suas condições pessoais, o exercício do jejum ou um gesto de penitência ligado ao que você tem em alimento. Não se trata de negar o valor dos alimentos, mas escolher o que mais lhe convém para o crescimento da vida cristã. É bom dar aos pobres o correspondente à sua renúncia. Pode ser com a doação de uma cesta ou alguns mantimentos a quem necessita.
Roteiro diário
Oração: Reze esta oração, composta pelo papa Paulo VI. Pouco a pouco, você saberá repeti-la com calma e ser acompanhado por ela muitas vezes durante o ano.
Ó Espírito Santo, dai-me um coração grande, aberto à vossa silenciosa e forte palavra inspiradora, fechado a todas as ambições mesquinhas, alheio a qualquer desprezível competição humana, compenetrado do sentido da santa Igreja! Um coração grande, desejoso de se tornar semelhante ao coração do Senhor Jesus! Um coração grande e forte para amar a todos, para servir a todos, para sofrer por todos! Um coração grande e forte, para superar todas as provações, todo tédio, todo cansaço, toda desilusão, toda ofensa! Um coração grande e forte, constante até o sacrifício, quando for necessário! Um coração cuja felicidade é palpitar com o coração de Cristo e cumprir, humilde, fiel e firmemente a vontade do Pai. Amém.
Leitura orante da Palavra de Deus: Leia o texto indicado para cada dia, escolhendo o Evangelho do dia ou uma das leituras indicadas pela Igreja.
Gestos penitenciais: Três práticas acompanham nossa Quaresma: a oração, a penitência ou jejum e a caridade. Acolha nossas propostas e exercite a criatividade, descobrindo e atualizando estas práticas em sua vida diária.
Dia 13 de março, primeiro domingo da Quaresma
“Piedade, ó Senhor, tende piedade, pois pecamos contra vós”.
Gn 2,7-9;3,1-7
Sl 50 (51),3-4.5-6a.12-13.14.17 (R/. cf. 3a)
Rm 5,12-19
Mt 4,1-11
Dom Alberto Taveira Corrêa
Como acreditar naquilo que não toco?
"A fé é o complemento aperfeiçoado da razão" (Manuel García Morente).
Nem sempre ter fé é fácil, muitas e muitas vezes, o fato de acreditar em Deus exige de nós uma alta capacidade de raciocinar e ponderar aquilo que é provável, possível ou impossível. Por que digo isso?!
Na sociedade em que vivemos a concepção de fé é completamente deturpada. Como se para tê-la fé, precisássemos parar de raciocinar ou pensar em tudo o que nos acontece. Como se o fato de termos fé tirasse de nós a capacidade de questionar o mundo ao nosso redor e até, muitas vezes, a nossa própria crença.
Afinal, a fé precisa passar pelo processo de construção e desconstrução; a fé que tínhamos quando crianças, precisa ser desconstruída, para construirmos uma fé madura. Para esse processo acontecer, a própria vida traz os seus desafios, suas frustrações, suas alegrias, seus fracassos e seus sucessos. A própria vida é matéria-prima para o amadurecimento da nossa fé. Nunca poderemos tocar a Deus somente usando da razão, mas com ela podemos intuí-Lo; a partir disso, a fé nos leva a dar um salto de qualidade e atribuir a Deus um papel que somente a razão não nos permite fazer.
Para facilitar o entendimento do que digo, Deus não realiza um milagre do “nada”. Ele sempre parte do esforço do homem, mesmo que esse esforço seja uma simples oração. Para acontecer um milagre é necessário nossa participação. Deus Pai se revela, mas também se faz necessário um esforço do homem. Quando conhecemos uma pessoa e a elegemos como especial para nós, é natural o processo de conhecê-la e dar-se a conhecer. Na experiência com o Altíssimo acontece algo semelhante: O buscamos e Ele se revela a nós; O procuramos mais, Ele se revela mais ainda. Nunca paramos de conhecê-Lo.
Agora, se mesmo com toda essa argumentação o ato de ter fé lhe parecer muito difícil, quero convidá-lo para, de maneira muito sincera, olhar para o que está ao seu redor e perceber os “rastros de Deus”. Veja o pôr-do-sol em uma praia, o voo dos pássaros, a terna relação entre mãe e filho e, com certeza, você perceberá que são fatos e gestos que fogem de uma explicação cientifíca ou racionalista, permeados pela beleza e o afeto que surgem de Deus. Na sua vida, olhe com coragem e perceba os momentos que, muitas vezes, são difíceis e doloridos, mas Deus, de alguma maneira se deixa ser encontrado.
Dê a Deus o crédito que a Ele é devido, sabendo que ter fé não é um ato mágico, mas ao contrário, exige de nós um esforço enorme. Porque acreditar em Deus é simples, mas não fácil. Exatamente porque se a vida fosse feita de coisas fáceis, nunca conseguiríamos ser homens e mulheres de verdade. Ter fé significa, acima de tudo, relacionar-se com Aquele que deseja que o busquemos com toda a nossa força e o nosso coração: Deus!
Luis Filipe Rigaud
quinta-feira, 10 de março de 2011
Quaresma: Jejum espiritual ou apenas dieta ?
Ou seja é um tempo onde devemos pesar nossas atitudes e medir nossas ações, pensar melhor no outro e para o outro dedicar nossa caridade. Não é um tempo de dieta. É sim um tempo de jejuar, mas é um jejum muito mais espiritual do que carnal. Porque pensar em abster-se somente de um alimento como muitos fazem pura e simplismente porque é um costume, sem apegar-se ao sentido verdadeiro que é afastar o pecado da carne para purificar a alma.
Quando vejo pessoas falando em abster-se de chocolate, pão ou qualquer outro alimeto, sempre pergunto qual o sentido daquele jejum para ela. Porém as respóstas são sempre as mesmas: “Gosto tanto desse alimento e ficando sem ele estarei jejuando a minha quaresma.”
No fundo essa pessoa fez a coisa mais fácil que poderia, que é abster-se de um simples alimento. Não pensando em se penitênciar, mas somente em deixar de se nutrir de um determinado alimento. E eu me pergunto será que esta pessoa consegue afastar os maus pensamentos ou deixar de falar mal dos outros pecar em atitudes ou de qualquer outra forma durante o período de quaresma? O jejum carnal não é um erro mas ele deve ser aliado as atitudes. Como diz São Tiago: “ De que aproveitará, irmãos, a alguém dizer que tem fé, se não tiver obras? Acaso esta fé poderá salvá-lo?”
Quantas vezes vemos pessoas que se dizem fervorosas na fé, praticando atitudes totalmente contrárias aos ensinamentos Cristãos? Para essas pessoas jejuar é pura e simplismente deixar de comer algo que ela goste e pronto. Não pensam que se deixassem de fazer o mal agradariam muito mais o Senhor?.
Contudo, é preciso que cada um faça um exame de cosciência e reflita verdadeiramente: “Quais atitudes que me afastam do Senhor?” E só a partir desta resposta poderemos formular como jejuar espiritualmente a quaresma. Feito isso, enfim poderemos também aliar o jejum carnal ao jejum espiritual e finalmente viver a verdadeira quaresma de Oração, Jejum e Penitência!
Wesley dos Anjos Ferreira
segunda-feira, 7 de março de 2011
Quarta-feira de Cinzas...
A Quarta-feira de Cinzas na Igreja é um momento especial porque nos introduz precisamente no mistério quaresmal.
Uma das frases – no momentio da imposição das cinzas – serve de lembrete para nós: 'Lembra-te que do pó viestes e ao pó, hás de retornar.' A cinza quer demonstrar justamente isso; viemos do pó, viemos da cinza e voltaremos para lá, mas, precisamos estar com os nossos corações preparados, com a nossa alma preparada para Deus.
A Quarta-feira de Cinzas leva-nos a visualizar a Quaresma, exatamente para que busquemos a conversão, busquemos o Senhor. A liturgia do tempo quaresmal mostra-nos a esmola, a oração e o jejum como o princípios da Quaresma.
A própria Quarta-feira de Cinzas nos coloca dentro do mistério. É um tempo de muita conversão, de muita oração, de arrependimento, um tempo de voltarmos para Deus.
Eu gosto muito de um texto do livro das Crônicas que diz: “Se meu povo, sobre o qual foi invocado o meu nome, se humilhar, se procurar minha face para orar, se renunciar ao seu mau procedimento, escutarei do alto dos céus e sanarei sua terra” (II Cr 7, 14).
A Quaresma é tempo conversão, tempo de silêncio, de penitência, de jejum e de oração.
Eu, padre Roger, pergunto para Deus: “Senhor, que queres que eu faça”? - mesma pergunta de São Francisco diante do crucifixo. Mas, geralmente, a minha penitência é ofertar algo de que eu gosto muito para Deus neste tempo quaresmal. Você, que fuma, por exemplo, deixe de fazê-lo na Quaresma. Tenho certeza de que após esse tempo quaresmal Deus o libertará do vício do cigarro. Você, que bebe, não beba, permitindo que o próprio Deus o leve à conversão pela penitência que você está fazendo. Talvez você precise fazer penitência da língua, da fofoca. Escolha uma coisa concreta e não algo que, de tão abstrato, não vai levá-lo a nada. Faça penitência de novela, você que as assiste. Tem de ser algo que o leve à conversão.
O Espírito Santo o levará à penitência que você precisa fazer nesta Quaresma.
Padre Roger Luis
sábado, 5 de março de 2011
A casa sobre a rocha...
Descobrir os caminhos para a maravilhosa aventura cristã no meio do mundo é contínua provocação positiva que desejamos acolher juntos. O Cristianismo é e será sempre resposta às mais profundas inquietações do coração humano, a ser oferecida a todas as gerações através da palavra e do testemunho dos cristãos. Numa quadra da vida do mundo marcada por tantas mudanças, vale a pena ir ao encontro das perguntas feitas pelas gerações atuais, especialmente dos jovens, cujas atitudes e comportamento nos deixam desconcertados.
Há no ar um desejo de respostas objetivas às interrogações das pessoas. Com gente altamente questionadora, os raciocínios detalhados e detalhistas não conseguem ir ao cerne das questões e ao coração. Ao lado e dentro da necessária objetividade, a verdade, especialmente quando incomoda, corresponde ao desejo mais profundo do coração humano. Nas lides pastorais, ouvi recentemente um jovem reagindo à exposição dos ensinamentos da Igreja a respeito da castidade: "Ainda que nem sempre consigamos praticar o que ouvimos, dentro de nós sabemos ser este o caminho da felicidade". Mais cedo ou mais tarde, ressoa clara a voz da consciência, grito do Espírito Santo de Deus dentro de cada ser humano.
Em tempo de carnaval, vale notar que a festa em si poderia ser vivida como grande ocasião de confraternização. Entretanto, o que se assiste por aí tem quase nada de cultura, zero de qualidade musical e muito de iniciação irresponsável dos adolescentes na vida sexual, aos quais os preservativos distribuídos a rodo dizem apenas que, desde que não peguem doenças ou gerem filhos, todo o resto é lícito! Muitos preferem ficar em casa, outros tantos vão a sítios e chácaras em encontros de família. E não é raro encontrar também nas famílias o excesso de bebidas e outras drogas. A vida entendida como uma esponja destinada a absorver todas as satisfações possíveis! O resultado é um terrível vazio, reduzindo a Quarta-feira de Cinzas, que olha para a Páscoa e não para o carnaval, a um desagradável fenômeno chamado "ressaca".
Muitas pessoas estão em busca de alternativas mais sadias, como quem decide participar de retiros ou encontros de formação durante esse período [carnaval]. Sábia decisão que rompe a cadeia do ócio e do vício. Mas o mais importante é a sadia inquietação que o próprio Espírito Santo planta no interior do coração humano, suscitando a busca de algo mais consistente. Construir o edifício da vida sobre a base de tanta superficialidade resulta em tristeza e falta de rumo.
Então, o que fazer? Desfraldar a bandeira e começar uma guerra contra festas e vícios, considerando-nos bastiões de resistência num mundo hostil, condenando os que se divertem pelos pares da vida e fechando-nos em atitudes anacrônicas? Constato que tais atitudes não constroem a nova casa para os seres humanos que Deus criou com tanto amor. Há outra estrada, proposta aos cristãos e por eles a tantas pessoas de boa vontade, feita de fidelidade cotidiana à palavra do Evangelho. Com ele, aprenderemos a escutar as razões mais profundas e acolher as inquietações dos outros. Estes encontrarão em nós uma reserva de humanidade que jorra como fonte de água viva. Brotará um inquebrantável compromisso com a verdade e a retidão, no qual o primeiro passo será sempre de quem descobriu a pérola do Reino de Deus. Vendo pessoas que amam a vida e dela desfrutam sem destruí-la, esta mesma vida suscitará perguntas mais profundas e provocará uma mudança. Como fez com Seus primeiros discípulos, o Senhor Jesus não pedirá ao Pai que sejam tirados do mundo, mas preservados do mal.
Quando muda a alma, as pessoas buscarão uma vida mais saudável, pois por fora e com imposições, não se transformam os corações. Muitas vezes, escorregando pela ribanceira abaixo, olha-se para o alto, onde uma nova cidade, chamada Jerusalém celeste, já antecipa seus sinais e suas estruturas. Maior do que o peso da árdua subida será a alegria do Céu que desce à terra todas as vezes em que o Evangelho é vivido. O desafio entregue à nossa geração é viver de tal modo que a vida cristã atraia mais do que todas as propagandas do mundo inteiro!
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA
quarta-feira, 2 de março de 2011
Quaresma: façamos juntos esse caminho...
Neste tempo quaresmal, temos a oportunidade de avançar em uma intimidade maior com o Senhor. Digo avançarmos, porque a cada ano a Igreja não nos propõe um repetitivo exercício espiritual que nos permita dizer: "De novo estamos na Quaresma", como, se neste ano, você fosse viver da mesma forma que os outros anos. Não! Definitivamente estamos diante de uma nova oportunidade de, conhecendo mais a Pessoa de Cristo, nos esforçarmos de maneira decidida para correspondermos a Seu grande amor por nós, que chegou a ponto de se entregar por nós em uma cruz.
A Igreja nos propõe o Jejum como uma das inúmeras formas para vivenciarmos bem este tempo de crescimento e conversão. Contudo, ele em nada pode ser comparado com um regime alimentar ou com um tempo em que passamos fome. Explico de forma bem simples o que é o jejum e as várias maneiras possíveis de fazê-lo em um pequeno livrinho de minha autoria: "Práticas de Jejum", da Editora Canção Nova. Essa prática nos ajuda a crescer em disciplina e nos dispõe para a oração.
A correspondência ao amor de Jesus Cristo nos compromete com Ele e também com os irmãos. Dessa forma, este tempo de conversão nos coloca a percorrer um caminho de crescimento individual-espiritual, lado a lado com um caminho de crescimento fraterno-social. Uma Quaresma bem vivida toca e transforma essas duas realidades, sempre nos conduzindo a uma conformação com a vida de Jesus Cristo.
Por fim, o objetivo maior que almejamos alcançar nesse período quaresmal não é outro senão uma vida mais santa. Convido vocês, meus irmãos e minhas irmãs, companheiros de missão, a se esforçarem para não ser desclassificados nessa caminhada rumo à santidade. Nossa caminhada se inicia com a Quaresma, nosso percurso é a própria vida de Jesus Cristo e nossa meta final é o Céu. Queremos neste mês, com nossa evangelização, alcançar o máximo de pessoas para que ninguém fique desclassificado pelo meio do caminho. Conto com sua ajuda e esforço pessoal. Juntos estaremos nos preparando para celebrar bem o Mistério da Ressurreição do Senhor que coroa este tempo forte de oração.
"Concedei-nos, ó Deus onipotente que, ao longo desta Quaresma, possamos progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder a seu amor por uma vida santa" (Oração do dia do Primeiro Domingo da Quaresma).
Monsenhor Jonas Abib
terça-feira, 1 de março de 2011
Parabéns Dizimistas...
01/03 Elisa M. Correia
02/03 Marlene Pederneiras Perroni
09/03 Maria Elza da Silva Souza
10/03 Fernanda dos Santos Cassimiro
14/03 Maria de Lourdes Rocha Silva
14/03 Zuleide Pereira de Araujo
19/03 Guido Albertini
19/03 Nori da Silva Nogueira
19/03 Francisca Zelma dos Santos
20/03 Clea Lopes Ribeiro
20/03 Rodrigo José Lopes
22/03 Maria Cristina Silva
23/03 Caroline Cassia Oliveira dos Santos
23/03 Odair de Jesus Roberto
24/03 Agnelo Cosmo Abruzesse
26/03 Maria Celina da Silva
27/03 Josefa Maria da Silva Goes
27/03 Marlene Oliveira de Souza
29/03 Marcia Cordeiro
29/03 Natalie Nunes de Brito
3/03 Vera Lucia Alves Teodozio
31/03 Sandra Jovanini
'No dízimo, o importante não dar mais ou menos, e sim dar exatamente o que se pode.'
Que Santa Teresinha derrame sobre vocês e sobre suas famílias chuvas de graças e de bençãos!
A Moralidade é Ouro...
A sociedade está povoada de notícias que comprovam o quanto a corrupção e a desonestidade estão corroendo relações, provocando prejuízos irreversíveis na vida de cidadãos e de famílias, com sérios comprometimentos sociopolíticos. A confiança que se deposita em pessoas, no exercício de suas responsabilidades funcionais e ofícios, está e certamente continuará sendo abalada. O mesmo ocorre também na relação com as instituições, que têm tarefas de proteção aos direitos e à integridade de todos, constituídas para proteger o bem público, garantir a ordem e a justiça. Quando menos se espera, estouram aqui e ali acontecimentos que provocam decepção e generalizam a insegurança. Não se esperam conivências interesseiras dos que têm tarefa de garantir a justiça. Conveniências que comprometem a vida de jovens e de outros que têm seus sonhos inviabilizados de maneira irreversível.
As providências que governos, instituições e outras instâncias da sociedade precisam e devem tomar diante de fatos graves no tecido social e cultural, não podem retardar mais a consideração da moralidade como ouro na história de todos. Esse cenário, com suas violências, desmandos, corrupções, tráficos e outras condutas imorais, é origem de tudo o que esgarça o tecido moral da cidadania. Valor que é a base para vencer seduções e ter força para permanecer do lado do bem, com gosto pela justiça e fecundo espírito de solidariedade. É imprescindível redobrar a atenção quanto à moralidade que baliza a vida de cada indivíduo e regula suas relações. É urgente e necessário avaliar o quanto o relativismo tem emoldurado critérios na emissão de juízos, na formatação de discernimentos, trazendo direções equivocadas e prejudiciais nas escolhas, tanto no âmbito privado quanto no exercício da profissão, da política e de outras ocupações na sociedade.
É preciso diagnosticar esses pontos críticos na moralidade sustentadora da conduta cidadã e honesta. Não se pode desconsiderar a gravidade da situação vivida neste tempo de avanços e conquistas - marcado pela "démarche" (disposição para resolver assuntos ou tomar decisões) - imposta pela falta de moralidade pública, profissional e individual. Jesus, em Seus preciosos ensinamentos para bem formar os discípulos, não deixava de advertir e indicar critérios para comprovar os comprometimentos da moralidade. Ele dizia que “o irmão entregará o irmão à morte, o pai entregará o filho; os filhos ficarão contra os pais e os matarão”, convidando-os para não se escandalizarem e a permanecerem firmes diante do caos provocado pela imoralidade. A decomposição das relações familiares configura o paradigma da perda da moralidade, considerando a família com seu insubstituível papel de formadora de consciência.
Com a família, o conjunto das instituições educativas, religiosas e outras prestadoras de serviços à sociedade, é preciso fortalecer o coro de vozes, como o fez a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), quanto à necessidade de incluir na pauta da sociedade a compreensão da moralidade como um tesouro do qual não se pode abrir mão. Sua ausência significa a produção de perdas irreparáveis, de vidas, de credibilidade e de conquistas e avanços de todo tipo, pelos inevitáveis comprometimentos advindos de uma cultura permissiva e cega a valores balizadores da vida cidadã. Nesse âmbito, é preciso retomar a tematização da responsabilidade dos meios de comunicação - também sublinha a CNBB. A apurada qualidade técnica e os admiráveis recursos da mídia, em particular da televisão, lamentavelmente, estão a serviço de programas que atentam contra a dignidade humana. Não se pode simplesmente ajuizar que os cidadãos são livres para escolher o que é de baixo nível moral. É melhor não produzi-los. Então, é preciso combatê-los, investindo na formação da consciência moral, com uma consistência tal que se rejeite, com lealdade, os fascínios da celebridade fugaz, o gosto mórbido pelo dinheiro e pelo poder, e substituí-los pelo apreço ao bem, à verdade; criar o gosto pela transparência e pelo que é honesto.
As culturas e as sociedades não podem prescindir de investimentos, abordagens e compreensões da consciência na sua insubstituível e específica função de discernimento e juízo moral. É urgente superar considerações de que tratar e investir na moralidade é um viés antigo, e até superado. A liberdade e a autonomia que caracterizam a sociedade contemporânea não podem prescindir do exercício dos valores morais sob pena de continuarmos a fabricar o precioso tempo do Terceiro Milênio como um tempo de abominação da desolação.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte