sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Ano novo, coração novo...

"Um coração envelhecido é aquele que desistiu de amar..."

Estamos acostumados aos rituais, às comemorações, às celebrações. Quando um ano se encerra e outro se inicia, celebramos o Dia da Paz, a confraternização entre os povos. Quando um novo ciclo se inicia, somos convidados a renovar algo em nós. Quem sabe, neste novo ano, possamos ter um coração novo.

O coração é a metáfora dos sentimentos, das intenções. Um coração envelhecido é aquele que desistiu de amar, que não acredita na humanidade e que, consequentemente, se fecha. E é, por isso, solitário. A solidão pela ausência do amor envelhece o coração.
As desculpas para um coração envelhecido recaem nas decepções com as pessoas que amamos.

Reclamamos dos erros dos outros, lamentamos as atitudes incorretas de nossos irmãos e, assim, optamos pelo fechamento. Vivemos condenando nossa triste situação. Pais, filhos, amigos, parece que não há ninguém de valor a nosso lado. Pensamos como seria bom se eles mudassem, se eles melhorassem.

No ano que passou, vivi momentos de muita emoção. Um deles ao lado de meu querido irmão Dunga. Eu fazia uma pregação em um grupo de oração em Presidente Prudente (SP). Enquanto isso, ele compunha o refrão de uma música. A reflexão era sobre as mudanças que temos de fazer para que nosso irmão seja mais feliz. E o refrão diz exatamente isto: "Quem tem que mudar sou eu, para que você seja mais feliz".

Eu escrevi o restante da música que fala em aprendizado, em perdão, em saber ouvir, em lembrar que não há ninguém perfeito. E que talvez precisemos do tempo da boa ingenuidade de volta, do sorriso leve, dos sonhos dos primeiros encontros.

O tempo pode ser uma boa escola. Ele nos ensina a tolerância, o respeito às limitações do outro e às nossas próprias limitações, a bondade no julgar. É uma lição de vida a reflexão de Madre Teresa de Calcutá: "Quem julga as pessoas, não tem tempo para amá-las".

Às vezes, os pais exigem dos filhos algo que não podem dar. O inverso é verdadeiro. E na relação entre o casal também. Cada ser é único. E talvez grande parte dos erros não sejam intencionais.

Meu irmão, não espere que o outro mude. Mude você. Diga à pessoa que você ama: "Quem tem que mudar sou eu, para que você seja mais feliz". E, se precisar, complete com o pensamento de Madre Teresa: Não vou perder tempo julgando, quero gastar esse tempo amando.

E é esse o convite para o novo ano. A consciência de que a sua família será melhor se você for melhor. Que o seu trabalho será melhor se você for melhor. Que o mundo, esse grande coração que pulsa, será renovado se o seu coração for renovado.

Feliz ano novo, feliz coração novo.

Gabriel Chalita

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Vamos fechar para "balanço"?

Estes são os ultimos dias do ano, nossa como passou rápido, tantas coisas eu vivi em um ano só, mudanças, perdas, soluções, sofrimentos e muitas alegrias. Por isso, eu preciso parar para fazer um “balanço” da minha vida em geral, para entrar no ano novo com cara nova, com novas expectativas e metas e é claro, sem carregar fartos do ano velho para o ano novo. É exatamente essa idéia, como fazem as grandes lojas e o comércio em geral, eu vou fechar para balanço. Vou fazer uma revisão de vida, repensar as coisas e como tenho agido e vivido a minha vida. Estes passos nos ajudarão a fazer este “balanço” da melhor maneira possível, que eu possa aproveitar para rever todas as áreas da minha vida, espiritual, física, familiar e trabalho, tempo…

1°- Leitura bíblica: Lucas 19,1-10 Jesus entrou em Jericó e ia atravessando a cidade. Havia aí um homem muito rico chamado Zaqueu, chefe dos recebedores de impostos. Ele procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da multidão, porque era de baixa estatura. Ele correu adiante, subiu a um sicômoro para o ver, quando ele passasse por ali. Chegando Jesus àquele lugar e levantando os olhos, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa. Ele desceu a toda a pressa e recebeu-o alegremente. Vendo isto, todos murmuravam e diziam: Ele vai hospedar-se em casa de um pecador… Zaqueu, entretanto, de pé diante do Senhor, disse-lhe: “Senhor, vou dar a metade dos meus bens aos pobres e, se tiver defraudado alguém, restituirei o quádruplo”. Disse-lhe Jesus: “Hoje entrou a salvação nesta casa”, porquanto também este é filho de Abraão. Pois o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido.

2°- A Vontade de Deus era se encontrar com Zaqueu, por isso, Jesus entrou em Jericó. É Vontade de Deus encontrar-se com você! Separe um tempo para este encontro e dê prioridade como você daria a um compromisso de trabalho.

3º- Zaqueu desejava conhecer e ver Jesus, seu esforço de correr e subir em uma árvore, vencendo as suas limitações provou o seu desejo de mudança, de CONVERSÃO!

4°- Acolher Jesus em sua casa, com o coração aberto como estava levou-o a conversão e a fazer uma revisão de vida: faça uma revisão de suas metas e compromissos vividos ou não neste ano que está chegando ao fim, seja sincero e reconheça suas vitórias e fracassos;

5°- Reconheceu o que estava errado e corrigiu o seu erro, é preciso reconhecer os erros e pecados e corrigi-los, VIDA NOVA: rafaça as suas metas, isso é nuito importante. Comece com as mais simples, aquelas que dependem só de você, depois faça os compromissos e as metas mais dificeis, que precisará de muita disciplina e ajuda para consegui-las.

O ato do Mestre sensibilizou Zaqueu e Jesus não precisou dizer-lhe nada, bastou a Sua presença, Seu amor e a salvação entraram naquela vida. O que você precisa fazer, é receber Jesus em sua casa e deixar que Ele faça em você, que o Espírito Santo revele ao seu coração o que precisa mudar, refazer, corrigir. Não carregue entulhos para o ano que vem, perdoe e peça perdão, resolva, corra atrás, tenha coragem de jogar fora, de dar, de se desfazer. Depois disso faça uma boa confissão e a vida Nova irá encher seu coração.

“Em Cristo somos mais que vencedores”!!! Clique em comentários e deixe sue recado.

Cante os louvores do Senhor com a sua vida. Deus abençoe o seu “balanço”, ou melhor retiro.

Conte sempre com as minhas orações, Feliz e abençoado 2011!

Padre Luizinho,
Com. Canção Nova.

O Bem Absoluto...

"Conhecer e viver a vontade de Deus para si..."

A criatura humana tem em si a capacidade de reconhecer o Bem Absoluto, que é Deus, como um bem, mas, muitas vezes, não reconhece os bens relativos ou terrenos nos seus aspectos positivos e negativos. Quando se torna escravo da liberdade anticristã, o homem se esquece de que estes bens são atraentes sob alguns aspectos, mas todos são insuficientes para saciar a necessidade que temos do Bem Infinito, que é Deus.

E, quando o homem não reconhece a transitoriedade dos bens terrenos, torna-se escravo do própria natureza, rebaixando-se a si mesmo, sem conseguir vislumbrar a quão alta vida Deus o chamou. Condicionado por fatores internos, como traumas, enfermidades, complexos, ou por fatores externos como a propaganda, por exemplo, ele pode, de certa forma, diminuir ou até extinguir sua própria liberdade de arbítrio, enquanto pensa que está caminhando para a liberdade, está em plena escravidão de si e das ideias deste mundo, rumo à autodestruição.

Infelizmente, muitos fazem depender sua escolha dos costumes, das circunstâncias que estão atravessando ou das opiniões das pessoas com quem convivem. Estes fatores, embora não tirem a liberdade de escolha do homem, restringem a capacidade de reconhecer o que é realmente bom. Outros se tornam escravos da própria razão, deixando de se abrir à novidade do CHAMADO PESSOAL de Deus para si. Há ainda os que fazem suas opções seguindo seus sentidos superficiais (estéticos, afetivos, ideológicos, etc.), esquecidos de que a felicidade do homem não está condicionada a estes valores efêmeros, como toda realidade visível, mas na realização do fim supremo para o qual veio ao mundo.

Se tivesse se deixado aprisionar por sua própria natureza, pelos costumes ou pela lógica, o Profeta Abraão jamais teria deixado sua terra, seu povo e encontrado a plenitude de sua vida. Assim também os outros Profetas, Juízes, Reis, Nossa Senhora, os Apóstolos, Paulo e todo o povo das Sagradas Escrituras resumiriam sua existência à do Jovem Rico da Bíblia, que não quis conhecer e viver a vontade de Deus para si.

O ser humano foi feito para ultrapassar a si mesmo, sua natureza, seus sentimentos, e sua razão em busca de Deus. Quem sufoca em si ou nos outros essa tendência, de alguma forma, mutila a natureza humana.

Comunidade Nova Vida

sábado, 25 de dezembro de 2010

O Natal do Senhor é o Natal da paz...


"Todo homem que acredita em Cristo é regenerado..."


Enquanto adoramos o nascimento de Nosso Salvador, celebramos também o nosso nascimento. Efetivamente, a geração de Cristo é a origem do povo cristão, o Natal da Cabeça é também o Natal do Corpo. Embora cada um tenha sido chamado num momento determinado para fazer parte do povo do Senhor, e todos os filhos da Igreja sejam diversos na sucessão dos tempos, a totalidade dos fiéis, saída da fonte batismal, crucificada com Cristo na Sua Paixão, ressuscitada na Sua Ressurreição e colocada à direita do Pai na sua Ascensão, também nasceu com ele neste Natal.

Todo homem que, em qualquer parte do mundo, acredita e é regenerado em Cristo, liberta-se do vínculo do pecado original e, renascendo, torna-se um homem novo. Já não pertence à descendência de seu pai segundo a carne, mas à linhagem do Salvador, que se fez Filho do homem para que nós pudéssemos ser filhos de Deus. Se Ele tivesse descido até nós na humanidade da natureza humana, ninguém poderia, por seus próprios méritos, chegar até Ele.

Por isso, a grandeza desse dom exige de nós uma reverência digna de seu valor. Pois, como nos ensina o apóstolo Paulo, nós não recebemos o espírito do mundo, mas recebemos o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos os dons da graça que Deus nos concedeu (cf. I Cor 2,12). O único modo de honrar dignamente o Senhor é oferecendo-Lhe o que Ele mesmo nos deu.

Ora, no tesouro das liberalidades de Deus, o que podemos encontrar de mais próprio para celebrar esta festa do que a paz, anunciada pelo canto dos anjos em primeiro lugar no nascimento do Senhor? É a paz que gera os filhos de Deus e alimenta o amor; ela é a mãe da unidade, o repouso dos bem-aventurados e a morada da eternidade; sua função própria e seu benefício especial é unir a Deus os que ela separa do mundo.

Assim, aqueles que não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas do próprio Deus (cf. Jo 1,13), ofereçam ao Pai a concórdia dos filhos que amam a paz, e todos os membros da família adotiva de Deus se encontrem n'Aquele que é o Primogênito da nova criação, que não veio para fazer a Sua vontade d'Aquele que O enviou. Pois a graça do Pai não adotou como herdeiros pessoas que vivem separadas pela discórdia ou oposição, mas unidas nos mesmos sentimentos e no mesmo amor. É preciso que tenham um coração unânime os que foram recriados segundo a mesma imagem.

O Natal do Senhor é o Natal da paz. Como diz o apóstolo dos gentios, Cristo é a nossa paz, Ele que de dois povos fez um só (cf. Ef 2,14); judeus ou gentios, em um só Espírito, temos acesso junto ao Pai (cf. Ef 2,18).

Felipe Aquino

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Preparar a festa...

"A cena do presépio mostra a paz entre o homem e a natureza..."

A Igreja prepara os fiéis para celebrar o Natal do Senhor, abrindo-lhes os corações para entenderem o dinamismo da presença de Jesus Cristo em suas vidas. De fato, nossa prática religiosa não é estática, mas provocadora de atitudes que efetivamente modificam a realidade. Desejamos chegar melhores ao Natal que se aproxima e não nos conformamos em ser meros espectadores do acontecimento da Encarnação do Verbo de Deus. A cena do Natal é riquíssima em detalhes e pedimos a Virgem Maria que nos conduza pela mão, diante do grande painel pintado pela Trindade Santa.

A primeira cena é tão comum como extraordinária, o nascimento de uma criança. A Liturgia do quarto domingo do Advento faz ouvir Isaías (7, 10-14): "Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel". A Carta aos Romanos (1, 1-7) apresenta Jesus Cristo, Filho de Deus, "descendente de Davi segundo a carne" e o evangelista São Mateus conta como foi a "origem de Jesus Cristo". Deus quis percorrer o caminho da família humana, com todas as suas alegrias e vicissitudes. Deus quis sentir fome e frio, acolheu abraço e carinho de pai e mãe, foi peregrino e exilado, trabalhou com mãos de carpinteiro, alegrou-se com o dia a dia de Nazaré. Que nenhuma vida humana seja desprezada e maternidade e paternidade sejam de novo valorizadas!

A cena do presépio é descrita de forma a mostrar realizada a paz entre a humanidade e a natureza. Quantas pessoas já encenaram o Natal e ficaram contentíssimas até em serem a vaca ou o burrinho, presentes no divino estábulo da noite santa ou, quem sabe, entrar com uma fantasia de estrela falante! Mas todos querem entrar! Teatro muito parecido com a vida! Neste Natal, ninguém se envergonhe das emoções tanto ancestrais quanto verdadeiras. É tempo, sim, de gostar de ter pai e mãe, irmãos, gerações diversas em torno da mesa, histórias de família, ternura e carinho.

As narrativas evangélicas do nascimento de Jesus põem em relevo figuras simpáticas, os pastores de Belém. Neles, três atitudes são ressaltadas. De um lado, acolheram com alegria o anúncio, lá mesmo onde se encontravam, em seu trabalho cotidiano. Depois foram conferir de perto, saindo da rotina para maravilhar-se ao encontrar, com olhos novos, um Menino e Sua Mãe. Dali saíram, primeiros evangelizadores, espalhando a notícia, que era grande alegria para todo o povo. Natal se experimenta e se conta aos outros! A nós a mesma tarefa de acolher boas notícias, vivê-las em primeira pessoa e comunicá-las aos outros!

A delicadeza dos detalhes chega aos homens vindos de fora e de longe, que trazem o melhor que possuem, dando ao rei o ouro, a Deus o incenso e a mirra Àquele que passaria pelos vales da sombra da morte. Tem gente chegando neste Natal! Do longe-perto de nossa vida, há crianças, jovens e adultos que, neste ano, pela primeira vez tomam conhecimento do que ocorre.

Por causa dos magos vindos a Belém de Judá, até hoje trocamos presentes no Natal de Belém do Pará, como em todo o mundo. Que possamos colher as lições do Natal para sermos mais fraternos e solidários. Estes são os meus votos, destinados a todos os homens e mulheres, chamados por Deus a glorificá-Lo nas alturas do Céu, para que, na terra, amados por Ele e repletos de boa vontade, sejam felizes!

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Sacramento da Confirmação...


"Recebe, por este sinal, o Espírito Santo, o dom de Deus."


É com grande alegria que a Comunidade Santa Teresinha do Menino Jesus comunica a todos sobre a Celebração da Confirmação que ocorreu no dia 12/12 às 18:00h. A celebração foi presidida pelo Monsenhor Carlos de Souza Calazans e concelebrada por Pe. Edmilson Dias e Pe. Paulo César Gurgel Lima.

Os crismandos foram:

Ana Paula
Talita
Willian
Jessica
Thais
Lilian
José Alfredo
Maria Del Rosario
Maria Calixta
Daniella
Melissa
Carolina
Maria de Fatima
Alexandre
Tamires
Jurandir
Cristinane
Maria Marlene
Amanda
Josilda
Joice

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Mensagem de Natal da CNBB...

“E a Palavra se fez carne e veio morar entre nós” (Jo 1,14)

Aproximando-se a festa do nascimento de Jesus Cristo, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) dirige-se ao povo brasileiro para desejar que as bênçãos de Deus sejam derramadas abundantemente no coração de todos.

A contemplação e celebração do nascimento de Jesus fortalecem a fé em Deus que vem até nós e que nos oferece a possibilidade do encontro com seu Filho. Ele é o caminho para que em nossas famílias, nas comunidades e na sociedade vivamos o amor, a reconciliação e a paz.

Mesmo sabendo que o nosso país tem mostrado sinais de progresso econômico, persistem, ainda, em nosso meio situações de miséria e de empobrecimento, de fome, de violência organizada, de degradação do meio ambiente, dentre outras realidades que ameaçam a vida e geram insegurança nas mais variadas formas. Essa realidade é fruto do individualismo e do egoísmo que orientam a organização da sociedade atual na lógica da concentração de bens e riquezas e da exclusão social.

O Natal lança luzes e questionamentos sobre o nosso modo de ser e de viver o Evangelho em meio às realidades que interpelam a nossa consciência e prática cristãs e eclesiais. Jesus Cristo, que assumiu a humanidade com suas fragilidades, limites e pecados e a redimiu, nos convida a seguir os seus passos. A exemplo de Cristo, a Igreja no Brasil assume as angústias e tristezas do povo brasileiro, bem como suas esperanças, a fim de que, animada pelo Espírito, possa realizar sua missão no horizonte da gratuidade, da solidariedade e da alegria.

Celebremos o Natal com gestos de partilha, proclamando a presença de Jesus Salvador, reconhecendo e afirmando o valor da dignidade da pessoa, participando da vida da comunidade e comprometendo-nos com a construção de uma sociedade pacífica e sem exclusões. Desse modo, estaremos respondendo melhor ao amor de Deus presente no Verbo que se fez carne e habita entre nós, fortalecendo nossas esperanças para o Ano Novo.

A todos, desejamos um feliz e santo Natal e um abençoado Ano Novo.

Brasília, 1º de dezembro de 2010.

Dom Geraldo Lyrio Rocha
Arcebispo de Mariana
Presidente da CNBB

Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus
Vice-presidente da CNBB

Dom Dimas Lara Barbosa
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Secretário Geral da CNBB

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A felicidade que se busca no Natal...

"Presente algum poderá eliminar o vazio de nosso coração..."

É praticamente impossível não deixar de perceber que o Natal está chegando. As casas ganham uma ornamentação especial, árvores são iluminadas, jardins decorados e o comércio se movimenta traçando estratégias para melhores faturamentos. As pessoas se mobilizam de tal maneira que nenhuma outra celebração do ano parece igual. Os mais desavisados podem pensar que dezembro é o mês das festas. O comércio se desdobra em turnos de trabalho, promovendo competições, distribuindo prêmios por meio de sorteios, entre muitas outras ações.

Nas empresas, colaboradores brindam a chegada de mais um Natal, com festas, brincadeiras e troca de presentes... Toda essa movimentação parece revigorar nas pessoas a força de encontrar um sentido para suas vidas que, por muitas vezes, não passam de dias rotineiros, repletos de superficialidades, os quais se repetem por anos a fio.

Não é raro nós vermos pessoas reclamando ou tristes exatamente na noite em que a humanidade se rejubila com a graça que Deus dispensou à humanidade. Talvez, essas pessoas esperassem viver – na atitude de presentear e de serem presenteadas – o verdadeiro significado dos votos de felicidade expressos nos cartões ou nas frases, muitas vezes, repetidas quase que automaticamente. Para outras, os votos de felicidades são traduzidos na esperança de gozarem de muita saúde e muito dinheiro para realizar todos os sonhos de consumo.

Infelizmente, devido à necessidade de se alcançar a alegria vendida pelo mundo, muitos de nós mal nós damos conta da grandeza da oferta concedida por Deus a cada um de nós neste tempo. A felicidade que se busca não está contida num pacote ou, simplesmente, nos votos de dias sem preocupações, crises ou sofrimentos. Sabemos que presente algum poderá eliminar o vazio de nosso coração ou tirar a inquietude de nossa alma com as diversas preocupações e decepções. O grande diferencial que supre as lacunas de nossa alma e que revitaliza nossas forças, especialmente quando somos assolados pelas tempestades da vida, tem sido proclamado pela Igreja há mais de 2.000anos.

Talvez esteja faltando em nossa vida – entre as atividades agendadas para o feriado de Natal – o compromisso de buscarmos viver o encontro com Aquele que é a salvação para ricos e pobres; brancos e negros; livres e cativos; e razão de toda existência. Em nossos dias, grandes transformações continuam acontecendo na vida daquelas pessoas que se dispõem a conhecê-Lo. Pois, ao vivermos uma experiência com Ele não nos encontramos com um personagem histórico que viveu há milhares de anos, mas com Alguém que vive e realiza prodígios na vida de quem O acolhe como Amigo.

Não se conhece alguém que, ao assumir a participação de Jesus Cristo na sua vida, tenha sido decepcionado ou abandonado às margens do caminho; ou que, ao ter clamado por Sua ajuda, tenha sido desprezado.

Neste novo tempo, em vez de permitirmos que o Menino Deus nasça numa manjedoura fria, que possamos testemunhar a alegria de acolher em nosso coração Aquele que pode preencher a nossa alma e nos propor um novo caminho em direção à almejada felicidade.

Abraços e votos de feliz Natal repleto de mudanças!

Dado Moura

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Como vencer as tentações da carne...

"O inimigo de Deus está constantemente nos rodeando..."

"Eu vos exorto: deixai-vos sempre guiar pelo Espírito, e nunca satisfaçais o que deseja a vida carnal. Pois o que a carne deseja é contra o Espírito e o que o Espírito deseja é contra a carne" (Gl 5,16-17).

São Paulo, escrevendo aos gálatas fala da vida carnal, se referindo à impureza, devassidão, imoralidade sexual, libertinagem, inveja, discórdia, bebedeira, orgia, ciúme, ira e outras coisas semelhantes (cf. Gl 5, 19-21). Dando sequência aos versículos, o apóstolo dos gentios ressalta: "todos os que vivem dessa maneira não herdarão o reino de Deus."

Você já teve a horrível sensação de ser vencido(a) pelas tentações da carne? Se a resposta for "sim", não se assuste! Eu também já tive e se não me cuidar ou não me disciplinar, serei vencida sempre. O inimigo de Deus está constantemente nos rodeando, pronto a nos devorar, por isso, é preciso vigilância e muita oração.

"Se não te mortificas, nunca serás uma alma de oração. Nenhum ideal se torna realidade sem sacrifício" (São Josemaría Escrivá).

Geralmente somos tentados na nossa maior fraqueza. Qual é seu ponto fraco? Sua sexualidade, seu temperamento, a gula, a inveja, o ciúme, a discórdia? Fale agora o nome de sua fraqueza para você mesmo (a). Depois de responder, talvez sua próxima pergunta seja: "Mas o que fazer nesses momentos, nos quais me sinto impotente diante das tentações e o que fazer para vencê-las?"

Primeiro: fugir das ocasiões de queda e não procurá-las. Porque se deixarmos para fugir quando ela já está nos envolvendo, será muito difícil resistir. Além de fugir, não podemos ser ocasião de pecado para as pessoas que convivem conosco.

Segundo: Só com o espírito fortalecido será possível dominar os impulsos da carne. Venceremos e dominaremos nossa carne com a oração e a intimidade com Deus, buscando os frutos do Espírito Santo de Deus, que são: alegria, amor, paz, paciência, amabilidade, mansidão, domínio próprio, este, sobretudo, conseguimos somente com muito esforço, e fazendo mortificações, ou seja, renúncia daquilo que gostamos muito: refrigerantes, doces, entre outros.

Por que isso é importante? Porque quem não domina a boca, geralmente tem uma grande dificuldade para controlar seus impulsos sexuais. Essa frase que um dia ouvi de um padre, mestre em teologia moral, me levou a fazer uma grande reflexão. Deus fez muitas libertações na minha vida a partir do momento em que eu gravei isso na minha mente e no meu coração.

"Sem disciplina não há santidade" (monsenhor Jonas Abib). Nossa vida espiritual deve ser regrada e planejada. Por isso, não podemos deixar a oração como última tarefa do dia. Ao despertar, já precisamos consagrar ao Senhor tudo o que vamos viver no nosso dia, nossos pensamentos, nosso desejo de viver a castidade, as pessoas com quem nos relacionaremos e lembrar: precisamos fugir das ocasiões de pecado e não ser ocasião de queda para as pessoas.

Que todo o nosso dia seja uma oração traduzida em ações. Não adianta orarmos e não colocarmos em prática aquilo que Deus nos pede. É Ele quem tudo vê! Não queira provar nada para ninguém.

Mentalmente, ou quando for possível, procure ser orientado por um sacerdote ou diretor espiritual de sua confiança. Faça mortificações, as quais o ajudarão e o levarão ao amadurecimento, ao controle e ao equilíbrio afetivo-sexual.

Isso é possível e com o auxílio do Espírito Santo você poderá vencer as fraquezas da carne.

Tenho dado a Deus a vitória na minha afetividade e na minha sexualidade. Digo que é difícil, mas é possível sim.

Você quer vencer também? Comece agora com uma boa confissão, sem medo. O Senhor está com você!

Muita oração e muita disciplina!

Unida em oração.

Ana Néri

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O tesouro que o mundo procura...

"Ao longo de nossa vida, adquirimos falsos tesouros..."

A juventude é a fase em que mais sofremos as investidas do inimigo de Deus, enfrentamos as maiores batalhas e temos sentimentos à flor da pele. É uma guerra em que nos machucamos e ficamos, muitas vezes, mutilados. É difícil, porém, não ir para a guerra significa não conhecer o sabor da vitória. Quem não luta, não tem muitos problemas nem dificuldades, mas também não alcança a vitória. É assim que acontece com alguém que está em pecado: como um porco, se lambuza todo e se mistura tanto à lama, que não quer sair mais. E mesmo sendo lavado, o porco retorna à lama.

Quem não luta contra o pecado se torna semelhante a esse animal, acostumado à vida do chiqueiro. Muitas vezes, permanecemos no pecado e nas consequências deste, porque não quisemos lutar. Há uma história sobre um homem e seu baú cheio de tesouros, os quais colecionava e comercializava. Além do baú, possuía tecidos, tapetes, terras, gado, cavalos, casas, enfim, era muito rico. Viajava bastante e sempre comprava algo que não possuía. Assim foi ajuntando tesouros, até que, um dia, numa das viagens, deparou-se com uma pérola negra e encantou-se. Era a única no mundo!

Em nenhum dos lugares pelos quais já havia passado, havia visto aquele tesouro. Quis possuí-la e foi até o dono da pérola. Pelo fato de não haver nada parecido no mundo inteiro, o proprietário tinha todo o direito de pedir o valor que quisesse, e foi o que aconteceu. Ele pediu um preço tão alto, que era quase impossível alguém possuir todo aquele dinheiro. O comerciante achou o preço exorbitante, mas, como um bom negociante, fez o cálculo de todos os seus bens, incluindo a roupa do corpo, e percebeu que teria o dinheiro suficiente para comprá-la. Voltou para casa, juntou tudo, vendeu, comprou a pérola e saiu vestido com o mínimo necessário para não estar nu. Olhava o bem recém-adquirido sem ter para onde ir, pois tinha vendido a casa e tudo o que possuía. Achou então uma árvore e sentou-se à sombra, contemplando o seu tesouro. Ninguém era mais rico do que aquele homem, mas também ninguém era mais pobre do que ele. Nada custava mais do que a sua pérola e ele era feliz. Havia encontrado o que sempre buscara.

Aquele homem acumulou riquezas por toda a vida, achando que nelas seria feliz, até encontrar a pérola. E, quando a encontrou, teve de se desfazer de tudo para comprá-la. Nossa situação é parecida: não temos carneiros, tesouros, contas bancárias "gordas", cheque especial, muitos não têm carro nem cartão de crédito, mas, ao longo de nossa vida, adquirimos falsos tesouros, como o pecado, por exemplo. Ele nos impossibilitou de buscar o tesouro da felicidade e da paz, que é o próprio Deus. A mesma paz que Ele fez acontecer quando se levantou no barco e mandou o mar ficar calmo. Jesus é essa paz na agitação da vida. A alegria verdadeira e plena.

Muita gente procura esse tesouro em lugares impróprios e não o encontra. Sabemos que Cristo está em todas as pessoas, mas não em todas as situações. Existem situações em que somente o diabo está. E nessas situações é que, ao longo da vida, fomos buscar a felicidade: numa zona de prostituição, na boca de fumo, numa butique gastando além do que podíamos e ficando endividados. Buscamos a felicidade na violência, na loucura, na moda, na novela, na traição, em situações nas quais Deus não está, e acumulamos misérias dentro de nós.

Hoje, alegre-se! Sua busca acabou! Até mesmo o que temos de material, adquirido com muito custo e trabalho, passa a ter mais valor, mais sentido e mais gosto, porque encontramos o grande tesouro, que é o próprio Deus.

Do livro: “Sementes de uma nova geração”

Dunga

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Nossa Senhora da Imaculada Conceição

Mais do que memória ou festa de um dos santos de Deus, neste dia estamos solenemente comemorando a Imaculada Conceição de Nossa Senhora, a Rainha de todos os santos.

Esta verdade, reconhecida pela Igreja de Cristo, é muito antiga. Muitos padres e doutores da Igreja oriental, ao exaltarem a grandeza de Maria, Mãe de Deus, usavam expressões como: cheia de graça, lírio da inocência, mais pura que os anjos.

A Igreja ocidental, que sempre muito amou a Santíssima Virgem, tinha uma certa dificuldade para a aceitação do mistério da Imaculada Conceição. Em 1304, o Papa Bento XI reuniu na Universidade de Paris uma assembleia dos doutores mais eminentes em Teologia, para terminar as questões de escola sobre a Imaculada Conceição da Virgem. Foi o franciscano João Duns Escoto quem solucionou a dificuldade ao mostrar que era sumamente conveniente que Deus preservasse Maria do pecado original, pois a Santíssima Virgem era destinada a ser mãe do seu Filho. Isso é possível para a Onipotência de Deus, portanto, o Senhor, de fato, a preservou, antecipando-lhe os frutos da redenção de Cristo.

Rapidamente a doutrina da Imaculada Conceição de Maria, no seio de sua mãe Sant'Ana, foi introduzido no calendário romano. A própria Virgem Maria apareceu em 1830 a Santa Catarina Labouré pedindo que se cunhasse uma medalha com a oração: "Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós".

No dia 8 de dezembro de 1854, através da bula Ineffabilis Deus do Papa Pio IX, a Igreja oficialmente reconheceu e declarou solenemente como dogma: "Maria isenta do pecado original".

A própria Virgem Maria, na sua aparição em Lourdes, em 1858, confirmou a definição dogmática e a fé do povo dizendo para Santa Bernadette e para todos nós: "Eu Sou a Imaculada Conceição".

Nossa Senhora da Imaculada Conceição, rogai por nós!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Não perca o encanto pela vida...

"Ser feliz não é viver sem sofrimento..."

Viver é uma aventura, e, diga-se de passagem, uma aventura muito bela. Descobrem a beleza da vida, as almas que nunca perdem o encanto e a ternura diante de cada novo dia e de cada nova experiência.

Enche-se de leveza e alegria o coração que nunca perde a novidade e que enfrenta as realidades, a cada dia, como se tudo fosse novo, encantando-se diante da criação e diante da beleza presente nos detalhes do existir. Ao contrário, quem perdeu o encanto com a vida e a enxerga com ares de "hora extra", acreditando já ter contemplado tudo o que ela tem a oferecer, acaba por conceber a existência como um peso, como realidade opaca e destituída de significado.

Uma das piores coisas do mundo, pior até que "dor de dente", é conviver com alguém que se cansou de viver, que vê a vida de maneira distorcida e negativa, em virtude das marcas que o passado lhe acrescentou... Quem fica com os olhos fixados no passado se torna incapaz de ver o presente. E quem não o vê está morto. Não existe maior expressão de morte para alguém do que deixar de enxergar o mundo e o presente, como se fosse a primeira vez...

Que as dores – que vivemos – não nos roubem o olhar de esperança diante de cada situação.

Nosso presente é o presente que Deus nos entrega, e cabe a nós, com o auxílio e a graça d'Ele, reconstruir, no hoje, as belas e originais ilustrações e formas de nossa história.

Fomos criados para a felicidade, independentemente do nosso passado e das dores que vivenciamos. Ser feliz não é viver sem sofrimentos, mas é saber crescer com estes, não permitindo que eles nos aprisionem.

Não existe realização sem luta e desafio. Quem luta por sua felicidade já a alcançou, é apenas uma questão de tempo. É possível ser feliz no hoje. A felicidade é sempre uma real possibilidade, depende apenas da forma como enxergamos a vida.

Nunca desista de lutar pela vida e por seus sonhos, saiba que você é muito mais do que seu passado e suas escolhas erradas. Creia que hoje, agora, é o momento ideal para ser feliz!

Adriano Zandoná

domingo, 5 de dezembro de 2010

Parabéns Dizimistas...

A Comunidade Santa Teresinha parabeniza a todos os dizimistas aniversariantes do mês de dezembro.

01/12 Lúcia de Jesus Marques Couso

04/12 Djair Martins Ferreira

05/12 Antônio Barroqueiro

05/12 Givanildo da Silva Souza

06/12 Sueli Aparecida Sales Bertan

07/12 Cecília Clarinda Corada

10/12 Maria Alcione Vieira de Brito

11/12 Adir Sammarco Junior

13/12 Isabel Inocêncio Monteiro

13/12 Luzineide Santos de Oliveira

13/12 Lusia Campos de Oliveira

13/12 Daniela Cristiane Roberto

16/12 Maria Lúcia Borges do Nascimento

16/12 Ricardo Cardoso Neto

18/12 Conceição de Maria de O. Chagas

19/12 Jane Mariano

21/12 Amália da Conceição Amador

22/12 Maria Albertina Romano Castro

22/12 Nilza Otilia da Silva Reis

24/12 Teresinha Jose do Bem

24/12 Roberta Campos dos Santos

27/12 Telma Diasi de Moraes

28/12 Maria Betania de Araújo Costa e Silva

28/12 Dulce Silveira Pilla

30/12 Maria Solange Arruda dos Santos

31/12 Josivaldo Santana do Nascimento


Que Deus abençoe e Santa Teresinha derrame uma chuva de bençãos de graças sobre todos vocês.

Como você corrige as pessoas?

"O que não se pode fazer por amor, não se obtém por outros meios..."

Como você corrige seu filho, seu esposo, sua esposa, seu empregado, seu colega, seu subordinado de modo geral? É um dever e uma necessidade corrigir aqueles a quem amamos, mas isso precisa ser feito de maneira correta. Toda autoridade vem de Deus e em Seu nome deve ser exercida; por isso, com muito jeito e cautela.

Não é fácil corrigir uma pessoa que erra; apontar o dedo para alguém e dizer-lhe: "Você errou!", dói no ego da pessoa; e se a correção não for feita de modo correto pode gerar efeito contrário. Se esta for feita inadequadamente pode piorar o estado da pessoa e gerar nela humilhação e revolta. Nunca se pode, por exemplo, corrigir alguém na frente de outras pessoas, isso o deixa humilhado, ofendido e, muitas vezes, com ódio de quem o corrigiu. E, lamentavelmente, isso é muito comum, especialmente por parte de pessoas que têm um temperamento intempestivo (conhecidas como "pavio curto") e que agem de maneira impulsiva. Essas pessoas precisam tomar muito cuidado, porque, às vezes, querendo queimar etapas, acabam queimando pessoas. Ofendem a muitos.

Quem erra precisa ser corrigido, para seu bem, mas com elegância e amor. Há pais que subestimam os filhos e os tratam com desdém, desprezo. Alguns, ao corrigi-los, o fazem com grosseria, utilizando palavras ofensivas e marcantes. O pior de tudo é quando chamam a atenção dos filhos na presença de outras pessoas, irmãos ou amigos, até do (a) namorado (a). Isso os humilha e os faz odiar o pai e a mãe. Como é que esse (a) filho (a), depois, vai ouvir os conselhos desses pais? O mesmo se dá com quem corrige um empregado ou subordinado na frente dos outros. É um desastre humano!

Gostaria de apontar aqui três exigências para corrigir bem uma pessoa:

Nunca corrigir na frente dos outros.
Ao corrigir alguém, deve-se chamá-lo a sós, fechar a porta da sala ou do quarto, e conversar com firmeza, mas com polidez, sem gritos, ofensas e ameaças, pois este não é o caminho do amor. Não se pode humilhar a pessoa. Mesmo a criança pequena deve ser corrigida a sós para que não se sinta humilhada na frente dos irmãos ou amigos. Se for adulto, isso é mais importante ainda. Como é lamentável os pais ou patrões que gritam corrigindo seus filhos ou empregados na frente dos outros! Escolha um lugar adequado para corrigir a pessoa.

Gostaria de lembrar que a Igreja, como boa Mãe, garante-nos o sigilo da Confissão, de maneira extrema. Se o sacerdote revelar nosso pecado a alguém, ele pode ser punido com a pena máxima que a instituição criada por Cristo pode aplicar: a excomunhão. Isso para proteger a nossa intimidade e não permitir que a revelação de nossos erros nos humilhe. E nós? Como fazemos com os outros? Só o fato de você dar a privacidade à pessoa a ser corrigida, ao chamá-la a sós, ela já estará mais bem preparada para a correção a receber, sem odiá-lo.

Escolha o momento certo.
Não se pode chamar a atenção de alguém no momento em que a pessoa errada está cansada, nervosa ou indisposta. Espere o melhor momento, quando ela estiver calma. Os impulsivos e coléricos precisam se policiar muito nesses momentos porque provocam tragédias no relacionamento. Com o sangue quente derramam a bílis – às vezes mesmo com palavras suaves – sobre aquele que errou e provocam no interior deste uma ferida difícil de cicatrizar. Pessoas assim acabam ficando malvistas no seu meio. Pais e patrões não podem corrigir os filhos e subordinados dessa forma, gritando e ofendendo por causa do sangue quente. Espere, se eduque, conte até 10 dez, vá para fora, saia por um tempo da presença do que errou; não se lance afoito sobre o celular para o repreender “agora”. Repito: a correção não pode deixar de ser feita; a punição pode ser dada, mas tudo com jeito, com galhardia. Estamos tratando com gente e não com gado.

Use palavras corretas.
Muitas vezes, um "sim" dito de maneira errada é pior do que um "não" dito com jeito. Antes de corrigir alguém, saiba ouvi-lo no que errou; dê-lhe o direito de expor com detalhes e com tempo o que fez de errado, e por que fez aquilo errado. É comum que o pai, o patrão, o amigo, o colega, precipitados, cometam um grave erro e injustiça com o outro. O problema não é a correção a aplicar, mas o jeito de falar, sem ofender, sem magoar, sem humilhar, sem ferir a alma.

Eu era professor em uma faculdade, e um dos alunos veio me dizer que perdeu uma das provas e que não podia trazer atestado médico para justificar sua falta. Ter que fazer uma prova de segunda chamada, apenas para um aluno, me irritava. Então, eu lhe disse que não lhe daria outra prova. Quando ele insistiu, fui grosseiro com ele, até que ele pôde se explicar: "Professor, é que eu uso um olho de vidro e, no dia da sua prova, o meu olho de vidro caiu na pia e se quebrou; por isso eu não pude fazê-la". Fiquei com "cara de tacho" e lhe pedi mil desculpas.

Nunca me esqueci de uma correção que o meu pai nos deu quando meus oito irmãos e eu éramos ainda pequenos. De vez em quando nós nos escondíamos para fumar longe dele. Nossa casa tinha um quintal grande e um pequeno quarto no fundo; lá nós nos reuníamos para fumar.

Um dia, nosso pai nos pegou fumando; foi um desespero… Eu achei que ele fosse dar uma surra em cada um de nós; mas não, me lembro exatamente até hoje, depois de quase cinquenta anos, da bela lição que ele nos deu. Lembro-me bem: nos reuniu no meio do quintal, em círculo, depois pediu que lhe déssemos um cigarro; ele o pegou, acendeu-o, deu uma tragada e soprou a fumaça na unha do dedo polegar, fazendo pressão, com a boca quase fechada.

Em seguida, mostrou a cada um de nós a sua unha amarelada pela nicotina do cigarro. E começou perguntando: "Vocês sabem o que é isso amarelo? É veneno; é nicotina; isso vai para o pulmão de vocês e faz muito mal para a saúde. É isso que vocês querem?" Em seguida ele não disse mais nada; apenas disse que ele fumava quando era jovem, mas que deixou de fazê-lo para que nós não aprendêssemos algo errado com ele. Assim terminou a lição; não bateu em ninguém nem xingou ninguém; fomos embora. Hoje nenhum de meus irmãos fuma; e eu nunca me esqueci dessa lição. São Francisco de Sales, doutor da Igreja, dizia que "o que não se pode fazer por amor, não deve ser feito de outro jeito, porque não dá resultado". E se você magoou alguém corrigindo-o grosseiramente, peça-lhe perdão logo; é um dever de consciência

Felipe Aquino

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A vinda do Reino...

"Começa um novo tempo, ainda que não tenha acabado o ano..."

Estamos no ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de dois mil e dez! Antes de Cristo e depois de Cristo! Assim se referem as indicações históricas. Mesmo quem não acredita n'Ele continua datando os acontecimentos a partir do Seu nascimento. A Ele a honra e a glória, Aquele que é o primeiro e o último, o princípio e o fim, Alfa e Ômega. E nós cristãos consideramos ano litúrgico o tempo que vai do primeiro domingo do Advento à Solenidade de Cristo Rei. Começa um tempo novo, ainda que o calendário não tenha chegado ao dia trinta e um de dezembro. Quando janeiro vier, já estaremos imbuídos de uma nova mística, que vem do Alto!

A vinda do Reino, a realização da vontade do Pai e o reconhecimento da santidade de Seu nome se encontram presentes na oração mais perfeita, ensinada por Jesus, o Pai-Nosso. Temos em nós o desejo do infinito, o sonho da perfeição, para nunca nos saciarmos com algo que seja menos do que Deus. Sim, é o infinito do amor que nos atrai, para que caminhemos de perfeição em perfeição, até chegar à plenitude.

O Reino de Deus está presente no mundo sem que precisemos buscar sinais estrondosos de sua presença. Basta-nos olhar ao redor para descobrirmos os seus sinais. Um reino eterno e universal: reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz. Mas este Reino deve crescer e se implantar, para que Deus seja tudo em todos.

Jesus Cristo é Rei, mas não nos modelos do mundo. Nós O vemos diante de Pilatos proclamando Seu reinado, mas coroado de espinhos, dando a vida pela salvação de todos. Seu trono é a Cruz, na qual proclama decretos inusitados ao pedir ao Pai o perdão pelos próprios algozes ou ao anistiar o Bom Ladrão. De lá para cá, Seu trono-cruz foi plantado sobre colinas e dentro dos corações. Seu Reino se espalha silencioso, discreto e presente, contando com agentes que podem ser pobres ou ricos, de todas as raças, línguas e nações. Nosso olhar mais atento mostrará sinais de esperança e sadio otimismo.

A pregação de Jesus é o anúncio do Reino de Deus, uma verdadeira paixão que perpassa todas as Suas palavras. Reino que é comparado com plantas, rebanhos, histórias de pessoas e famílias transformadas em parábolas, para que as pessoas abram o coração e entendam o que Ele diz. Reino que já chegou e há de ser pedido na oração, misterioso! E mistério é algo que sempre pode ser um pouco mais compreendido, nunca se esgota!

Numa de Suas afirmações lapidares, o Senhor proclama “buscai o Reino de Deus e a sua justiça, e todas as coisas serão dadas por acréscimo” (cf. Mt 6,33). A atualização do Reino de Deus depende de nossa liberdade, pois se trata de uma forma nova de viver, que é proposta e não imposta. Àquelas pessoas que se deixarem provocar pelo Reino de Deus, a Igreja indica para estes dias de fim de ano um caminho de revisão de vida.

Que valores orientaram as decisões tomadas nos diversos âmbitos da vida pessoal e social? Em torno de nós floresceu o respeito à vida e à dignidade das pessoas? Vivemos para os outros ou cada um se interessou apenas por si mesmo, sem olhar ao redor? Nossos sonhos e projetos incluem o bem comum? E as perguntas podem ser muitas, conduzindo a novas decisões. Não precisaremos buscar adivinhos ou previsões futurológicas para vivermos o novo ano se vivermos bem cada momento presente, iluminados pelos valores do Reino de Deus. Cada surpresa será bem-vinda!

E o que fazer com as eventuais dificuldades que certamente aparecem pelas esquinas da vida? Elas serão transformadas em novas decisões pelo serviço a Deus e ao próximo, na divina alquimia do amor, lei suprema do Reino de Deus. O tempo do cristão não é apenas o correr inexorável do relógio, mas oportunidade (Kairós!), nova chance oferecida pela Providência Divina. E venha o Reino de Deus e a sua justiça!

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA